Havia me desligado da corporação há cerca de 08 anos, alguns bicos aqui outos ali, preciso me virar. Certos convites nos levam à hesitação. Porém, minha vida profissional restringiu-se ao estrito cumprimento do dever legal, saí por não aceitar "esquemas" e ser mais um bode expiatório. Tudo bem, me viro, meu pai sempre me disse para enfrentar a vida: -"porque el miedo paraliza". Trabalho atualmente numa empresa de segurança que abastece caixas eletrônicos guardando volumosa quantia de dinheiro em sua sede geral. Fui acionado para dobrar o serviço, existem rumores quanto à possibilidade de a empresa ser assaltada. Então os mais experientes como eu, têm sido mais requisitados a dobrar. 04:00 da manhã Claudionor, chefe geral da segurança anuncia: - Metade do pessoal pode ir pra casa, ficamos eu Pérez e Eliomar. Sou filho de Peruano com Brasileira. Tudo certo, acho que vou até cochilar, pois nada acontece. Às 07:00, os cães latem... Eliomar olha os vídeos de monitoramento, e visualiza apenas um mendigo recostado ao portão pelo lado de fora. Abre uma portinhola lateral e pede para que o homem se afaste, o mesmo não o faz. Imediatamente uma carreta abalroa a entrada derrubando-a. Alguns homens de fuzis descem atirando. Eliomar que já estava caído, sucumbe aos tiros. Eu que urinava no banheiro, agacho, posso ver, então, Claudionor acenar amistosamente para os invasores. Finalmente eu, Deus e um bando de marginais fortemente armados. Conto as balas na .380, apenas 13 tiros. Claudionor grita incessantemente meu nome, não respondo, deixo-os pensar que morri. Os vagabundos esvaziam o cofre, ao fim da ação, combinadamente, dão um golpe na cabeça de Claudionor, que de fato desmaia. Quando então saio do banheiro e disparo dois tiros em direção ao motorista do bando que tenta evadir com o produto do roubo. O primeiro erro, o segundo entretanto, acerta-lhe a têmpora, o caminhão desgoverna e colide junto a saída. Os bandidos saem atirando em minha direção, resisto com os poucos cartuchos que possuo. Quando esses terminam, prestes a me dar por vencido, escuto o doce soar de uma sirene junto ao portão.

Niterói, 29/12/19.

Revisão: MHCC