BAILE DO BANHADO
Havia um local na Vila Sem Nome que todos chamavam de banhado, na verdade era um riacho, pouco profundo, sujo, mas local de farra da criançada.Com o tempo a vila foi crescendo e um homem comprou as terras próximas do banhado e cresceram as especulações populares a respeito do que faria ali o novo proprietário.diziam que era uma fábrica, outros que era uma charqueada, o fato é que ninguém sabia.O tempo foi passando e certo dia encostaram no local duas enormes carretas com tijolos e outros materiais de construção. No dia seguinte chegaram algumas pessoas, efetuaram e a medição e começaram a cavar alicerces, logo subiram as colunas, e em três meses estava pronto um enorme galpão.O que farão aí, perguntam as pessoas.Ninguém sabia.dentro do galpão era um barulho infernal de máquinas, serras e batidas de martelos. Gente saía e voltava.Mais uns dias e foi afixada uma placa, "BREVE AQUI BAILÃO DO BANHADO", depois outra, "GRANDE INAUGURAÇÃO, MULHERES NÃO PAGAM", assim por diante até anunciarem o grande dia.Os homens se alvoroçaram, as mulheres foram pintar as unhas, pentear o cabelo, pois a festa começaria as 23 horas em ponto.A segurança fo reforçada, facas, revólveres, facões ficavam guardadas na portaria,a segurança interna era rígida, diziam ter gente da polícia. E tinha mesmo.No entanto quando a coisa se prepara não há o que se possa fazer.O baile começou, a pista lotou com casais desfrutando a animada música tocada por um conjunto desconhecido,mas de boa performance musical. Três da madrugada um dos seguranças permanecia próximo da copa, quando aproximou-se um homem já bem embriagado,empurou outro para chegar ao balcão e pedir aos gritos,
-Me dá um liso de canha!
-Seu Marcão, não temos canha, temos cerveja , vinho gelado.
-Quero canha, cachaça forte, pra macho! Dito isso quebrou um copo que estava no balcão e a situação foi ficando crítica.O primeiro segurança a perceber foi Luis, um Policial Militar que fazia bico.Ao aproximar-se de Marcão, Luis não sabia que estava correndo sério perigo de vida,o desordeiro sacou de um pequeno revólver escondido nas costas e apontou para a cabeça de Luis,estava perigosamente próximo e dali foi empurrando o segurança para a frente, ninguém podia se mexer, o desordeiro mataria o segurança, muitos o conheciam e sabiam de suas intenções, afastem-se gritava o bandido, se não eu mato este homem.Pressionado pela arma Luis ia de costas na direção da saída, Marcão continuava a gritar muito e a xingar com palavras de baixo calão e, então viu-se na rua.Ato contínuo Marcão deu um terrível golpe com a coronha da arma na cabeça de Luis que caiu desacordado.Marcão fugiu ainda apontando a arma para quem os seguia. Depois de alguns minutos Luis acordou do trauma, disse que estava tudo bem, sacudiu cabeça e queria continuar o serviço, mas o patrão não lhe permitiu, pagou a sua diária e mandou-o descansar.Alguém o levou em casa. Voltaria a noite, porque haveria outro baile naquele feriado. Luis disse a esposa que dormiria para voltar a trabalhar a noite. Eram oito horas da noite quando a esposa estranhando a demora de Luis para acordar,foi até o quarto e o encontrou inconsciente, de imediato o levou ao hospital e lá recebeu a notícia de que estava morto.Avisada a polícia e o médico legista,Marcão foi formalmente indiciado em um flagrante por homicídio,pois o pegaram na casa da Vesguinha quando fazia a barba antes de ir embora.Chegou a levar a mão a cintura em busca da arma,mas recebeu um tiro no peito e caiu morto. O bailão do Banhado teve apenas um dia de glória, as mulheres não quiseram mais dançar lá.E sem mulheres como dançariam os homens, por isso terminou o baile.Algumas perguntas ficaram sem resposta, dentre elas a de quem revistou Marcao e o deixou armado....