A DOR DOS INOCENTES

Um juiz condenou uma pessoas por ter estuprado uma criança de 3 anos. Esta pessoa afirmava categoricamente que nunca praticou tal crime. Era daquele tipo que sempre ao passar pela igreja, fazia o sinal da cruz.

A cidade até o julgamento estava inquieta, alguns falavam inclusive em linchar o homem preso. Ao final do julgamento, muitos agradeciam até a Deus, pela justiça feita.

Na família da criança, seu irmão mais velho se fechava num silêncio regado por lágrimas e, pairava no ar dos demais, um misto de tristeza com alívio de ver o grande bandido condenado.

O homem preso trabalhava na casa da criança há mais de 10 anos, na verdade, ninguém nunca imaginou que ele fosse capaz de tal ato, já que ele demonstrava ser tão apegado a vítima.

A família do condenado teve que mudar da cidade, pois estavam sendo hostilizados em todos os locais por onde andavam. Sua esposa e família o abandonaram, pois, nunca imaginaram que aquele homem, até então, considerado como um grande exemplo de pessoa, pudesse ter cometido um ato de tamanha crueldade.

Cinco anos se passaram quando, num belo dia, um jovem de 18 anos, irmão da criança que tinha sido estuprada, entra na delegacia com um semblante sisudo, os olhos cheios de lágrimas e um celular na mão. Ele procura o delegado de plantão, tenta se acalmar e, tremendo, sem ainda conseguir falar, mostra um vídeo um tanto confuso.

Sem entender do que se tratava, o delegado olha com muita paciência e percebe que se tratava de um estupro de uma criança.

O rapaz criou forças e disse repetidamente:

_ Vocês prenderam o homem errado, vocês prenderam o homem errado, Vocês prenderam o homem errado!!

O vídeo não deixava dúvidas de quem era o verdadeiro estuprador, era seu próprio pai.

Ele estava por perto quando viu a cena, começou a filmar sem ser visto, foi a única iniciativa que ele teve coragem de realizar.

Guardou esta prova por todos esses anos, com medo do pai, que era um homem sinistro e muito grosseiro.

A coragem veio quando ele presenciou o pai batendo em sua mãe mais uma vez.

Por fim, depois de muitos esclarecimentos, o pai dos jovens foi preso, e o inocente, que teve sua vida destroçada, foi libertado da cadeia.

O resto do que sobrou daquele homem injustiçado, caminhou pelas ruas de uma cidade que, ao saber do ocorrido, parecia fantasma.

Ele foi até a igreja, que naquele momento estava fechada, parou em frente e fixou seu olhar na cruz que se erguia do cruzeiro.

Baixinho ele falou:

_ E agora, como devo proceder? Fui abandonado por minha família que foi expulsa da cidade pelas pessoas ditas direitas, decentes, nobres, crentes, sérias, positivas, honestas e religiosas.

Se me permite eu queria perguntar ao senhor se é esse tipo de gente que o senhor abriga no seu paraíso, se são essas as pessoas que são cobertas pelo seu manto santo.

Pois, se assim o for, me faça um favor, me deixa ir para o inferno, pois lá encontrarei pessoas sinceras, que não escondem o mal que praticam e o Satanás, não beija ninguém antes de machucar, ele é cruel e pronto.

Ele virou, sem mais fazer o sinal da cruz, e saiu caminhando de cabeça baixa, pelas ruas que exalavam o odor dos filhos de Deus, filhos hipócritas!