ASSASSINATOS
ASSASSINATOS:
Conto
AS VITIMAS
Dia 25 de outubro de 2006, quarta-feira, às 08h15min.
A Grande Porto Alegre, naquele dia estava agitada, gente que ia, gente que vinha em todas as direções. Em plena Rua da Praia, uma mulher que caminhava, de repente coloca a mão direita sobre o peito, cambaleia e cai ao solo, diante dos olhos curiosos dos transeuntes. Uns passavam de lado olhando, mas sem parar, outros paravam. E, em poucos segundos havia um cerco de curiosos envolvendo a mulher que tombara desfalecida. A mão que continuava no peito, por entre os dedos vertia sangue em abundância. Um homem dizendo ser médico ajoelhara-se ao lado do corpo. Coloca dois dedos sobre a carótida da vítima, e constata que está morta. Nada mais há que fazer. Um policial abre a multidão e chega até o corpo. O médico lhe diz:
- Nada há para fazer, ela está morta.
O policial vira a morta para a posição de cúbito dorsal, a mão que estava no peito cai para o lado, uma grande mancha de sangue aparece, uma poça de cor vermelha fica sobre o solo.
A delegacia de homicídio foi chamada. O corpo foi colocado na posição primeira, fotos foram tiradas. Junto com a especializada chegam os peritos, que constataram que a vítima perecera pela penetração de uma bala, que a atingira entre duas costelas e fora se alojar na coluna vertebral, possivelmente cruzando pelo coração.
A especializada, após uma acurada investigação, chegou a descobrir o local, onde o atirador estivera escondido para atingir a vítima.
O corpo foi levado para a necropsia. O laudo da causa-mortis, contatou que a morte ocorrera pela penetração de uma bala de calibre, 45 mm, e que a arma utilizada fora um fuzil com mira telescópica, dada à distância e a precisão do tiro. A vítima uma empregada doméstica, que naquele momento se dirigia para o trabalho. As investigações de praxe não revelaram qualquer suspeito, ou alguém que tivesse motivos para a eliminação da vítima.
Dia 03 de novembro de 2006, sexta-feira, às 7:45.
Na cidade de Canoas, na Grande Porto Alegre, era hora de grande movimento. A estação do metro de superfície, o trem havia chegado à estação. A grande multidão se movimentava, um homem que descia do trensurb, recebe um impacto no peito e cai ao solo. O sangue corre pelo passeio, a multidão se aglomera junto ao corpo da vítima. Um guarda municipal abre a multidão, e chega perto do corpo. Pega o pulso do homem e sacode a cabeça, em sinal de reprovação. Olha para as pessoas que estavam mais próximas e diz:
- Chame a policia, ele está morto.
As investigações revelaram que o homem recebera um tiro de 45 mm, no peito.
O homem era um professor primário, que naquele momento se dirigia para a escola, onde lecionava. A bala que o atingira saíra da mesma arma da vítima da Rua da Praia.
Dia 06 de novembro de 2006, segunda-feira, às 13:50.
Um carro Mercedes Benz, cruza o portão do conjunto de prédios da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul. O Porteiro, solicito o cumprimenta, liberando-lhe a passagem, pois se trata de um dos conselheiros da organização. Passa pelas cabines de pagamento do parque de estacionamento. A cancela é levantada antes de sua chegada, o carro nem chega a parar, segue rumo ao estacionamento. Para em um dos boxes, a porta é aberta, um homem bem trajado, em um terno cinza, gravata azul escura e camisa branca, desce do veículo.
Aciona o alarme, os vidros e as portas são fechados automaticamente ao comando eletrônico. O homem a passos largos e firmes transita pelo imenso pátio, entre muitos outros transeuntes, que na maioria se dirigem ao edifício da direita onde estava havendo a exposição industrial de tecnologia química e mecânica. Ele se dirige a entrada principal do bloco a esquerda, onde estão instaladas as salas de reuniões e o plenário.
De repente o homem é empurrado pelas costas, pelo efeito de um impacto e se estatela no chão. O guarda do estacionamento corre em sua direção, outros freqüentadores também o fazem. Em poucos segundos, o corpo está rodeado de pessoas. O guarda que de primeiro chegara, coloca a mão sobre a artéria carótida, e diz:
- O Sr. Hecthur de Alcântara, está morto. Olha para os prédios do lado direito, onde se encontram os pavilhões de exposição e diz: O tiro partiu do alto de um daqueles prédios.
O sangue da vítima escorre pelo pavimento, as pessoas se afastam para não pisarem no sangue. Um homem gordo, bem vestido em um terno marrom, se aproxima e diz: Deixem-me passar eu sou médico. Quando chega perto do corpo, o guarda cede-lhe o lugar. O médico abaixa-se sobre o corpo, examina o ferimento nas costa a altura dos pulmões e exclama:
- Foi um disparo de arma de fogo de grosso calibre.
Em poucos minutos a polícia chega ao local, para isolá-lo, pedem para que o pessoal se afaste, e que, permaneçam à distância do corpo.
Horas mais tarde, na delegacia de policia, o médico legista diz ao Delegado:
- Senhor! O caso é idêntico aos outros dois. A arma é a mesma. A bala calibre 42, entrou abaixo da omoplata direita, varou o pulmão e foi alojar-se no coração. Dada à distância perdeu velocidade por isso não atravessou o corpo da vítima.
As investigações deram conta de que se tratava de um empresário de renome. A vítima era nada mais e nada menos do que, o Diretor presidente de um conglomerado de Indústrias.
Nos próximos 15 dias, as duas outras vítimas, em lugares outros, foram atingidas por projéteis disparados pela mesma arma calibre 42. As duas outras vítimas foram: Um guardador de carros, que recebeu um tiro, quando trabalhava no estacionamento do Gigantinho, antes da apresentação de um grupo de roque internacional. A última vítima tratava-se de uma prostituta, que às 14 horas caminhava pelo parcão. Recebeu um tiro certeiro no pescoço. O projétil rompeu a carótida. A morte aconteceu em três minutos após o impacto.
A policia chamou o professor de psiquiatria Dr. Mestre, Salutino Osório Salvatarra. Para traçar o perfil psicológico do serial killer. O objetivo seria de prever qual poderia ser a próxima vítima.
Após três dias de exaustivos serviços, que levou as entrevistas com os policiais e pessoas que estiveram de qualquer forma envolvidas no momento dos disparos, a investigação minuciosa das características de cada vítima, com analises das características pessoais, como: Idade, profissão, costumes, classe social e etc.
O relatório do Doutor: SOS, como era conhecido no meio estudantil, fato este desconhecido pelo próprio. Foi:
- “Trata-se de um Psicopata, que acumulou durante a sua insignificante existência, rancores de pessoas, que supostamente foram responsáveis pelos seus fracassos.” “Os quais, ele fora responsável pela falta de persistência, determinação e capacidade.”
A primeira vítima, uma empregada doméstica, possivelmente ele tenha sido maltratado quando pequeno por alguma doméstica que trabalhara em sua casa.
Na escola tenha sido reprovado, e consequentemente atribuiu o seu fracasso a perseguição de um ou mais professores. O terceiro caso, ele poderia ter sido demitido de alguma empresa, por isso responsabilizou um empresário, que buscou encontrar na Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul. No quarto caso, tenha ele sido tapeado por algum guardador de carros, por isso resolveu vingar-se atingindo alguém da classe. O quinto caso, uma prostituta, isso quer dizer que ele é impotente, tendo, quiçá, vários fracassos com prostitutas.
Assim as investigações não levaram, a lugar algum. Os dias se passaram e, não mais ocorreram outros assassinatos. Afora a pressão dos familiares e das empresas do industrial assassinado, os casos foram esfriando por falta de pistas e nexo causal para os assassinatos.
HERCULAN DECROIS - UM DETETIVE ESPECIALIZADO
Nos pequenos classificados se lia:
HERCULAN – O Detetive.
Especialista em desaparecidos.
Investigações de adultério.
Informações confidenciais.
Telefone 011.525.3333
- Alo! É Herculan Decrois, o detetive.
- Aqui é viúva de Hecthur de Alcântara, eu me chamo Cristina de Alcântara, e necessito de seus trabalhos confidenciais. Como pagarei seus honorários.
- Meus honorários são de $100,00 dólares por dia mais despesas.
- Fechado, dê-me a sua conta bancária para que eu possa fazer o depósito inicial.
- Minha conta e no BB nº da agência 324; conta 456987. Meus honorários adiantados são de R$1.000,00.
- Farei um depósito de R$20.000,00. Os quais no final do trabalho serão ajustados.
Seu trabalho consistirá em investigar um único assassinato, em uma série de cinco.
Mas para tanto é necessário que me procure em minha residência. Quer tomar nota do endereço!
- Pode dizer:
- Rua Conde de Porto Alegre, n 4.750, meu telefone é 051. 8953. 2524
Herculan Decrois um homem feliz. Holandês, radicado no Brasil desde a adolescência, pois seu pai era cônsul da Holanda. O grande detetive, pois tem um metro e noventa e oito, seu pé calçava o nº 54, por isso tem de mandar fabricar seus calçados sob medida, suas faces rosadas, com ausência de barba, mais parece à face de um bebe. Nariz aquilino fazendo uma leve curvatura como o bico de um falcão. Seus olhos cinza claro estão sempre escondidos por um óculo espelhado. Pelo seu grande tamanho caminha arqueado, nem gordo nem magro, com uma barriga de abundante dimensão dado ao hábito de tomar cervejas.
Com escritório escondido no fundo de uma barbearia, que é sempre atravessada pelos seus clientes, que não raras vezes ficavam fregueses para o corte de cabelo e barba. Herculan diz que o local é estratégico, pois seus clientes não têm de se cuidar ao procurá-lo, pois podem apenas estar freqüentando uma simples barbearia, em fim, não causar suspeitas.
Seu habito de vestir era é o mais normal possível, calça e camisa esporte, diz que é para não causar suspeita.
O grande detetive careca esta sentado à mesa de trabalho, um charuto entre os dentes manchados, contempla as anotações à sua frente. Obterá um novo cliente que além de não regatear no preço, se dispôs a creditar em sua conta um soma razoável.
Às 8 horas da manhã do dia seguinte, Herculan Decrois chega à suntuosa mansão da viúva de Hecthur de Alcântara. O mordomo o acompanhou até o jardim, onde se encontra a viúva que o contratara. Ao chegarem o mordomo o apresentou:
- Bom dia senhora! Aqui está o Sr. Herculan Decrois.
O Grande detetive aproximou-se e solicito disse:
- Bom dia senhora! Herculan Decrois às suas ordens.
- Bom dia Sr. Herculan! Este é o Dr. Luiz Vagner Tomas de Farias, um amigo e conselheiro da família, pois é psicanalista. E, tem sido de grande valia neste momento pesaroso.
- Herculan Decrois estende a mão e cumprimenta o apresentado:
- Sente-se, por favor. Toma um café? Perguntou a dama.
- Sim Senhora! Aceito.
Decrois serviu-se de café, conversaram amenidades, e, finalmente chegaram ao assunto que o trouxera até ali. Em detalhes ela explicou ao detetive as circunstâncias em que o marido fora assassinado. A policia ainda estava fazendo investigações, mas não acreditava que tivessem êxito, por isso, resolvera fazer uma investigação paralela. Seu finado esposo, segundo ela, era um homem honrado e muito trabalhador. Tendo chegado à diretoria da organização, ainda jovem, aos seus 35 anos. Mas somente aos 5o anos que passara a diretor presidente das organizações. Permaneceu no cargo por dois anos, quando sua carreira foi interrompida abruptamente pelo seu assassinato.
- Mire Senhora, então ele não era o proprietário da empresa?
- Não, não, ele foi sempre um empregado, pois se trata de uma multinacional, pertencente aos investidores. Seus administradores são executivos contratados.
- Mas mire senhora! As noticias que li sobre os assassinatos, toda leva a “creer”, que o caso foi casual, como foi o seu marido poderia ter sido qualquer outro empresário.
- É sem dúvida o que eu quero acreditar, porém, antes tenho que ter certeza. Quero que o senhor me mantenha informada dos mínimos detalhes sobre a sua investigação, espero receber por E-mail um relatório diário dos seus trabalhos. Aqui tem o meu E-mail.
O Detetive deixa a residência, entra no carro, coloca o cotovelo para fora do carro,
Com a mão direita, retira os óculos espelhados, coça os olhos com a mão, recoloca os óculos, e pensa: Que caramba! Cinco assassinatos por um serial killer, um deles é o meu objetivo. Por onde devo começar? Bom, vou começar tomando conhecimento do que a policia sabe.
Decrois entra no gabinete do delegado de policia da 4ª Delegacia de Policia de Porto Alegre.
- Bom dia Senhor Delegado! Disse fazendo uma imensa mesura, com grande esforço para curvar o gigantesco corpo.
- Bom dia Detetive! Respondeu o Delegado, que bons ventos o trazem a minha delegacia?
- Mire Senhor Delegado! Senta-se na poltrona a frente do delegado.
- Não é que eu fui contratado, por uma parenta de uma das vítimas do serial killer. E, estou aqui para ver se o senhor pode me autorizar a tomar conhecimento, reservado, naturalmente, de tudo o que a policia pode apurar até agora.
- Que bom que o senhor vá nos ajudar. Será um prazer tê-lo como colaborador.
Decrois sai da delegacia com uma braçada de processos. Ao chegar ao escritório, distribui sobre a mesa os cinco processos, organiza-os por ordem numérica.
Passava das duas horas da madrugada, quando ele parou de examinar os processos de investigações. Fechou o último dos processos, e saiu para o jantar. Como faz sempre, enquanto espera pelo jantar toma uma cerveja e pensa:
O atirador, em todos os casos, se escondeu em um prédio, deu o disparo e se evaporou claro, até chamarem a policia ele sempre teve tempo suficiente para acondicionar sua arma em uma mala e sair sem qualquer pressa. A analise do mestre em psiquiatria faz sentido, o homem é louco sem qualquer dúvida. Não adianta eu investigar todos os casos, vou me ater apenas no caso da minha cliente.
No dia seguinte, Decrois chega às 9 horas da manhã na sede administrativa da Industrial Corporation Mecanic of Brazil. Na recepção é atendido por uma das recepcionistas.
- Pois não senhor!
- Bom dia senhorita, sou Herculan Decrois detetive particular. O que me traz aqui é para ver se posso falar com os colegas de diretoria do Sr. Hecthur de Alcântara.
- Um momento senhor, por favor, sente-se e aguarde um momento, enquanto isso vou mandar servir um cafezinho. Dentro de poucos instantes, uma jovem, com uma bandeja contendo uma xícara de café e um copo de água, oferece ao detetive, que aceita ambos. Mais alguns minutos. A recepcionista o chama e diz:
- Sr. Decrois, o senhor será recebido pelo nosso diretor presidente interino, Dr. Matiolo Cechinel, queira me seguir.
Ele a segue através de um grande corredor sobem em um elevador, à senhorita aciona o botão destinado ao 24º andar. Lá chegando, adentram em um grande escritório, com uma grande vista para o Rio Guaíba. Atrás de uma grande escrivaninha, um homem grisalho, aparentando cerca de 50 anos. Levanta-se, e vem ao seu encontro. Estende a mão ao recém chegado e fala:
- Seja bem-vindo Senhor Detetive! Mãos se apertam, Decrois se pronuncia:
- Bom dia Dr. Matiolo, me chamam de Herculan Decrois, sou detetive particular e, fui contratado pela família do falecido, para investigar, as circunstâncias em que ocorreu a sua morte.
- Sinceramente! Não vejo como poderemos lhe ajudar! A policia já esteve aqui, falou com diversos funcionários, com os membros da administração e da diretoria.
- Mire Sr. Matiolo! Não quero causar constrangimento dos senhores ou de seus funcionários, mas é que um detetive particular, normalmente está trabalhando apenas em um caso, raramente temos dois casos simultaneamente. Dessa forma podemos nos dedicar mais e obter maiores resultados do que da policia que tem inúmeros casos simultaneamente.
- Muito bem Sr. Herculan Decrois, objetivamente como podemos ajudá-lo?
- É muito simples, fale-me sobre Hecthur de Alcântara.
- Sim, entendo. O nosso saudoso Diretor era um homem muito correto, um tanto enérgico, dirigia esta empresa com mão de ferro. Em sua gestão, o grupo aumentou as vendas, em mais de 10%. Ele não só cumpria as metas estabelecidas, como traçava as novas metas para os demais diretores.
- E todos cumpriam as metas estabelecidas?
- Não alguns não conseguiam cumprir as metas!
- E nesse caso o que acontecia?
- Dependia de quanto faltava para atingir os objetivos, por exemplo: Se a meta era um aumento de 10% no ano, e fosse atingida apenas 5%, não faria jus à gratificação anual por gestão e desempenho.
-Havia algum caso de crescimento negativo?
- Sim, sim houve alguns casos de crescimento negativo!
- E, nesse caso o que acontecia ao Gestor?
- Ele fazia um relatório de justificativas. E, caso as justificativas não fossem aceitas ele perdia o cargo.
- O senhor pode me informar quem perdeu o cargo nos últimos cinco anos?
- Sim, foram apenas três pessoas.
O Dr. Wilson Nascimento Griebeler; O Dr. Francelino David e o Dr. Ricardo Luiz de Oliveira.
- O Dr. Wilson, foi há três anos, O Dr. Francelino há dois anos e o Dr. Ricardo no ano passado.
- Quer dizer que nos anos anterior não houve perdedores.
- Perfeitamente.
- Apenas mais uma coisa! O Senhor pode me fornecer o endereço dos três?
- Sim, farei mais do que isso, vou fornecer-lhe todas as informações que dispusermos, deixe-me o seu E-mail, que dentro de dois dias receberá as informações.
- Uma última pergunta! Dentro do grupo havia alguém que tivesse motivo para mandar matá-lo?
- Não, creio que não. Com certeza! Não.
- Dr. Matiolo, muito obrigado pela ajuda.
- Estaremos ao seu dispor.
O detetive se despede, sai e fecha a porta, e logo volta.
- Desculpe mais uma única pergunta! Com a morte do presidente, quem dentro da organização, foi promovido?
- Nesse tocante não o podemos ajudar, pois nada ainda foi resolvido pelo conselho, eu, por exemplo: Como vice-presidente, assumi interinamente o seu posto. Dentro de 60 dias o conselho reorganizara a diretoria.
Herculan Decrois deixa à sede da organização, adentra no carro, tira os óculos reflexivos, passa um lenço nos olhos e na testa, larga o pesado corpo para traz no assento, fecha os olhos, como fosse adormecer, e pensa:
- A maneira mais prática para resolver este caso é sem duvida nenhuma achar o assassino, havendo um mandante a policia arranca o seu nome. Mas como vou fazer isso? Como faço para contratar um assassino?Certamente não vou sair por ai perguntando onde posso contratar um assassino!Nos classificados não deve ter anúncios nesse sentido! Ou terá? É isso ai Decrois, procura nos classificados!
O pé grande, como é chamado pelos amigos, naturalmente sem que ele o saiba! Da partida no carro e para diante uma banca de jornal e revistas.
- Bom dia senhor! O senhor pode me arrumar os últimos classificados da Zero Hora e do Correio do Povo.
- Sim senhor, mas eu somente vendo o jornal inteiro!
- É isso ai que eu quero.
No escritório Herculan, abre os classificados e começa a procura.
- O que mais tem é anuncio de garotas de programa. Aqui tem um que me interessa:
“Faço tudo por dinheiro, fone 051 6789 1253.”
“Disponível para assuntos especiais, fone 054 4726 5367”.
Faz um circulo sobre o anúncio e segue a pesquisa:
“Descarrego: Trabalhos de descarrego e remoção de obstáculos, fone 051 9988 4321.”
Após haver minuciosamente lido todos os anúncios classificados, Herculan está diante de apenas três anúncios que tinham a possibilidade de ser o que procurava. Era hora de pensar, Herculan arria o corpo em uma poltrona fecha os olhos e pensa:
“Como vou entrar em contato sem que eu possa ser descoberto”? Certamente devo utilizar um telefone público! É isso ai!
Já passavam das 20 horas. Fechou o escritório e foi tomar uma cerveja no bar da esquina. Após refrescar-se, seguiu a rua a pé até chagar a um orelhão.
- Deixe-me ver, aqui está: “Faço tudo por dinheiro, fone 051 6789 1253.”
- Alô, Faço tudo por dinheiro as suas ordens?
- O que o senhor quer dizer com tudo por dinheiro?
- Ora bolas, posso ser ativo ou passivo como o senhor quiser, sou discreto, e de longe pareço uma mocinha.
- Muito obrigado!
- Alo “é do número 054 4726 5367”.
- Sim meu bem, e estou disponível para resolver os seus problemas sexuais, como impotência, ejaculação precoce e tudo o mais que o perturbar.
- Muito obrigado, mas, foi um engano.
- Alo você está respondendo ao anuncio “Descarrego: Trabalhos de descarrego e remoção de obstáculos, fone 051 9988 4321.” Deixe o seu recado e permaneça junto ao telefone, se este for público. Se for particular, dirija-se a um telefone publico e faça novamente a ligação.
- Estou falando de um telefone público, o recado é: Desejo remover um obstáculo.
O detetive desliga e permanece junto ao telefone: Passados mais de 15 minutos, em que ele já estava quase desistindo, o telefone toca:
- Alô!
- Nunca diga o seu nome, sempre me ligue de telefone público, afinal o que deseja?
- Eu tenho um obstáculo para ser removido.
- Quanto pesa esse obstáculo?
- Uns 110 kg.
- Reúna todas as informações necessárias à identificação do obstáculo, incluindo fotos e endereços onde possa ele estar diariamente, trajetos mais freqüentes. Coloque tudo dentro de um envelope pardo e o encaminhe a caixa postal 224. Após haver recebido o dossiê, irei telefonar, para o número do seu telefone, eu me identificarei como sendo o corretor de imóveis, darei o número de um telefone para o qual você ira telefonar de um telefone público qualquer a sua escolha. Identifique-se como sendo o comprador.
O telefone foi desligado. O detetive ficou perplexo, bateu uma mão contra a outra e disse a si mesmo:
- Fisguei o peixe, agora é só tirá-lo de dentro d’água! Touche!
No dia seguinte, Herculan reúne todas as informações, solicitadas, dando as referencia de sua própria pessoa, endereços e fotos. Colocou tudo dentro de um envelope, endereçou e enviou pelo correio. Disse a si mesmo:
- Muito bem Herculan, agora vamos aos endereços fornecidos pelo Dr. Matiolo Cechinel! Dr. Wilson Nascimento Griebeler; Dr. Francelino David e o Dr. Ricardo Luiz de Oliveira.
Após haver visitado os três senhores, todos nos respectivos locais de trabalho, constatou que nenhum ficara magoado com a vítima, todos encararam os fatos como pertinentes aos cargos que ocuparam na organização, que sabiam que se não alcançassem as metas tudo poderia acontecer.
Três dias já se haviam passados, a espera do telefonema o deixava impaciente. E, ele raciocinava:
- Um dia para a arrecadação, outro para a distribuição nas caixas postais e outro para ele retirar da caixa postal. Hoje é o quarto dia. Hoje ele telefona.
Eram 10 horas da manhã, quando o telefone toca.
Alô! Aqui é o seu corretor? Telefone para o numero 99895679.
- Ora bolas, ainda bem que eu tenho identificador de chamadas, se não saberia o número! Mas interessante essa voz não é a mesma parece mais jovial e mais alegre, embora tenha sido extremamente econômico com as palavras.
Decrois deixa o escritório e se dirige a um telefone público, anda diversas quadras, propositadamente para ficar mais distante possível do seu escritório.
- Alô! É o corretor? Pergunta Decrois.
- Sim.
- Aqui é o comprador.
- O trabalho será feito dentro de 15 dias, a partir de agora, custará R$50.000,00 adiantados. Esteja amanhã às 10 horas na estação rodoviária, posicione-se no nível superior, onde estão instalados diversos telefones públicos, atenda o primeiro que chamar. Leva contigo uma valise contendo os 50.000 em notas de 50 reais.
- Ora bolas! Desligou. “Mui Bien” Decrois, agora é para valer, deste momento em diante, ele pode me conhecer, e, eu não sei quem ele é! Se eu for à rodoviária ele certamente saberá quem sou, e quando ele vir que eu estou mandando matar a mim mesmo, tudo vai água a baixo. Preciso achar alguém que faça esse serviço, mas quem?
“Ta ai a oportunidade do Tipiu começar a aprender a ser detetive, já que ele me vem chateando para ter uma oportunidade de aprender”.
- Alô é o Tipiu? Mire motiato, quer aprender a ser um detetive? Pois tens 15 minutos para chegar até o meu escritório.
- Dá licença Sr. Herculan?
- Entra, entra Tipiu. Senta fica a vontade: Mire Tipiu, tenho um trabalho que preciso que faças. Tu vais à estação rodoviária, no nível superior há um local a direita da escada, onde tem diversos telefones públicos. Você deve estar lá às 10 horas, levando uma valise com C$ 50.000,00 reais em notas de 50. Quando um dos telefones tocar, tu atende e diz aqui é o comprador. Ele vai dar-te algumas instruções, grava-as na memória, ele falara uma única vez. Por enquanto é só isso.
Tipiu, um jovem talento, com 32 anos, bem apessoado, com físico atlético, medindo um metro e setenta e cinco, cabelos castanhos escuros, um abundante bigode, esconde um pequeno defeito no lábio superior direito. Normalmente usa calça de brim e um palitó escuro, a camisa com a gola para fora do palitó.
- Bom dia Senhor Delegado!
- Bom dia Herculan, como vão às investigações. Mas sente-se e me conte tudo.
Decrois faz o relato sobre suas investigações até o momento, finaliza dizendo:
- Bom daqui para diante eu necessito de proteção e um cerco para apanhar o maldito quando tentar me matar.
- Eu acho muito arriscado, colocar a sua vida em perigo.
- Eu tomei alguns cuidados! Por exemplo: Restringi em um único local as atividades diárias, que é a hora do almoço, eu sempre almoço no mesmo lugar, na mesma hora. Isto é quando estou no escritório. No mais é difícil de eu ser encontrado habitualmente.
Dessa forma basta os seus homens, estarem plantados na área, eu acho que ele tentará me atingir quando eu estiver saindo do restaurante, utilizando um dos edifícios que estejam na frente.
- Mesmo assim eu acho arriscado demais!
- Agora ele sabe quem eu sou, pois eu mandei-lhe um completo dossiê meu.
Além do mais necessito dos 50.000,00 para fazer o pagamento, em notas de 50.
- Isso deixe comigo, ele receberá as notas com os números de séries catalogados, onde elas aparecerem, nos investigaremos.
- Bom depois do pagamento, o serviço será executado em 15 dias.
- Deixe-me ver! Nos edifícios da frente, vou substituir todos os serviçais do condomínio por policiais. Além disso, colocaremos diversas câmaras escondidas em todas as extensões de ruas, algumas direcionadas para o alto, onde pode aparecer alguém com uma arma. O centro de operações táticas estará em um veículo estacionado bem longe do local, mas perto o suficiente para receber as imagens por internete.
- Mire Senhor Delegado, eu conto com suas estratégias, pois minha vida dependerá disso.
- Como sabe! Não lhe posso garantir a sua vida em tais circunstâncias, por isso deverá estar com um colete à prova de balas. Quanto aos 50.000 vai depender da promotoria pública liberar. Isso saberei amanhã na primeira hora.
- Mire Tipiu aqui estão os 50.000, que a promotoria pública liberou para o pagamento do assassino que me irá matar.
Tipiu pega a valise e vai à estação rodoviária. Lá chegando, fica a espera do telefonema. Mais de doze policiais, disfarçados de carregadores, taxistas e passageiros a espera de embarque. Tipiu fica tranqüilo esperando, sem saber que os policiais o estavam observando. De repente o telefone toca, ele atende dizendo:
Aqui é o comprador. Uma voz diz:
- Pegue a valise e se dirija a estação do Trensurb, faça isso por dentro da Estação Rodoviária, desça a escada e siga o corredor. Não pare e não olhe para traz. Quando chegar lá pegue o primeiro trem que chegar. Eu estarei dentro do trem para receber a valise. Estarei com um casaco branco com uma rosa na lapela.
Tipiu pegou a valise que estava no chão entre seus pés, e se dirigiu para o metro de superfície, quando ia descendo a escada, foi empurrado e caiu. Um garoto pegou a valise e saiu correndo entre as pessoas. Tipiu levantou-se e correu no encalço do garoto, quando se aproximou do garoto este não mais tinha a valise. Olhou para os transeuntes e não viu ninguém com uma valise igual a que fora roubada dele. Quando olhou para onde o menino estava, não mais o vê. Tipiu fica atônito, uma reação química no seu corpo, faz com que ele suasse com grande intensidade. Pega o telefone celular e liga para Decrois, colocando-o a par dos acontecimentos.
- Mire Tipiu, o que eu vou dizer ao delegado, e ele, o que vai dizer ao promotor?
- Eu não tive culpa, apenas deu errado.
Nesse momento o telefone, com o qual Decrois manteve o primeiro contato com o Corretor, toca:
- Alô, é o comprador!
- Aqui é o corretor. Recebemos o numerário, tudo está perfeito. A remoção será efetuada nos próximos dias.
O telefone é desligado. Decrois fica perplexo. Bate uma mão na outra e diz a Tipiu:
- Tudo está certo, você não foi roubado! A entrega foi feita. Touche.
As atividades dos detetives e dos policiais foram incessantes nas horas seguintes.
Tudo preparado, Decrois passou a utilizar o colete à prova de balsas de última geração, capas de impedir a penetração de uma bala de cinqüenta milímetros. Nos prédios próximos ao restaurante onde Herculan Decrois almoçava diariamente, continham mais de 50 policiais disfarçados. Uma verdadeira operação de guerra fora articulada.
O ATENTADO
Três dias depois. Herculan está saindo do restaurante, às 13:00, quando recebe o impacto de uma bala no peito, coloca ambas as mãos no peito e se deixa cair ao solo, os policiais que estavam por perto correram em seu auxilio, a bala teria partido de um dos edifícios a frente do restaurante. Nesse momento o carro de controle da operação da o alarma de inicio, são interrompidas todas as saídas dos prédios e identificadas todas as pessoas. Uma busca esmerada feita pela policia descobriu a arma do crime, um rifle 42 mm com mira telescópica. A arma estava acondicionada em uma mala de carregar violino.
Apenas três pessoas não puderam explicar corretamente o que faziam no local, todos os demais tinham motivos para lá se encontrarem. As três pessoas, sem justificativa palpável eram: Um homem de 39 anos que procurava um apartamento para alugar, Um garoto de 17 anos, que procurava um colega de aula, e que provavelmente teria se equivocado com o edifício. Uma mulher de 32 anos, que alegou estar procurando emprego de doméstica.
A perícia técnica não encontrou nenhuma digital, a arma estava limpa. Os três suspeitos quando periciados, nenhum tinha resíduos de pólvora, nas mãos ou nas roupas. Todos foram identificados e dispensados.
Às 16 horas, Decrois sentado em uma poltrona no escritório, conversa com Tipiu.
- Mire Tipiu, E, se o atirador, tirou as luvas e a camisa, ou uma proteção de mangas, não teria vestígios de pólvora.
- Sim, mas não foi encontrada nenhuma roupa e luvas junto da arma.
- Sim, mas, e se tivesse colocado no lixo.
O imenso detetive bate uma mão na outra e diz:
- Tipiu, telefona para o restaurante onde almocei, e pergunta a que horas passa o caminhão que recolhe o lixo.
- E para já! Alô o senhor pode me informar a que horas passa o caminhão do lixo? Muito obrigado! Passa às 5 horas da manhã.
- Vamos dar uma de lixeiro Tipiu, amanhã às 4 horas vamos recolher certo lixo para examinar.
Às 4 horas da manhã do dia seguinte, Herculan Decrois e Tipiu encostam o carro na frente do Edifico de onde partira a bala certeira. Enchem o porta malas e a parte traseira do carro de lixo e vão embora. Adentram na garage da residência de Herculan, fecham à porta, descarregam os sacos de lixo. E, começam a abri-los um a um. Haviam aberto mais da metade dos sacos, quando Decrois, diz:
Mire Tipiu! Aqui está! Um par de luvas, um par de mangas plásticas e uma camisa de brim. Aposto que há vestígios de pólvora nesses materiais.
É isso Senhor Delegado, pode mandar examinar esses materiais para ver se há impressões digitais e vestígios de pólvora.
No dia seguinte, o resultado da perícia acusou a presença de pólvora nas peças analisadas. No interior das luvas havia impressões digitais que coincidiram com as do menino de 17 anos.
- Bem Senhor Detetive, agora teremos de agir, pois temos provas materiais de que o menino é o assassino de aluguel.
- Mire Senhor Delegado! Isso é uma organização, o menino, me parece que é apenas o executor. Se o prender certamente não descobrirá os verdadeiros culpados.
- Tem razão Senhor Detetive! Temos de traçar uma estratégia.
- Sugiro que mande seguir dia e noite o garoto até descobrirmos uma nova pista, que nos leve aos mandantes. Enquanto isto tomarei algumas providências.
- Não esqueça que o caso é da alçada da policia, qualquer coisa que descobrir terá de me comunicar imediatamente.
- Com certeza, fique tranqüilo Senhor delegado!
O grande detetive sai da delegacia pensativo:
- Um garoto de 17 anos atirando daquela maneira! É inacreditável, pois teria de treinar muito para atingir tal desempenho.
O detetive bate uma mão na outra.
- É isso, vou investigar as escolas que preparam pessoas para atirarem, vamos ver se o garoto treinou, ai teremos certeza de que ele é o atirador.
- Senhor Delegado! É Herculan Decrois!
- Pode falar Detetive
- Mire Senhor Delegado. O menino para atirar daquele jeito, tem de ter praticado em uma academia de tiro, não acha, pois bem eu sugiro que o Senhor mande examinar todos os arquivos de fichas de alunos para ver se o garoto freqüentou uma escola de tiro.
- Muito boa sugestão Sr. Herculan, faremos mais que isso, vamos levantar tudo sobre o garoto.
- Herculan Decrois falando!
- Bom dia detetive! Aqui é o Delegado Salustiano, como está?
- Muito bem Senhor Delegado!
- O resultado das investigações sobre o garoto, imagine que ele é filho de um coronel da brigada militar, nunca esteve em nenhuma academia de tiro. Também pudera o pai o treinou em diversas armas inclusive as de longo alcance. Agora temos certeza de que ele é o atirador.
- Mire Senhor Delegado! Sabe se o garoto tem algum distúrbio mental?
- A sim, ele se trata com um psicanalista desde os cinco anos, parece que sofre de alguma anomalia psíquica.
- Quem é o psicanalista do garoto? O senhor sabe me informar?
- Não! Mas podemos apurar este fato com facilidade, o pai do garoto embora ainda não saiba que o filho é suspeito de ser o serial killer, se colocou a disposição para quaisquer informações.
- Muito obrigado, ficarei no aguardo.
Uma semana depois:
- Bom dia! Aqui é Herculan Decrois. Desejo falar com a DNA Cristina, por favor!
- A dona Cristina já vai atendê-lo, um momento, por favor!
- Cristina falando!
- Bom dia DNA Cristina, é Herculan Decrois o detetive. Já concluímos as investigações e quero lhe apresentar os resultados.
- Pode vir a minha casa.
- Mire DNA Cristina! Eu pretendia fazer a minha apresentação, no hotel Rex, onde estou hospedado momentaneamente. Já preparei uma sala de conferencias para a reunião. Aconselho que a senhora seja acompanhada por seu amigo e conselheiro Dr. Luiz Vagner Thomas de Farias.
- O senhor tem certeza que deve ser no Hotel e não em minha casa.
- É condição necessária para uma boa apresentação e entendimento de todo o caso. A reunião está marcada para amanhã às 10 horas.
- Estaremos lá. Um bom dia, detetive.
A sala do hotel estava pronta, uma grande mesa para 10 lugares, com uma toalha vermelha, dez cadeiras com estufados da mesma cor, circundavam a mesa. Uma cortina bordo do teto até o chão cobria totalmente a parede que dava para uma das cabeceiras da mesa.
Às 9:55, chegou DNA. Cristina acompanhada por seu analista. Aposto, esperando, estava o grande detetive Herculan Decrois.
- Bom dia! Bom dia! Por favor, entrem, abrindo a porta da sala, tomem seus assentos, por favor.
O psicanalista se adiantou, afastou uma das cadeiras da mesa, Cristina posse no lugar, ele aproximou a cadeira e ela sentou imediatamente ele se acomodou na cadeira ao lado. Decrois arriou seu pesado corpo na cadeira que estava na cabeceira da mesa, colocou ambos os cotovelos sobre a mesa, trançou os dedos das mãos, vez uma rápida inversão, movimentou o ombro esquerdo, logo fez o mesmo com o direito. Afastou uma mão da outra, colocou-as separadas e apoiadas sobre a mesa apenas as pontas dos dedos encostavam-se à mesa. E, disse:
- A mais de 30 dias, fui contratado para fazer uma investigação sobre o assassinato de vosso saudoso esposo, durante este tempo, como fora determinado, enviei um E-mail por dia para a senhora, relatando todas as minhas atividades e o que pretendia fazer, para que a senhora pudesse avaliar o meu desempenho no caso.
É o momento de dar uma conclusão ao meu trabalho, para tanto, farei algumas considerações, e, para tanto uma retrospectiva de todo o caso. Espero que tenham a paciência de ouvir o meu relato.
O detetive, nesse momento pegou uma pasta que estava ao seu lado, abriu-a e de seu interior retirou um envelope volumoso. E, continuou:
Dentro deste envelope estão às provas de tudo o que pretendo apresente a senhora, também estão às notas de despesa e os recibos dos meus honorários.
Inicialmente, minhas investigações focaram os executivos da empresa que ele administrava como presidente. Nesta fase não foram encontradas nenhuma evidência que nos pudesse levar a um possível suspeito.
Passamos a imaginar como seria possível contratar um assassino. Resolvemos procurar nos classificados, algum anuncio que disfarçado fosse de um assassino, conforme lhe havia antecipado por E-mail. Telefonamos a todos que de uma maneira ou de outras pudesse ser do que procurávamos.
Após diversas ligações, uma respondeu como sendo o que queríamos. Numa linguagem codificada acertamos a contratação do meu próprio assassinato, pelo pagamento de 50.000,00. Armamos uma cilada com a cooperação da policia, pois o único lugar em que eu diariamente saia na mesma hora era do restaurante que eu almoço todos os dias.
Recebi um tiro no peito, porem estava com um colete à prova de balas. A policia cercou o prédio de onde partira o tiro, foram presos três suspeitos, foi encontrada a arma que matou as cinco pessoas, incluindo o seu marido. A arma estava limpa, sem uma única digital. Foi encontrado no lixo um pacote contendo luvas, mangas e panos. No interior de uma das luvas havia uma impressão digital que coincidiram com as de um dos suspeitos. Um menino de 17 anos, que no dia do atentado aminha pessoa, se encontrava no prédio de onde partiu o disparo. As investigações feitas pela policia, levaram a família do suspeito, um militar de destaque nas fileiras militares. O rapaz de excelente comportamento social, quando interrogado, mostrou desconhecer qualquer detalhe dos assassinatos, inclusive não se lembrava de que no dia da tentativa de meu assassinato, estivera naquele prédio. Buscamos saber se o adolescente tivera instruções de tiro nas academias de tiro ao alvo de nossa cidade. O resultado foi negativo, mas o seu pai nos informou que o garoto sempre o acompanhava nos treinos de tiro no quartel, e que lá também aprendera a atirar com diversas armas, inclusive as de longo alcance. Com permissão do pai do menino, ele foi submetido ao detector de mentiras, o rapaz fala a verdade quando diz não saber de nada do que aconteceu. No entanto não há dúvida nenhuma de que foi ele que apertou o gatilho da arma que desferiu a bala que me atingiu.
- Mas Sr. Herculan! Qual o motivo que teria esse menino para matar cinco pessoas e tentar contra a sua vida? Argüiu a viúva.
- Quero ”creer” que as cinco mortes, foram uma armação diabólica, para encobrir um único assassinato, o do seu marido.
- Mas quem teria interesse em matar o meu marido?
- Provavelmente alguém próximo da senhora!
- Não entendo, e o garoto onde entra em tudo isso?
- O garoto foi usado por uma mente maligna, que arquitetou tudo.
- Mas como pode alguém usar um garoto para a prática de um crime?
- A mente diabólica, criou no garoto uma espécie de Alter Ego, ou utilizou-se de hipnose.
O Grande detetive enquanto falava, olhava atentamente para o psicanalista.
- O mais surpreendente foi quando o delegado descobriu que o adolescente era cliente do Dr. Luiz Vagner Thomas de Farias a mais de 10 anos.
Nesse momento o delegado abre a cortina e diz ao Psicanalista:
- O Senhor está preso pelos assassinatos de cinco pessoas e tentativa contra a vida do detetive Herculan Decrois.
A viúva fica perplexa, e parece não entender o que está ocorrendo, e pergunta:
- Senhor Detetive Herculan! O senhor quer dizer que o meu psicanalista é o mentor dos assassinatos incluindo o do meu finado esposo?
- Sim! Minha senhora! Ele através da senhora tinha conhecimento de todos os meus relatórios, apenas omiti as providências da policia, pois estas não diziam respeito ao compromisso que eu tinha de lhe relatar tudo em detalhes.
Quando ele teve conhecimento de que eu procuraria nos anúncios classificados a venda de pistolagem, ele colocou o anúncio, e resolveu mandar o seu escravo psicológico dar cabo de mim. Assim a senhora saberia que o assassinato de seu marido teria sido encomendado, como os demais. Ai ele saia de cena e tudo ficaria por isso mesmo.
- Mas por que ele fez isso?
- É obvio de que pretendia casar com a senhora.
- E, o menino assassino?
- Ele serviu apenas de instrumento utilizado pelo assassino. Não sabe e nem saberá o que aconteceu.