Verkefni
[Continuação de "Vísendakona"]
[Fyrirvari: þessi smásaga er hluti af áframhaldandi og óunninni sögu sem gerist á Íslandi]
Flovent Bertelsson, de plantão na central telefônica do posto policial de Heimaey, olhou pela janela para conferir o tempo lá fora. O céu azul da tarde de verão havia sido substituído por nuvens carregadas, o que nem chegava a ser incomum nas ilhas Vestmannaeyjar. Em seguida, o telefone tocou.
- Posto policial, Bertelsson na escuta.
Do outro lado da linha, uma voz hesitante de mulher.
- Policial Bertelsson... eu sou... era... a mãe de Margit Hrimnirsdottir. Meu nome é Emma Hjoertursdottir.
A população de Heimaey era reduzida, e Bertelsson certamente se lembrava do caso recente de afogamento que vitimara a adolescente Margit.
- Em que posso ajudá-la, dama Hjoertursdottir?
- Eu nem sei por onde começar... vi algo hoje que me fez pensar estar ficando louca... pensei que era uma alucinação, mas ela não sai de lá!
- Por favor, descreva o que pensa ter visto, dama Hjoertursdottir - o policial prendeu o fone entre a orelha e o ombro, enquanto apanhava um bloco de anotações e uma caneta.
- A minha filha... Margit. Ela está sentada na cerca de pedra da fazenda, olhando para a janela do meu quarto... parece que está esperando que eu saia!
Bertelsson ergueu os sobrolhos, e começou a desenhar pequenas cruzes no bloco à sua frente.
- A senhora está vendo a sua filha, que morreu afogada, sentada no muro da fazenda? Neste exato instante?
- É o que eu estou lhe dizendo, policial!
- A que distância ela está da sua janela?
- Cerca de... 40 metros.
- Tem certeza de que não se trata de alguma garota parecida com ela? Alguém querendo passar um trote?
- É a Margit... está com a mesma roupa com a qual foi enterrada!
- Vamos raciocinar, dama Hjoertursdottir... - ponderou Bertelsson. - Se fosse a sua filha que miraculosamente houvesse voltado à vida, por que simplesmente não bateria à porta da sua casa ou chamaria o seu nome?
- Como vou saber, policial? Já se deparou com algo assim?
- Não - teve que admitir Bertelsson.
- Nem eu! - Retrucou Emma Hjoertursdottir exasperada.
- Está bem, dama Hjoertursdottir... vamos fazer o seguinte... está só em casa?
- Sim.
- Pois então não saia. Estou mandando uma viatura até aí averiguar... provavelmente, deve ser uma brincadeira de péssimo gosto.
* * *
Adriel Gudfinnursson estava sentado ao volante do Volvo V90 Cross Country, estacionado numa praça no centro de Heimaey, quando o rádio deu sinal de vida. Ele puxou o fone do painel, enquanto sua colega Kristensa Saivinsdottir entrava pela porta do carona com um copo de chá na mão, e se sentava ao seu lado.
- Gudfinnursson na escuta.
- Fala Bertelsson, da Central... temos uma possível ocorrência para averiguar.
- Já temos verba para atender "possíveis ocorrências"? - Gracejou Gudfinnursson.
Bertelsson não se abalou e fez um resumo de sua conversa com Emma Hjoertursdottir. Concluiu com uma recomendação cautelar:
- É um caso estranho, Gudfinnursson. Se notarem algo anormal, abram o armário de armas.
A polícia islandesa normalmente não circulava armada, mas os veículos oficiais transportavam armas que ficavam trancadas num compartimento especial, para ser aberto em casos extremos. Gudfinnursson e Saivinsdottir entreolharam-se.
- A caminho, Central - confirmou Gudfinnursson.
Enquanto Saivinsdottir verificava a rota mais curta até a fazenda, pelo mapa no tablet acoplado ao painel do carro, Gudfinnursson deu a partida e acionou o giroflex de luzes azuis no teto do carro.
- Sempre quis fazer isso! - Exclamou ele, ligando a sirene.
* * *
Emma Hjoertursdottir ouviu com alívio o som da sirene do carro da polícia que se aproximava. Se a visagem sentada no muro fosse apenas alguém querendo assustá-la, muito provavelmente sairia correndo. Mas ela continuou sentada ali, muito aprumada em seu vestido azul de festa. O carro branco parou entre ela e o muro, cortando a visão da suposta Margit. Dois policiais desceram, um homem e uma mulher, e enquanto o homem se dirigia para o muro, a policial encaminhou-se na direção da sede da fazenda:
- Dama Hjoertursdottir! - Gritou ela.
- Estou aqui, policial! - Respondeu ela, acenando pela janela do quarto.
- A senhora está bem? - Indagou a policial, aproximando-se.
- Sim, estou bem... que bom que vocês chegaram rápido!
- Fique aí - alertou a policial. - Vou ver se meu parceiro precisa de ajuda.
E virando-se na direção da viatura:
- Gudfinnursson!
Silêncio.
A policial desapareceu de suas vistas ao contornar o Volvo, e simultaneamente, um relâmpago cortou os céus. Quando o trovão fez-se ouvir, uma chuva pesada começou a castigar a terra.
- [Continua]
- [12-01-2019]