"PREFEITO DO POVO"

Nas escolas, sempre tem um aluno no estilo líder, organiza eventos, e sempre está à frente de tudo em sala de aula e às vezes na escola inteira. Assim é a história desde rapaz de apelido “dedinho”. Ele liderava greves, falava muito, embora enrolasse um pouco a língua em algumas palavras, o mesmo não era bom leitor e, portanto, escrevia e falava com péssima qualidade, mas era brigão e persuasivo e com tais qualidades, virou líder nato.

O jovem “dedinho”, cresceu e tornou-se um homem conhecido na sua cidade e era muito querido pelas pessoas, pois era esforçado e tinha uma história de superação na vida, era de família simples, ou seja, era pobre.

Após muitas lutas, entrou para a política e tornou-se prefeito da cidade. Nunca tinha visto tanto dinheiro em sua vida e parece que isso adoeceu um pouco o seu caráter. Então se aproveitou do cargo para tirar vantagens, mas o fez de forma a não perder a simpatia e a confiança do povo.

Ele sempre promovia festas onde sorteava grandes prêmios para a população de baixa renda: geladeiras, fogões, carros, motos, bicicletas para as crianças; cestas básicas, etc. O povo o carregava nos braços, mas o dinheiro gasto era do próprio povo e de onde era retirado? Da verba da saúde, da educação, do esporte, etc.

Criou uma ajuda de custo para as famílias carentes que eram cadastradas pela prefeitura, embora a verba fosse insuficiente, mas “dedinho” só pensava nele próprio e o povo, iludido, sempre achava que ele agia pensando neles, era um “herói”.

O prefeito “dedinho” sabia que mais tarde a prefeitura iria “estourar”, mas nem se preocupou com isso e dizia: essa “bomba” vai ficar para outros prefeitos e para esse povo.

Ele também cedia espaços em propriedades da prefeitura em troca de benefícios próprios, ganhava casas luxuosas e reformas... Dava isenção de impostos para grandes empresas em troca de favores financeiros, mas o povo não entendia nada disso, era um povo simples, a maioria, era analfabeto e amava o prefeito “dedinho”.

O homem ficava cada vez mais rico. Propriedades em nome de laranjas e a prefeitura entrando numa crise sem precedente: os trabalhadores com salários atrasados com mais de três meses, a saúde do município estava um caos e as ruas da cidade, abandonadas, mas o homem calava o povo com presentes e um pouquinho de dinheiro, uma “merreca”.

Até que alguns indignados começaram a levantar a voz e a “coisa” começou a ser investigada. “Dedinho” agora estava em “maus lençóis”, tudo poderia desmoronar. O povo, enfim, iria descobrir quem ele realmente é, as suas falsas “boas intenções” e ele estaria acabado.

“Dedinho” se apegou com o seu advogado que o orientou a negar tudo, obviamente. “Dedinho” não viu nada, não fez nada, não sabe de nada. Tudo isso é uma calúnia contra mim, dizia ele. É tudo coisa de adversário político, é perseguição! Sou um homem do povo, sou honesto, sou um homem de bem! Perguntem para o povo... Gritava “dedinho” na sala do Juiz. Mas a justiça precisava ser feita e as provas contra ele eram contundentes, apontando todas as suas falcatruas, mas lá fora, o povo gritava:

-“Dedinho” livre! Ele ama o povo e o povo também o ama! “Dedinho” livre já!

- Ele é inocente!

O tempo passou, as investigações foram concluídas e a condenação se tornou inevitável. Enfim, “dedinho” foi preso e o povo ainda grita por liberdade. A prefeitura caindo aos pedaços, o novo prefeito tentando levantá-la, mas o estrago foi tanto... Que está difícil! Será preciso tempo e paciência, pois, medidas urgentes e impopulares precisam ser tomadas para tentar resgatar um pouco o rumo das coisas...

Qualquer semelhança com a realidade, terá sido mera coincidência.

Fim.

Ênio Azevedo.

Luciênio Lindoso
Enviado por Luciênio Lindoso em 22/05/2019
Código do texto: T6653608
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