Conflito
Era uma segunda de manhã. Luís tinha acabado de acordar e pensava em uma estratégia para resgatar Hermeto. Não poderia ser um ataque conjunto, posto que fora feito refém e, assim sendo, suscetível aos caprichos e gostos de seus sequestradores. Teria que ser preciso para evitar maiores danos, ou uma guerra que não deveria ter, justamente por ter acabado de sair do hospital.
Todavia, Luís contava com um trunfo, escondido a sete chaves. Há alguns dias, em uma visita a Letícia, Luis havia colocado no café de Hermeto, um microchip para que ele engolisse e, dessa forma, permitisse a ele rastrear os seus passos. Tudo no maior segredo, visto que Letícia não suspeitava de Horácio como Luís acreditava. Seria uma forma de manter contato e observá-lo ao mesmo tempo.
E assim o foi. Com a localização do chip ativa, Luís pôde localizar Hermeto com facilidade. Com isso, também teve condições de determinar quantas pessoas o acompanhavam, uma vez que localizado o local, era só acionar um mapeamento de calor da região. Mais uma vez a tecnologia auxiliando no combate aos crimes.
Segundo o mapa, Hermeto estava cercado por 5 pessoas. Não era uma equipe tão grande, de modo que, Luís poderia contornar essa situação com relativa tranquilidade. Para tanto, acionou Ana, acostumada em situações de confronto para auxiliá-lo no processo. Não que fizesse tanta questão de recuperar Hermeto, mas desde o sequestro se sentia mais perto do seu algoz, mapeando possíveis esconderijos e novos chefões do crime que habitavam a região. Sem querer, Hermeto havia revelado o "mapa da mina" para Luís, dando mais um motivo para o seu resgate.
Enquanto negociava com os sequestradores, Luís armava uma situação de infiltração e resgate, certo de que eles não seriam tão bem preparados para isso. Para tanto, marcou um encontro com o "amigo" de Hermeto para pagar o resgate, enquanto armava o seu resgate. Não era a primeira vez que fazia, mas era um das poucas em que não tinha motivação para tanto. Enfim, ossos do ofício.
No local determinado, encontrou com o negociador, com pouca disposição para prosa:
- Trouxe o meu dinheiro?
- Estão aqui nesses sacos. Onde está Hermeto?
- Está seguro, só irei liberá-lo após ter certeza de que estou com todo o meu dinheiro.
- Bem, aí está.
- Ok, vamos contar.
- Sério, que você vai contar tanta grana assim?
- É claro. Precaução nunca e demais.
Contudo, Luís armou uma cilada para ele. Confeccionou várias notas, levemente falsas, para compor o resgate. Não iria entregar tanta grana para um resgate, cujas rédeas, pensava controlar.
Para sua infelicidade, seu sequestrador também havia se precavido. Ao sinal de quaisquer invasões, foi dada a ordem para bater e machucar em Hermeto, como um sinal de aviso e, na sequência avisá-lo. Não tardou para que recebesse esse recado, e ser informado dos conflitos na região. Entre conflitos de faca e lutas corpóreas 3 dos seus capangas haviam caído, sobrando somente 2 diante de 7 capangas de Ana. Um com uma faca no pescoço de Hermeto, agora, ensanguentado com múltiplos machucados no rosto, enquanto tentava pedir ajuda. Tudo aquilo deixava enfurecido seu chefe, que tentava entender como pôde cair em uma cilada como aquela. Diante de tudo isso, e com os olhos focados em Luís, retrucou:
- Você é um tremendo filho da puta! Armou tudo isso! Mas, não vai ficar assim, ô Junin!
- Fala patrão!
- Matem-no!
Seria esse o fim de Hermeto?
O andarilho