Vaza!
Passados 10 dias desde o encontro com Ana, Letícia ainda não tinha notícias sobre a investigação feita sobre a rotina de seu cunhado. Estava preocupada, pois além de carregar o sentimento de revolta com a violência sofrida por sua irmã, ainda tinha que manter seu plano "em segredo" dela, uma vez que soube da gravidez da irmã, que, apesar de tudo, ainda amava o marido. Sentia vontade de explodir e quebrar tudo ao seu redor, e, antes que fosse da imaginação ao ato, decidiu ligar para Luís.
- Alguma novidade?
- Boa tarde pra você, também.
- Anda, deixa de enrolar!
- Sim, tenho novidades do assunto.
- Ótimo, estou indo aí!
- Quê? Não, espera...
- Você está em casa?
- Sim, mas...
- Então, aguarda que já chamei o uber.
- Aff... tá...
Vinte minutos depois, estava Letícia de tipoia e na porta da casa de Luís, que, apesar de surpreso pela pressa e presença de sua amiga, não poderia deixar de sentir um certo "deja vu" por aquele momento...
- Então?
- Entra e senta que eu vou fazer um café pra gente.
- Eu não quero café, eu quero notícias!
- É, mas eu quero café e acho que seria uma boa pra ti também, então sente e aguarde.
- Ta...
- Ah! Nada como um bom café quente pra relaxar.
- Você poderia, por favor, me falar agora as novidades!
- E olha só, aquela veia ta quase explodindo ali.
- Luís...
- Ta, ta, vamos aos negócios. Após observar e acompanhar a rotina de Hermeto por 10 dias, Ana percebeu que em 80% do tempo, ela segue um padrão, casa, trabalho e no fim de semana, bar. Não foge muito disso.
- E a relação dele com a minha irmã?
- Nos 3 primeiros dias, havia muita animosidade entre ele e ela, incorrendo em gritos e ocasionalmente, alguns tapas. Todavia, no 4o dia, Hermeto parou com as agressões e começou a trata-lá como, de fato, uma esposa merece, sendo carinhoso e comprando presentes, o que mobilizou a continuar a observação.
- Será que..
- O que foi?
- Não, é que eu soube da gravidez da minha irmã, creio que isso influenciou o comportamento dele, então...
- Era uma das hipóteses que Ana tinha levantado e, diante de tua fala, agora sabemos ser realidade.
- Mas, isso não quer dizer que o caso foi fechado. Ou seria?
- De maneira alguma, pequena gafanhoto. Para a boa investigadora como Ana, isso apenas atrai mais a atenção, afinal pode ser apenas uma distração momentânea...
- Ah, perfeito!
- E justamente essa "inquietude" que a levou a perceber uma mudança nas atitudes de Hermeto lá por volta dos últimos dias.
- Ele voltou a agredi-la?
- Sim, mas não fisicamente. Ele passou a gritar com ela e tratá-la com desrespeito tal qual você descreveu anteriormente.
- Que filho da...
- Daí, após essa fase de finalização, Ana decidiu armar uma emboscada pra pegá-lo fora de casa.
- Ótimo, quero participar.
- Err.. não vai rolar, gata.
- Ora, por que? Esse cretino está esculhambando com a vida da minha irmã! Mas que justo que eu faça justiça!
- Eu sei... eu sei... Justamente por isso que você não deve ir...
- Você está com medo que eu sabote a operação?
- Não é isso... Foi ela quem pediu pra manter sigilo...
- Isso não é justo!
- Toda essa situação não é. Por isso que lutamos para mudá-la...
- Ai que ódio! Enfim, quando será essa emboscada?
- Ainda não tem uma data definida. Mas não vai demorar muito.
- Sei... fique você sabendo que eu continuarei ligando pra você toda semana pra saber se agiram viu?
- Ta, ta, mas confie na Ana, vá?
- Eu confio em você, serve?
- Serve, agora vaza porque eu preciso trabalhar.
- Você pode me responder pelo menos uma última pergunta?
- Qual?
- Ele tem tanto apoio assim?
- Sim, mas não é imbatível.
- Bem, menos mal. Até a próxima, Luís.
- Até.
Assim, que a porta fechou, Luís ligou para a Ana, pois queria confirmar quando seria essa emboscada e de como iriam executar esse golpe.
- Alô, Ana?
- Diz, Luís.
- Tudo certo para a Operação Anaconda?
- Claro que sim, reunirei a equipe e daqui a vinte dias, faremos a emboscada.
- Maravilha! Esse miserável não perde por esperar!
- Vai ser uma operação inesquecível...
O andarilho