Abram-se as cortinas
Era chegado o dia do encontro esperado. Camuflados atentos pelas cafeterias e bairros da região. Alguns acompanhados por livros; outros, por computadores, revistas e por aí vai. Todos representando a maior casualidade possível diante de um ser desconhecido, que vem acabando com a paz de muitas famílias. Um assassino sem história e nem assinatura dos crimes até o momento. Algo que certamente, despertaria a curiosidade de muitos investigadores e jornalistas...
Assim, começou essa trajetória. Todavia, por uma manhã inteira, nada de anormal aconteceu: pessoas entrando, pedindo seus pedidos, seja para viagem, seja para comer ali mesmo. Às vezes, alguns sorrisos em agradecimento ou apenas por boa educação. Outras tantas, somente uma cara fechada, apressada para chegar ao trabalho como em tantos outros dias, parecia que nada aconteceria naquele dia. Mas...
Lá pelas 16h da tarde, uma mulher entrou na cafeteria, usando luvas pretas, uma calça jeans, blusa azul e botas pretas. Fora a primeira a utilizar luvas, que adentrou a cafeteria naquele dia, o que mobilizou a atenção dos infiltrados para o seu comportamento. Foi até o caixa, fez o seu pedido e sorriu enquanto aguardava. Decidira comer ali mesmo, aparentemente sem pressa, levando as suspeitas dela ser o assassino a baixarem consideravelmente. Todavia, carregava consigo um mapa da cidade, o qual mirava enquanto comia. Sua atenção recaía, sobretudo naquela região onde estava. Olhos atentos passavam os dedos pelos bairros com maior número, conforme a pesquisa prévia de Luís indicara anteriormente. Terminado o seu lanche, saiu. Bingo, temos um assassino?
Os olhares seguiram, atentos, os passos da bela mulher que saia andando sem muitas preocupações. Andou cerca de 6 quadras até adentrar um prédio verde. Entrou, subiu 2 lances de escada e parecia que entraria no seu apartamento, mas ao ver uma mulher carregando um carrinho de compras ao lado de seu filho, decidiu auxiliá-la.
- Olá, você precisa de ajuda?
- Não, não está tudo bem.
- Tem certeza, parecem ser muitas compras para uma pessoa só carregar...
- Ah, não precisa, meu filho Hélio vai me ajudar, né filho?
A criança concorda com a cabeça, todavia isso não impede a insistência da mulher, que, apesar de não ser agressiva no processo, começou a auxiliar ao recolher um dos pacotes que caíram no chão dos carrinhos de feira. A moça sem reação, apenas agradeceu.
- Ah, muito obrigada pela ajuda, gostaria de entrar para tomar um café?
- Claro, eu adoraria.
- Você mora aqui na região há muito tempo?
- Ah, estou recém-chegada e acho ótimo conhecer os vizinhos, sempre bom ver famílias na região.
- Compreendo, não repara a bagunça que ainda não fiz faxina.
- Ah, imagina o café tá ótimo, mas me conta mais de você. São só vocês dois?
Interagindo em uma conversa aparentemente casual, a moça parecia contente em conhecer os novos vizinhos, mas próximo ali, Luiz se aproximava, observando os seus movimentos ao longe, enquanto escutava a movimentação por uma das escutas que instalara no prédio. Sentia uma certa familiaridade naquela mulher, algo que o deixava inquieto. Inquietude que aumentou ao ouvir um grito, vindo de dentro do prédio. Seria um assassinato?
O Andarilho