LUZ, CÂMARA, AÇÃO

Pela janela do quarto de seu apartamento, Frank observava todos os movimentos da garota do prédio vizinho, da janela do seu quarto era possível ver a movimentação tanto da sala quanto do quarto da garota e isso deixava Frank muito eufórico.

Ele apressou-se em comprar uma câmara filmadora e a instalou bem em frente a sua janela e deixava o tempo todo ligada, filmando tudo do outro lado. Ele deu um jeito de camuflar a câmara, de forma que ninguém percebia a sua existência, mesmo estando de no interior do apartamento.

Frank morava sozinho, era um homem de boa aparência, educado, mas os vizinhos do seu prédio, nada sabiam sobre ele, embora já morasse naquele apartamento por um bom tempo. A garota do prédio ao lado chama-se Cristiane e todos a chamavam de Cris, era jovem e bela.

Cris era uma moradora recém-chegada e não conhecia ninguém na vizinhança ainda. Após alguns dias a observando, Frank já tinha muita informação sobre Cris, pois já sabia sua comida preferida, sua música predileta; a cor de sua roupa íntima, etc...

Quase toda a intimidade de Cris era filmada e observada por seu vizinho Frank que preferiu esperar mais uns dias para poder se aproximar da garota, ele era muito mais velho que ela e não queria assustá-la.

O inevitável logo aconteceu, os dois se cruzaram na saída dos seus prédios e com aquela velha desculpa de ajudar carregar sacolas, Frank se aproximou e os dois começaram a conversar e daquele momento em diante os dois ficaram amigos.

Pouco tempo depois, Frank já estava íntimo de sua vizinha Cris e sempre aproveitava a ausência de sua mãe que trabalhava fora, para passar quase a tarde inteira no apartamento da garota. Até então, era apenas uma boa amizade embora à intenção de Frank fosse outra. Cris demorou a entender isso, mas aos poucos foi percebendo algo diferente.

Cris nada falou para a sua mãe que sequer sabia da existência de Frank. A garota estava se envolvendo com o charme de Frank que cada vez mais impressionava Cris com as suas atitudes, parecia que ele já a conhecia há muitos anos, sabia muita coisa sobre ela, mas disfarçava muito bem e Cris achava que era apenas uma coincidência e que os dois combinavam muito.

O romance começou a todo gás e assim que a mãe de Cris saía para o trabalho, Cris ficava só em casa e Frank já sabia disso e aproveitava. Sua câmara estava sempre ativa, ele só a retirava para carregar a bateria.

Os meses foram se passando e num belo dia, após a mãe de Cris sair para o trabalho, Frank se dirigiu ao apartamento de Cris e os dois passaram a tarde juntos como já era de costume, quando de repente a vizinhança percebeu que o apartamento de Cris estava em chamas e o alarme de incêndio logo disparou e começou aquele corre-corre. Os bombeiros foram acionados e o SAMU também.

O corpo de Cris estava carbonizado e Frank foi retirado ainda com vida, mas com queimaduras por todo o corpo e inconsciente. A mãe de Cris foi avisada e entrou em choque com a notícia da morte de sua filha.

No dia seguinte, a mãe de Cris quis saber quem era o homem que foi encontrado em seu apartamento e o que ele estava fazendo lá. Ninguém sabia dizer nada e Frank estava internado e em coma.

O tempo passou e Frank perdeu a memória por uns tempos, mas estava se recuperando das queimaduras, voltou para o seu apartamento, porém não se lembrava da câmara filmadora instalada e camuflada diante da sua janela. A polícia ‘bateu o martelo’ como um acidente, mas a mãe de Cris ficou com a ‘pulga atrás da orelha’ e sempre desconfiava de Frank.

Todos os dias, Frank ia ao hospital para fazer tratamento das queimaduras, etc... Então a mãe de Cris resolveu por conta própria, naqueles rompantes de mãe, instinto mesmo, ela resolveu invadir o apartamento de Frank com a ajuda de um amigo que relutou, mas acabou a ajudando.

Ela estava certa. Ao chegar próximo da janela descobriu a câmara filmadora e sem pensar duas vezes a arrancou de onde estava e os dois saíram correndo do apartamento de Frank e mais tarde vieram a descobrir que a morte de Cris não fora um mero acidente. Frank foi preso e a justiça foi feita.

...Tudo a partir daqui, fica por conta da imaginação do leitor...

Fim.

..................Ênio Azevedo......................