Rufino tem 36 anos é Cearense, Sargento PM, há 12 anos na Corporação, Caio tem 24 anos é Cabo 7 anos de serviço, Walter é o mais velho 42 anos diversas punições, carioca e ainda soldado. Todos lamentam o assassinato de Soares, 21 anos Policial militar recém formado, gente boa pra caralho... Foi pegar o ônibus e de repente num assalto foi identificado e covardemente morto. Os três estão na Brasil, próximos a Maré. Esperam um sinal pra entrar. Já mandaram recado ao "frente":
- A gente só quer o assassino do Soares.
- Tranquilo, ele vai dar o muquifo pra vocês.
A espera é demorada e intranquila. Muita negociação, o comando não sabe de nada, o trabalho é "Free Lancer", mas tem que ser feito, tem que ser feito, repete Walter. Caio, amarela um pouco.
- Pô, a gente deveria comunicar o comando.
- Comunicar "porra nenhuma", retruca Rufino, fechando com Walter.
- Aí, Caio se quiser a gente te libera, só não pode abrir o bico, ok.
- Negativo parceiro, tamojunto. Poderia ter sido comigo, vamos quebrar esse filho da puta!
Às 20:00 o "frente" dá o sinal e manda os "homens" entrar.
- Aí Walter, a casa é a 22 da Rua Cinco.
Os três partem, todos de fuzil e pistolas, entram no Casebre, lá encontram o filha da mãe já morto, se entreolham, Rufino então diz:
- "armação"...
A bala come solta, a casa vira uma peneira. Caio cai ensanguentado e gemendo, Walter também, ainda atirando, mas a esmo... Rufino chega aos fundos do casebre ileso, pula um muro e se agacha. A noite passa excessivamente tensa. Pela manhã, se arrastando entre vielas alcança a Brasil. Ao passar uma RP faz um sinal, é socorrido. Durante o trajeto lhe perguntam:  
- Colega, o que aconteceu?
Reponde então:
- Uma trairagem... Mas, tudo bem, foi o dia da caça. Amanhã, será meu dia, o caçador.

Rio de Janeiro, 23/02/19