Os Segredos da Rua Baker 3: 25- Do inferno ao céu

Diana queria marcar um encontro com a irmã, mas Irene andava com a agenda lotada. Eram reuniões, rápidas viagens, grandes decisões, contratos para ler e assinar... Toda uma vida burocrática que ela odiava, mas era obrigada a levar, pelo menos, por enquanto.

Já fazia quase dois meses desde o ocorrido na mansão de Mycroft Holmes. Sherlock e Lilian retornaram para a fazenda de abelhas e um homem contratado por Mycroft aparecia lá todas as tardes para tratar a mente da senhora Holmes.

John continuava com seu plano de se manter perto da Zoe e estava cada vez mais criativo em desculpas para não passarem a noite juntos. Na verdade, ele, basicamente, trabalhava até tarde todos os dias.

Irene voltava pra casa do tio quando recebeu uma ligação:

-Você nunca vai encontrar um tempo para a sua irmã favorita?

-Sem querer apontar o óbvio, Diana, mas você é minha única irmã. Até onde sei.

-Oh, qual é, Irene! Você vê a Alex mais do que a mim.

-É claro! Além dos nossos próprios acordos, a Alex é o governo britânico agora e as empresas do Sigerson tem vários negócios direto com o governo.

-Irene, apenas admita que você anda me deixando de lado. E gosta mais da Alex do que de mim.

-Que tipo de conversa é essa? O que está tentando dizer? Apenas fale de uma vez Diana, eu não tenho tempo a perder.

-Você é tão sem graça, irmã. Eu estou tentando demonstrar ciúmes e fazer você sentir culpa por não se encontrar comigo.

-Bem, irmãzinha, você é péssima nisso. Não está funcionando.

-Irene, você não está tão brava assim comigo.

-Eu já disse que não estou zangada contigo.

-Então vamos nos encontrar hoje à noite! Só um chá e conversar. Por favor!

-Oh céus! Tudo bem. Mas, hoje à noite não posso. Amanhã pela manhã a gente se encontra na 221B, mas tem de ser rápido.

-Ok. – Diana desligou feliz da vida.

-Depois eu que sou a teimosa. Diana quando quer algo não sossega até conseguir. – Irene falou sorrindo.

No dia seguinte, Irene se arrumou para visitar algumas empresas do tio, como de costume, mas, dessa vez, ela teria de passar primeiro em sua velha casa. Ela dispensou o motorista para pegar um táxi.

Diana havia sido a primeira a chegar e já preparava o chá quando ouviu a irmã abrindo a porta. Ela ficou pasma ao vê a Irene usando um terninho elegante, sapatos de salto e até mesmo maquiagem.

-Meu Deus! Onde está a minha irmã? Você está linda.

Irene não ouvia, pois sentia um cheiro diferente no ar.

-Eu já senti esse perfume antes.

-Ah, eu troquei...

-Não é o seu.

Irene perseguiu aquele odor até o seu quarto.

Diana decidiu seguir a irmã ao notar sua demora em retornar a cozinha. Entrando no quarto, ela encontrou Irene encarando a cama com uma expressão muito estranha.

-O que tem aí? –Diana perguntou, ficando paralisada logo em seguida ao notar John com apenas o lençol cobrindo seu quadril e Zoe completamente nua agarrada a ele. –Oh meu...!

Irene saiu do quaro sem dizer nada. Diana voltou para a cozinha encheu uma panela com água e jogou nos amantes que deram um pulo na cama.

-Porra! Você é louca? – Bradejou Zoe.

John olhava da Diana para a Zoe.

-O que está acontecendo aqui? Por que você... ? Oh não!

-Saiam da cama da minha irmã! AGORA!

John colocou a calça e correu pra sala. Irene estava lá sentada com as mãos juntas parecendo pensativa. Zoe colocou a camisa do inspetor antes de juntar-se a todos na sala.

-Qual o problema? Elas sabem do nosso amor. – Ela foi abraça-lo, mas ele a afastou.

-Irene, eu posso...

-O que? – Diana se intrometeu. – Você pode explicar? Você é outro traidor, John.

-Diana, não é isso. Eu nunca...

-Você é outro espião dessa vagabunda, não é?

-Ei! Nós estamos namorando. – Disse Zoe fingindo estar ofendida.

-Cala a boca, Zoe!

-Calem-se todos vocês! – Irene passou a fitar o inspetor. – Ela só se jogou na cama enquanto você dormia ou vocês dormiram juntos?

-O que? – John parecia tão desesperado que nem sabia como responder.

-Você fodeu ela?

-Não.

Irene fechou a cara, pôs-se de pé e se aproximou devagar.

-Errado! – Ela ia se retirar do recinto, mas parou perto da porta. – Eu quero os dois fora da minha casa. – Ela se virou para o inspetor. – Deixe a chave na mesinha.

Por alguns segundos só se ouviu os passos da Irene descendo as escadas e saindo pela porta, mas logo em seguida veio uma explosão de risos da Zoe.

-Ela realmente é teatral! Morse sempre me disse isso, mas nunca acreditei. Meu amor, como pôde mentir assim? Você melhor que ninguém sabe que ela consegue vê os sinais.

-O que você fez comigo? Como isso pode ter acontecido?

-Eu não vou te explicar como sexo funciona meu querido. Eu tenho uma reunião. A gente se vê mais tarde.

Zoe retornou ao quarto, se trocou e tentou dá um beijo de despedida no John que a empurrou. Ela saiu da casa entre galhofadas irritantes.

Quando Diana deixou a 221B, ela encontrou Irene encostada em seu carro curvada com a mão no peito.

-Irene, você está bem?

-Acho que vou ter um infarto. Eu estou com falta de ar, nauseada, com dor peito...

-Os sintomas podem indicar infarto sim, mas também podem indicar coração partido. Voto na segunda opção. Vem vamos entrar no carro.

-Devemos ir a um hospital.

-Vai passar logo, Irene. Eu te garanto.

-Como você sabe?

-Por que você acabou de passar por uma situação estressante ao pegar o seu namorado na cama com outra. Você nunca entende ou sabe como lidar com suas emoções, então acaba sendo atingida fisicamente.

-Eu estou muito zangada. Mesmo não tendo certeza sobre o motivo. Mas, você estava certa em uma coisa: os sintomas passaram. Pare aqui.

-Aonde vai?

-Tenho trabalho a fazer naquele prédio ali. A gente se fala depois.

***

Diana esperava pela irmã em uma mesa reservada no pub que pertenceu ao Sr. Levils. Ela tinha um papel na mão que segurava ansiosamente. Apesar de ter uma garrafa de um bom uísque, no qual não havia pedido, na sua frente, ela mantinha o copo vazio apenas encarando fixamente a porta de entrada.

Irene apareceu quase uma hora depois. Ela usava um vestido preto, sandálias de salto e um casaco comprido de couro sintético.

-Ok. Onde está a minha irmã que só um tipo de roupa no armário e não era nada como essa?

Irene soltou um suspiro irritado enquanto sentava. Ela só falou depois de se servir com o uísque e tomar um longo gole.

-Diga-me, irmãzinha, qual o motivo de ter me feito vir até aqui? Eu estava a caminho de uma festa importante. -Diana joga o papel que segurava com tanto zelo perto da irmã. Irene dá uma rápida olhada. – O que é isso?

-A prova de que o John não é um traidor. Analisei as xícaras usadas por eles ontem a noite e encontrei vestígios de...

-Sério Diana! Você me fez desviar todo o meu caminho para vir até aqui apenas para me mostrar isso?

-Irene! Você não está feliz por eu ter conseguido provas de que o John não está do lado da Zoe?

-Oh, obrigada, irmã querida, por provar algo no qual eu já possuía conhecimento.

-Primeiro: você não precisa falar comigo assim. Segundo: como poderia saber? Terceiro: Por que agiu daquela forma? O John está desolado.

-Desculpa. Esses compromissos causados pelos negócios do Sigerson são tão insuportáveis que prefiro ir cedo para me livrar o mais rápido possível. Bem, John fazia diferentes expressões faciais, além de movimentos com o corpo demonstrando nervosismo, raiva e medo. Pode-se pensar que poderia ser medo de ser pego na mentira. Porém, ele fazia expressões de nojo ao se referir a Zoe, então o medo deveria ser de que eu não acreditasse nele. Os movimentos corporais não contradiziam as palavras... Menos, claro, quando ele negou terem feito sexo.

-Ok... Aquilo foi teatro pra Zoe?

-É mais seguro ela acreditar que não quero mais o John como parte da minha vida.

-No entanto, você podia avisá-lo. O homem está muito apático.

-Eu vou.

-Quando?

-John quebrou uma promessa, Diana. Não importa se foi contra a vontade. John saberá quando eu achar que ele merece.

-Oh, você quase parece uma pessoa normal agora. – Irene franziu o cenho. – Punindo o namorado por tê-lo pego com a pior inimiga.

-Era só isso, Diana? – Alex apareceu na frente delas. – O que você está fazendo aqui?

-Vim te dá uma carona.

-Estou com o motorista do Sigerson.

-Precisamos conversar Irene. É urgente. – Irene apontou para a cadeira ao lado de Diana. Alex sentou após grande hesitação. – Estamos prontos para contra-atacar a Zoe. John nos enviou alguns papéis interessantes hoje à tarde; nada suficiente para coloca-la na cadeia, ainda, mas já podemos expulsá-la da Cúpula dos Nobres e mantê-la em cárcere privado.

Um brilho malicioso surgiu nos olhos da Irene junto com um enorme sorriso.

-Oh, é hora de começar o jogo de gente grande.

ALANY ROSE
Enviado por ALANY ROSE em 01/01/2019
Código do texto: T6540041
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