Recordações

- Olá, bom dia, tudo bem com vocês?

- O, o Oi, moço. Tudo bem. E com o senhor?

- Tudo bem, também. Eu gostaria de saber se poderia conversar um pouquinho com vocês hoje, pode ser?

- Cla.. claro. O que a gente puder ajudar o senhor.

- Maravilha! Pra começar, Amélia como foi a abordagem da Paula, ela já veio entrando com vocês?

- Ah, ela veio conversando assim que viu a gente com as compras do mercado, já oferecendo ajuda.

- Assim, do nada?

- Sim, sim.

- E vocês não acharam estranho?

- Como assim?

- Assim, alguém vir do nada e já bancar a gentileza em auxiliar uma completa estranha...

- Hmm... é agora que você falou, soa estranho mesmo...

- Mas na hora não foi?

- Não, não foi. É porque assim moço, a gente carrega muita coisa de feira pra casa que quando vem uma ajuda, a gente até pode estranhar, mas fica feliz quando acontece, né?

- Sim, sim, compreendo. Então, vamos ao momento posterior à entrada no apartamento. Como ela conseguiu imobilizar vocês?

- Então, depois que a gente entrou no apartamento, eu lembro de servir um café pra ela e um suco pra minha filha e, de repente...

- De repente...

- Fui ficando zonza e com sono e quando dei por mim, já estava amarrada.

- E sua filha também?

- Sim, foi tudo muito rápido.

- Hmm interessante... E depois que vocês estavam imobilizadas, o que ela fez?

- Ela começou a dizer que nós deveríamos ser felizes, porque iríamos morrer juntas... E daí davas uns tapas em nós... (algumas lágrimas caem)

- Está tudo bem... Leve o tempo que achar necessário...

- Então, depois que ela deu os tapas, o que mais ela fez?

- Ela parou, porque a campainha tocou e nos deixou no armário, aí só saímos quando a polícia chegou.

- Ah, então não fez muita coisa, além do que eu imaginava.

- Isso, é só o que eu sei moço.

- Já me ajuda bastante, dona. Sei que é difícil falar agora, mas estamos buscando o outro criminoso, então qualquer informação é válida nesse momento.

- Fico feliz em ajudar e boa sorte na investigação.

- Obrigado e um bom descanso para vocês.

Embora mais aliviado, Luís ainda não se sentia bem com o caso, visto que só via uma das partes do quebra-cabeça, afinal não fazia ideia de como encontrar o "mestre" de Paula. Pensava em colocar notícias falsas na tv para atraí-lo ou então fazer alguma matéria com família tradicionais na região para atrair a sua atenção, mas nada disso o convencia por completo. Se esse psicopata fosse tão frio quanto imaginava, basicamente daria de ombros para essas provocações. O jeito seria seguir seu instinto e selecionar dentre as famílias da região, aquelas que poderiam ser mais "convidativas" a uma visita dele. Como iria divulgar isso, seriam mais 500...

No frigir dos ovos, era preciso parar para agrupar as informações fornecidas por Paula e por suas vítimas e ver quais os pontos em comum e como isso poderia corroborar para pegar o outro psicopata. Sabia que isso iria dar um trabalho enorme, então decidiu pegar uma cerveja para se animar.

Passados alguns meses, Horácio se encontrava na rodoviária da cidade, pronto para partir, quando escuta uma conversa de telefone de um homem dizendo que ia ser pai. Por curiosidade, ouviu até o fim, quando o homem agradeceu a mulher e disse que iria ao hospital, mesmo contra a vontade dela, Júlia. Achava aquele nome familiar, posto que recordava a irmã de uma mulher que conhecera tempos atrás... Como estava sem pressa de partir, decidiu seguir o cidadão para ver se suas recordações estavam certas. Sinal de confusão à vista?

O Andarilho

Rousseau e o Andarilho
Enviado por Rousseau e o Andarilho em 22/10/2019
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