Os Segredos da Rua Baker 3: 26- Três Holmes
As três Holmes sentadas no pub bebendo mostrava claramente a calmaria antes da tempestade. Elas conversavam sobre o futuro noivado da Alex com sua recente namorada.
-Jasmine, definitivamente, poderia conseguir coisa melhor. – Irene falava entre pequenos goles.
-Como quem, prima querida? Você?
-Por que não? Eu sou bem melhor!
-Qual é irmã, você já tem o John. Por que iria querer a noiva da Alex também?
-Eu não quero. É só muito engraçado vê como a nossa adorável prima fica nervosa com a possibilidade de eu querer algo com a Jasmine. O seu relacionamento é tão frágil assim? Ou, simplesmente, a Jasmine tem uma queda por mim?
-Oh, cala a boca. Minha futura noiva nunca iria cair na sua, Irene.
Elas riam, bebiam, conversavam sobre assuntos aleatórios... Como se nada mais importasse; como se elas tivessem uma vida normal. Uma vida como a de qualquer outra pessoa que não é da família Holmes.
Entretanto, Alex teve de trazê-las de volta a realidade.
-Temos de conversar sobre a nova estratégia.
-O que quer dizer? – Irene perguntou.
-Você sabe.
-Não. Pense novamente.
-Do que vocês estão falando? – Questionou Diana.
Irene e Alex se encaravam como lutadores em um ringue. Alex tinha certeza que seu plano era inevitável, mas Irene preferia buscar por algo mais seguro. Enquanto isso, Diana as observava em silêncio.
-Irene, é o único caminho.
-Eu já disse não. Lembre-se, Alex, eu ainda sou a Mestre e você tem de me obedecer sem contestar. –Ela levantou tomando o restante do líquido do seu copo. - Não se preocupem com a conta.
Depois de elas serem deixadas sozinhas, Diana buscava por respostas.
-Ok. Pode explicar?
-John não conseguirá escapar das garras da Zoe. O inspetor é o tendão de Aquiles da sua irmã. Chegamos ao ponto onde todos já enxergam isso.
-Qual o seu plano?
-Mais cedo ou mais tarde, Zoe irá prendê-lo em seu labirinto e alguém irá morrer. Ela nunca mataria Irene, pois Sigerson não permite. Minha ideia seria infiltrar vários dos nossos homens, fingir o assassinato da mãe do inspetor pelas mãos da Irene e assim conseguiríamos tirá-lo do país com mais facilidade.
-Ele iria odiar a Irene e por isso aceitaria ir pra longe.
-Esse é, também, o motivo dela negar o plano. Você precisa convencê-la, Diana. É o único jeito de todos saírem ilesos.
-Farei o meu melhor.
***
Irene entrou na 221B em busca de alguns frascos, pois iria trocá-los por outro dispositivo localizador igual ao dela. Porém, esse seria para o John. Ele ainda não sabia a respeito, mas como ela tinha certeza que o inspetor nunca sairia do lado dela por livre e espontânea vontade, então era melhor manter a localização dele sempre a sua disposição.
Ela tirava alguns livros do lugar quando a porta da rua se abriu; pelos passos Irene já tinha noção de quem seria.
-Oi... Fi-filha!
-Eu dei minha palavra ao Sherlock de não chegar perto de você. -Ela se virou para encarar a mãe. -O que faz aqui, Lilian?
-E-eu... Eu precisava pedir desculpas. – Lilian mexia continuamente nas mãos.
-Pelo que, exatamente? Estregar todos os meus passos pra Zoe? Mentir na minha cara várias vezes para proteger aquela vadia? – Lilian cerra os punhos ao xingamento e Irene sorri com desprezo. – O que? Não gosta que eu chame sua filhinha de vadia?
-Ela não é minha filhinha. Você é minha filha. Mas... Você precisa entender... A Zoe... Ela passou por tanta coisa. O Sigerson é um homem terrível. Sempre a humilhando, espancando... O seu tio a fez acreditar que pertence a ele.
-O meu tio. Todo o escárnio na sua voz ao dizer isso. Você me culpa pelo sofrimento dela. Talvez esteja certa, Lilian, mas isso não significa que a deixarei livre de punições.
-Você fala dela ou de mim?
-As duas. – Uma mensagem chega ao celular da Irene informando sobre o sumiço do John, ela o coloca de volta no bolso. – É por isso que veio... Para me distrair. Saiba, Lilian, seja lá o que for que ela faça com o John, eu farei com você.
Irene ia se afastar, mas a mãe a segurou pelo braço.
-NÃO! Você nunca machucaria a sua própria mãe.
-CALA A BOCA! – Irene se soltou. – Minha mãe morreu anos atrás. No entanto, você está certa. Eu nunca faria nada com você, pois afetaria a minha irmã.
-Irene, desculpa, por favor, me desculpa. – Lilian parecia um polvo, por mais que Irene tentasse se sair, ela sempre tinha um braço a segurando.
-Merda, Lilian, me larga! Não me faça ter de te machucar.
-Você é minha filha, Irene. Ela não. – Lilian tinha um olhar diferente, suplicante, amedrontado. – Você é minha pequena heroína. Lembra quando comecei a te chamar assim?
-Quando ajudei um menino que apanhava de garotos mais velhos.
-Você era tão pequena, mas já tão corajosa. Como eu te disse naquela época... Os heróis não são pessoas com uma força irreal ou visão de raios x. – Ela colocou as mãos no rosto da filha. – Ser um herói é vê alguém tirando vantagem de um ser mais fraco e fazer algo a respeito. É se importar com as pessoas.
-Você está errada. Não me importo com as pessoas. O enigma é o que faz continuar.
-Oh, meu doce, você sempre se importa. Mesmo quando suprime as emoções para ser mais racional, assim como seu pai lhe ensinou. – Irene percebeu um tipo de nuvem negra retornando aos seus olhos de sua mãe. – Qualquer coisa que esteja acontecendo com o seu amigo, faça algo por mim, não seja tão dura com a Zoe.
-Pelo amor de Deus! – Irene se livra violentamente do toque na mãe. – Escuta aqui, Lilian, eu sei que seu sequestro foi traumático, você deve ter vivido horrores impensáveis entre ser mantida presa e ser entregue pelo Sigerson para ser o fantoche da Zoe. Eu sei que foi tudo minha culpa. Foi só uma tentativa de me fazer não ter nenhum outro parente e acabar sendo criada por ele, mas, por favor, por favor, apenas continua com o teu tratamento para acabar com essa irritante lavagem cerebral e se aí dentro, em algum lugar, ainda tem um grão de areia de sentimento por mim, como sua filha, eu te peço... Eu te imploro Lilian, apenas me esquece.
Ao descer as escadas Sherlock vinha entrando na casa, mas Irene sequer lhe deu uma olhada. Já do lado de fora, ela reclamou sozinha de ter prometido nunca matar a Zoe, mas como poderia precisar da lealdade daquele senhor era melhor manter a palavra.