Os Segredos da Rua Baker 3: 20- Eu estou cansada de perder pessoas
Irene escutava apenas um tipo de zumbido, ela não conseguia perceber a movimentação ao redor. Miller tentava chamar seu nome, mas nada estava dando resultado.
-Terei de apelar. – Miller disse ao pegar o telefone.
Em sua mente, Irene tentava ir para algum lugar onde nada daquilo estivesse acontecendo, no entanto, ela apenas andava pelos corredores de seu palácio de memórias sem ter noção em que sala entrar. Irene acabou parando no meio de um corredor sem saber aonde iria acabar. Ela estava perdida em sua própria mente. Até ouvir uma voz familiar.
-John?
Miller ligou para o inspetor pedindo sua ajuda para trazer Irene de volta de sua letargia. Ele aceitou de pronto. Apesar de ter notado algo de estranho na voz do inspetor, Miller decidiu que não teria tempo para nenhum drama, pois precisava fazer seu trabalho.
-Está funcionando. – Disse Miller.
-Irene, você precisa voltar. Irene! Eu preciso de você... Me ajude!
-Oh, acho que caiu a ligação. – Miller parecia confusa olhando para o celular.
-Estou indo! – Irene falou em um murmúrio. - Miller? – Ela coloca-se de pé imediatamente.
-Bom vê-la de volta. Quanto ao dono desse lugar, qual era a ligação de vocês?
-Ele era apenas um colega de trabalho. Esse pub é meu e o Senhor Levils gerenciava pra mim. Você verá isso na sua investigação, mas nunca encontrará quem fez isso.
-Por que diz isso?
-Porque conheço o trabalho da Scotland Yard, mas sinta-se a vontade para olhar ao redor. Preciso ir.
-Vou precisar do seu testemunho. Esse papel é algum prova... ?
Irene colocou no bolso com certa pressa.
-Não. Quando tiver tempo passo na Scotland Yard. Hoje não posso. Até mais.
***
-Eu te avisei John. Nada de truques! – Zoe falou ao tirar o celular da mão do inspetor. – Só permiti essa ligação por ser necessária para a continuação do jogo.
-Jogo? Tentando imitar a Irene? O que você quer de mim? Quem é você?
-Eu sou Zoe Francis Moretti. Filha de uma jovem prostituta drogada que foi criada pelo avô e seu chefe. Um homem magnífico que me ensinou muito. O principal ensinamento foi: você cuida de tudo que é meu até minha sobrinha voltar.
-Você... ? – Ele a olhava com horror. – Você trabalha pro Sigerson?
-Oh é muito mais que isso. Você nunca entenderia. Eu pertenço a ele.
-Você é o resultado do que ele faria com a Irene!
-Não seja bobo. Eu sou muito melhor. Só que família é família. Vamos falar de nós dois. Quando sair daqui. Vamos começar a namorar e depois que terminar com a Irene, você vem morar comigo.
-O que? Isso não vai acontecer.
-Oh, vai sim. Você a viu. Tão triste, não é? Se não quiser vê-la mais triste, então fará o que digo.
-Por que eu?
-Não é óbvio? Eu me apaixonei por você.
John estava perplexo com toda aquela conversa, ele precisava de um tempo. Mas como se dizia por aí, e depois do que viu, era mais sábio não contrariar.
***
Sherlock entrava apressado na sala da 221B encontrando a filha revirando cada canto daquele local. Tudo estava de cabeça para baixo e Irene continuava com sua busca.
-Morfina ou cocaína? – Irene parou o fitando interrogativamente. – Qual você está procurando? Seja qual for você não irá encontrar. – Ele tira do bolso alguns frascos e seringas.
-Isso pertence a mim, Sherlock. Você não tem o direito...
-Você tem muito acontecendo no momento para se distrair dessa forma. Sinto muito pela morte do seu amigo, mas você não pode perder um dia...
-Mycroft te contou sobre o Sr. Levils?
-Eu já tinha conhecimento da existência desse homem. Retirei você daquele bar certa vez, após provocar uma briga que não seria capaz de vencer. Você estava muito bêbada para lembrar.
Irene o encarou sem qualquer interesse no assunto, apenas se aproximou para pegas as suas drogas, mas Sherlock guardou de volta no bolso do casaco.
-Ok. Você está certo! Não posso me dá o luxo de me distrair. Tenho de me manter alerta. É apenas... -Ela sentou no braço da poltrona deixando transparecer todo o seu abatimento. -Eu estou cansada de perder pessoas. Não importa o quanto eu lute, quantas batalhas vença ou quão longe eu chegue. Sempre vou perder alguém.
-Não pode desistir. Ou pretende perder o inspetor também?
-Nunca irei desistir, pelo menos, não enquanto John estiver nas garras daquela vadia.
-E agora? O que pretende fazer?
-Traga a mamãe pra casa, assim a Zoe não pode usá-la também. Quero uma reunião com os Holmes. - Ela pôs-se de pé. -E tenha em mente uma coisa, Sherlock, eu vou arrancar a alma daquela desgraçada que ousou tocar no meu John.