Vá para estrada, Luís!
- Você é sempre pontual assim ou foi só comigo?
- Você é sempre rude assim?
- Sério que você vai brigar com o seu chefe?
- Eu sou autônomo. Ter chefe não é algo rotineiro pra mim...
- É, mas pra esse caso vai ser, então seja mais coerente com a hierarquia. Os vencimentos serão compatíveis com o seu desempenho.
- Agora, você falou uma linguagem que me apetece. Então vamos aos negócios, o que você tem pra mim?
- Bem, vejamos. Esse é o nosso homicida, o senhor S.
- Certo, e qual o padrão dele até agora?
- Ele já matou cerca de 40 pessoas nos últimos 6 meses. Mas com um padrão incomum: mata muitas pessoas em 1 mês e depois sumiu, reaparecendo agora 5 meses depois.
- Hmm interessante... E onde ele atua geralmente?
- Parece ter algum interesse em agir próximo a cafeterias ou lanchonete sempre em fins de tarde.
- Quando o sol está se pondo?
- Exatamente. Tem alguma ideia?
- Estou elaborando algumas teorias...
- Tipo?
- Quais as vítimas preferenciais dele? Homens, mulheres?
- Ele costuma matar qualquer pessoa no seu caminho, seja homens, mulheres, crianças, idosos...
- Independente do gênero e da idade?
- Isso.
- Mas ele costuma matar todas as pessoas das casas que vai?
- Sim.
- Então, ele mata famílias inteiras?
- Exatamente. Como você deduziu isso?
- É um padrão, ato clássico dos assassinos seriais. Precisam seguir uma rotina para deixar a sua marca. Nesse caso, ele mata família inteiras, o que me leva a presumir que só ataca casas com mais de uma pessoa.
- Bem que me disseram que você era diferenciado...
- Só faço o meu trabalho, senhor.
- Justo. Sabe alguma pista de como pegá-lo?
- Quando foi a última aparição dele mesmo?
- Há cerca de um mês atrás. Suspeitamos que irá agir novamente e nessa cidade.
- Precisamos mapear as cafeterias, então para ter uma noção do que fazer. Tem alguma foto da cena do crime? E dos arredores?
- Sim, aqui estão.
Luís olhou as fotos com bastante atenção e percebeu que, na maioria das fotos, as cafeterias apresentavam uma natureza rústica, velhas, como se todas necessitassem de uma reforma, o que o levou a pensar em uma preferência pelo ataque à família tradicionais e longevas nos locais.
- Por essas imagens, eu sugiro que desloquemos a nossa força-tarefa para dois locais: A cafeteria San Gennaro e a Cafeteria da Larissa, são duas cafeterias antigas, iniciadas pelos chefes da família há mais de 50 anos. Já gozam de prestígio entre os moradores e os vizinhos que conversam sobre as mesas nas praças da cidade.
- De fato, aquelas regiões são muito bem povoadas, mas a maioria são estudantes e trabalhadores liberais que moram ali não?
- Há muitas famílias também, sobretudo agora que inaugurou uma escola e um hospital nos arredores. Seria um local perfeito para o assassino "dar as caras"...
- Compreendo. Em quantos dias você consegue deslocar sua equipe para essa região?
- Precisarei de uns três dias.
- Ok, creio que é um prazo razoável.
- Tem alguma pista do paradeiro dele?
- Uma família foi morta em uma cidade ao sul daqui, que fica a 15 horas de distância.
- Nossa! Então ele está muito perto.
- Sim, é que nos cremos também.
- E você sabe me dizer o perfil dele?
- Pelo o que os nossos agentes conseguiram apurar, se trata de um rapaz alto, magro, na casa dos seus 20 e tantos anos, que costuma andar com um mala preta na região dos acidentes.
- Compreendo... bem irei cuidar, pois há muito o que se fazer.
- Correto, aguarde um segundo que o delegado Sebastião irá acompanhá-lo nessa investigação.
- Eu não preciso de ajuda pra isso.
- Isso não foi um pedido.
- ...
- Sebastião, pode vir aqui por um segundo? Jacó, esse é Leandro, irá assessorá-lo no caso.
- Luís, não Leandro, senhor.
- Pra mim, vocês são todos iguais. Resolva o caso que lembrarei do seu nome.
- Tá ok. Providenciarei para que não me esqueça mais.
- Quero só ver. Irei resolver outras pendências aqui, até logo.
- Até. Então Sebastião, conte-me qual o grande porém desse caso?
- Em que sentido?
- Qual foi o nó que vocês não conseguiram desatar para prender esse "destruidor de lares"?
- Ah sim. Creio que seja alguém próximo ao Senhor Jacó, pois toda vez que chegamos perto de uma resolução, ele atrapalha que fechemos o caso.
- Interessante, e de quem vocês suspeitam?
- Temos 2 suspeitos, um aquele que ele te falou o Sr S., que já apareceu na região e o outro seria o sobrinho dele, o jovem Nicolas, sempre acompanhado de uma mochila preta e calças, e curioso para saber do andamento dos casos.
- Humm e onde posso achar esse jovem?
- Ele reside atualmente com o Senhor Jacó e faz faculdade pela noite em Notre Cite, no estado vizinho daqui.
- Então teria que esperá-lo "agir".
- Precisamente.
- Certo, certo, você foi de grande ajuda, Sebastião. Creio que nos falaremos bastante ao longo desse caso.
- À disposição.
Ciente das informações postas e da urgência do caso, Luís retornou a estação para conversar o delegado, explicar o caso e colocar as equipes nas redondezas, especialmente à paisana para observar quaisquer sujeitos de malas pretas e atitudes incomuns. Embora, sua intuição apontasse para Nicolas como principal suspeito e o senhor S como um álibi elaborado por Jacó para livrar a cara do sobrinho. De todo modo, precisava estar preparado, afinal o pagamento para esse caso seria volumoso o bastante para dar-lhe umas férias bem merecidas. Diante da importância de tal situação, decidiu entrar com a melhor especialista que conhecia para posicionar "infiltrados" dentro os disfarçados da polícia.
- Ana?
- Quê?
- Preciso dos seus préstimos novamente.
- 15% ou nada feito.
- É o quê?
- É a crise, Luís. É pegar ou largar.
- 10%
- 15%
- 12% por cento e ainda te pago um jantar.
- Ai... vai, porque hoje tô de bom humor. Qual a bronca?
- Uma cilada para um assassino serial. Consegue fazer?
- Hmm, melhor do que o outro caso da tua amiga.
- E ai topa?
- Hmm, vem pra estrada, Luís, aqui em casa, a gente conversa.
O Andarilho