Numa nova equipe Rufino segue pela avenida Brasil ao encontro de seu informante. Na altura de Benfica, no lado oposto a Maré entra por uma rua sinuosa até avistar um beco, entra junto com Anísio, Cabo PM. Ao avistarem Paulo param e aguardam, Paulo se aproxima:
- Porra Paulo! Que merda foi aquela que você deu pra gente? Armaram pra cima de nós e não me diga que não sabia de nada?
- Calma Rufino, vou abrir a parada. Fui pressionado pelo gerente da boca a fazer aquilo, mas não sabia que iam detonar vocês.
- Como não sabia? Grita Rufino sacando a arma.
- Porra Rufino, não atira não. Vou vomitar a porra toda.
- Vai falando dedo-duro, vai falando.
- Gibão, o dono da boca “tava” dando arrego para o Walter e o Soares nas suas costas e de Caio, já tinha um tempão isso. Só que o Walter cada vez queria mais. Gibão então resolveu peitar ele e parou de dar. Walter aloprou e sequestrou a sogra de Gibão saindo da igreja. Aí a merda fedeu... Gibão pagou para soltar a velha, mas foi atrás de Walter. Primeiro armou o assalto no ônibus para matar o Soares, pensou que assim Walter ia parar. Mas Walter não parou e acabou levando você e Caio pra favela. Gibão não queria mexer com você nem Caio, mas, depois de horas de discussão resolveram queimar o arquivo todo. Eu estava refém deles por ser X9, não tinha como te avisar... O resto você já sabe.
- Acredito no que você tá falando, só não acredito que você ficou refém e não tinha como nos avisar.
Após isso, atira friamente na cabeça de Paulo. Uma semana depois, Rufino consegue com o Comando do quartel em que serve, desencadear uma operação na favela dominada por Gibão. Contam dessa vez com um grupo de operações especiais e atiradores de elite. O Caveirão vai a frente abrindo caminho pelas vielas da favela, a pé atrás segue Rufino com um fuzil ao lado de um soldado "sniper" de nome Cruz. No caminho Cruz lhe diz:
- Aí Sargento vamos juntos até o fim, fiz academia com Soares, estou com sangue nos olhos.
- Valeu, garoto!
Chove bala em cima do Caveirão, Rufino e Cruz se agacham na traseira, mas é muito tiro. O Caveirão mesmo tendo progredido centenas de metros para o interior da favela, acaba parando numa contenção e impedindo a passagem das demais viaturas. Cabo Anísio seu motorista exclama:
- Agarrou pessoal, vamos ter que descer.
Rufino se dirige a Cruz:
- Chegamos até aqui, vou continuar.
- Sargento vou contigo, só que vamos do meu jeito, eu na frente o Senhor atrás, atirando e me dando cobertura, ok.
-Ok, Cruz!
Pulam pela lateral do Caveirão. Cruz é um exímio atirador, conforme os traficantes colocavam a cabeça pra fora ao atirar, Cruz os acertava na testa, e assim foi derrubando um, dois, três, quatro... Rufino se empolga, se afasta de Cruz e mete o pé na porta da fortaleza de Gibão, a porta desaba. Rufino e Cruz novamente se agacham ao ouvir uma granada explodir. Levantam e mesmo com tudo enfumaçado adentram. Ouve-se uma saraivada de balas e Cruz derruba mais traficantes, até que Rufino fica cara a cara com Gibão.
- E aí Sargento, conseguiu chegar onde queria?
- Sim consegui, e agora vou te mostrar como é que a gente faz com um cabra como você em Senador Pompeu, minha terra.
Rufino joga sua arma no chão, saca uma adaga e enfurecidamente degola Gibão. Uma semana depois, numa cerimônia no quartel recebe uma medalha de honra junto com Cruz quando é promovido a suboficial. Na plateia uma loira de óculos escuros está sentada. Ao findar da cerimônia, Rufino chega perto dela e a chama de Suzana, ela o olha, ele arranca a medalha de bravura do peito e diz:
- Sei que não posso trazer seu marido, de volta. Mas, por favor fique com essa medalha, Caio é o verdadeiro herói dessa história e tudo que fiz tenha certeza, foi em sua memória. Suzana segura a medalha enquanto uma lágrima escorre de seu rosto, diz obrigada enquanto Rufino parte.
Niterói, 28/02/2019
PS - para melhor entendimento desse texto é recomendada
a leitura da primeira parte: "Caça e caçador".