Emagrecimento azarado ou um trato arriscado

" Escreva 100 vezes... Eu não sou médica..."

Cada vez que ela se olhava no espelho, via uma imagem torta e tudo ali ficava redondo em demasiado, pois a sua paranoia com o peso ideal, era exageradamente algo fora do comum.

Tudo na vida das mulheres é um drama com complicações meio complexas. Não consigo ver uma mulher sendo prática ou simples como os homens, pois eles agem e encaram tudo sem necessitar tantas frescuras.

Certa vez, a mulher que vou contar a estória...

Bem, vamos dar um nome para ela...

Bella havia despertado decidida à fazer um regime daqueles faraônicos, mas ela era meio pão-dura e não suportava gastar em demasiado. Ao invés de ir em um Médico que conhecia há anos, resolveu pegar um táxi e ir até onde os Judas perdem as botas e ninguém encontra o par correto.

Chegando no local, achou tudo muito feio, sujo e não era um consultório igual ao que ela sempre ia. Mas, a consulta era apenas 100 reais e no outro consultório 1500 reais. Ela queria uma receitinha e não seguir um Médico que mal conhecia. Pois, pagou disse o que queria, ele ouviu e foi escrevendo como ela assim lhe falava.

Bella saiu toda feliz e foi fazer seus medicamentos. Ela retornou ao consultório 2 vezes e na terceira a enfermeira havia confirmado a consulta, mas o médico não estava. Ela pensou que seria uma viagem perdida e estava indo embora, quando a enfermeira lhe chamou e lhe deu 1 bloco de receituário e um carimbo. Disse que o médico não ia voltar e se ela quisesse podia usar o bloco e carimbo, porque iria jogar no lixo.

Como era louca por emagrecer, aceitou e só pensou em ser tudo prático.

Ás vezes crescemos e não descobrimos que mesmo brincando de Médico, Professor, Bombeiro, Policial e Terrorista, não somos na verdade aquelas personagens. Ao crescer tudo aquilo que era uma brincadeira, fica sendo direcionado à outros sentidos, quais nunca são certos.

Bella usou mais 2 vezes as receitas e logo tudo virou um enorme susto. Havia um homem forçando sua porta, ela se assustou e resolveu chamar a polícia dizendo que um ladrão estava tentando invadir sua casa.

O homem gritou do outro lado:

- Eu sou a polícia!!!

- Nossa! Que rápido!!!

- Então abra a porta, para eu entrar!!!

- Como vou saber que é um Policial e não um bandido mentiroso?!

- Ah! Eu sou um Policial, vá até a frente da sua casa e veja a viatura!!!

- Tudo bem, espera aí quietinho que já volto...

Ela foi olhar e viu a viatura. O amigo do policial, fez sinal de "ok" e disse:

- Ele é Polícia, pode abrir para ele. _(colocando a mão na cabeça com ares de não acreditar)

Bella correu e foi abrir para o Policial, pedindo desculpas e perguntando o que ele estava fazendo naquela porta, se não existia entrada da rua e apenas era uma área de luz. Logo ele se apresentou e mostrou um papel do Juíz que mandava fazer uma busca e apreensão na casa dela, devido aquelas receitas que ela havia usado.

Ela disse que não era para haver tanto exagero, pois não tinha feito nada errado e só estava fazendo regime para emagrecer. O Policial olhou para ela e não via onde ela tinha que emagrecer. Chegou achar que estava mentindo e perguntou se ela fazia parte de alguma quadrilha que falsificava documentos. No mesmo instante ela respondeu que jamais teve conhecimento de quadrilha alguma ou nem estava falsificar nada.

Vendo tudo e ouvindo cada detalhe da estória, o policial descobriu que tinha um pepino nas mãos, pois não podia prender alguém tão ingênua ou tola. Pior, por conta de desejar emagrecer!

Então foi conversar com o amigo, qual foi embora e depois conversando com Bella, lhe explicou que ela teria de se apresentar com ele na Delegacia, e assim conversar com o Delegado.

Foram os dois caminhando até a Delegacia, no caminho ele perguntou:

- Por que, quer tanto emagrecer?

- Eu era Modelo e era muito magra... Casei e sofri muito, pois o ex-marido me agredia, me chamava de feia, gorda, baranga e vivia rindo da minha aparência. Então comecei fazer regimes e não consigo parar. Sou separada, ele me traiu e ficou com outra mulher. Eu não quero mais ele, apenas quero ser magra. Tudo que eu quero é ficar magra.

- Mas, você já é magra! Veja! É magra, linda, educada e pelo que vejo fez besteira sem saber.

- Eu tinha um Médico, mas ele era muito caro. Não poderia pagar uma consulta tão alta e resolvi ir neste Médico mais barato. Ele não existe, né?!

- Nem é o fato dele não existir, você está com talão e carimbo... Pela lei, você está fazendo o que não deve.

- Eu vou ser presa?!

- Não sei, vamos conversar com o Delegado... Moçaaaaa, você é tão linda, mas fez errado.

Chegando na Delegacia, o policial bateu na sala do Delegado e Bella ficou sentada aguardando na recepção. Dava para ouvir os berros saindo da sala e o Delegado era muito bravo. O Policial saiu com a cara meio que sorrindo, mas sério e disse:

- Vai lá! A fera é sua!

O coração de Bella acelerou e ela foi entrando na sala, dando de frente com um homem invocado, que até fazia semelhança com aquele Chefe da personagem de TV, o Dino da Silva Sauro. Este Chefe era malvado e muito bravo... Ele devorava os funcionários só com o seu olhar fuzilante!

- Pode confessar... Você é uma golpista que falsifica documentos... Você tem uma quadrilha e quero saber onde estão todos... Vamos abrindo o jogo!!!... Quero nomes, lugares, quantia cobrada e tudo sujo que vocês fazem.

- Eu não sou bandida. Não tenho que confessar isto, pois não fiz e nem vou fazer. Não tenho nomes e dinheiro, também não!!!

- É? Explica o receituário e o carimbo!!!

- A Enfermeira me deu, eu contei a minha estória para ela e vai ver ficou com pena ou é boazinha.

- Está me achando com cara de otário?!

No mesmo instante chega uma Investigadora que começou gritar com Bella:

- MENTIROSAAAAAA... Desembucha logo! Já sabemos tudo, está pensando que vai enganar a gente?!

- Eu não sou mentirosa!

- COMO É VADIA! Você quer que eu tire à força a confissão?!

Nisto Bella começa à chorar e diz:

- Não sou bandida, não sou vadia e não vou confessar o que vocês estão inventando!!!

- Vou colocar você junto com as detentas e elas vão gostar desta pele de pêssego...

- Não fale assim comigo!!! Eu não vou ficar no meio de detentas!!! Eu tenho nível superior, cursei Universidade e por lei não podem me fazer isto!!!

O Delegado levantou e olhou muito sério para a investigadora, qual saiu pisando fundo da sala...

- Ok! Vamos conversar eu e você... Olhe nos meus olhos... Fale o que fez e por quê?!

- Eu quero emagrecer... Sou gorda e preciso ficar linda outra vez... Estou feia, virei uma baranga e sei disto!!! Eu vejo no espelho todos os dias, que preciso emagrecer!!!

- EMAGRECEEEEEEEEEER????!!!

- Sim!!!

- EMAGRECER, SÓ SE FOR NO CÉREBRO, FAÇA UMA LIPOASPIRAÇÃO E DE REPENTE, MORRE LOGO!!! O QUE PENSA QUE É???! SUA IRRESPONSÁVEL, IDIOTA, BURRAAAAA... ARRRRRGGHR

O Delegado saiu da sala, batendo a porta furioso.

Bella chorava assustada. Ela nem sabia o que estava para acontecer... Ficou nervosa imaginando se ficasse presa. Muitos trovões, raios e tempestades juntos dentro da cabeça dela e a sensação do desespero era sufocante.

O Delegado retorna a sala e Bella começa perguntar:

- Eu vou ser presa?!

- Você tem família?

- Não, sempre fui filha única e só vivia com os meus pais. Casei, separei por que apanhava do ex-marido e voltei à viver com os meus pais... Eu perdi os meus pais...

- Encontre-os!!!

- Não posso! Eles morreram em um acidente. Isto faz um ano e meio, foi quando voltávamos de um feriado no Carnaval. Então, um carro fez uma ultrapassagem e bateu no nosso carro. Foi tudo muito rápido e ninguém conseguiria evitar. Quando o carro já estava parado, eu ouvia a buzina disparada... Meu pai caído no volante e minha mãe...

- O que aconteceu com a sua mãe?! Fez tantos regimes que evaporou-se?!

- Minha mãe teve a cabeça decepada pelos ferros do outro veículo e estava no chão... É isto que eu consigo ver.

Ficando calada, Bella baixou a cabeça e se encolheu feito um animal acuado. Suas lágrimas escorriam a face e nada ali importava mais.

O Delegado ficou chocado e queria ter poderes em voltar no tempo, para não ter dito besteiras da mãe de Bella. Porém, já tinha feito e para não amolecer deu um grito:

- Se eu fosse seu pai, já tinha levado umas palmadas e certamente estaria de castigo!!!

Saindo outra vez da sala, mas sem bater a porta desta vez.

Passaram 20 minutos...

O Delegado entra na sala e pergunta:

- Bella, você tem outra pessoa que possa vir aqui na Delegacia?

- Não tenho.

- Alguma amiga?

- Acho que sim...

- Ligue para ela...

- Eu posso?

- Sim.

- O que vou falar? Eu estou presa?!

- Não... Quero que alguém venha pagar a sua fiança. É só isto!

Bella telefonou para a amiga que ao atender estava toda amiga daqui e dali, mas ao ouvir sobre todo aquele problema, simplesmente desligou o telefone.

O Delegado mandou ligar outra vez e ela não atendia. Ele pegou o telefone e fez a ligação para ela com o outro número particular... Quando a amiga atendeu, só ouviu:

- Escuta aqui! Amiga como você, ninguém precisa!!! Eu sou o Delegado e tenho certeza que tu não é amiga de ninguém!!! Amigos não abandonam um amigo em apuros. Fútil que você é!!! Fútil e inútil!!!

Ele desligou o telefone e olhou para Bella. Ele estava bravo outra vez, mas com ar preocupado e um tanto perdido.

Ele levantou outra vez e saiu da sala sem bater a porta.

Logo entrou o Policial que havia vindo com Bella e sentou-se ao lado dela puxando conversa...

- Quando eu era criança, meus pais me levavam para pescar. A gente ficava apostando quem conseguiria o peixe maior. Era uma disputa que valia pontos. A gente dava tudo de nós e quem mostrasse trabalho, era gratificado com um bolo gostoso de fubá que minha mãe fazia.

- Que bonito! Minha mãe também fazia bolo de fubá e sempre me deixava com o pote e a colher... Ela fazia os melhores bolos que já comi... Por que ninguém me colocou presa até agora?!

- Porque a gente achava que iria encontrar uma quadrilha no seu endereço, mas ao te encontrar vimos que não era o que imaginamos. Acontece que toda Delegacia ganha méritos quando tem sucesso em uma busca e apressão. É feito a pesca e o bolo de fubá... A gente disputa quem vai ganhar o bolo de fubá... A gente apostou que você era bandida e você não é. Estamos todos complicados.

- E como vamos resolver?

- O Delegado está pensando.

Passando meia hora...

Ele entra na sala, estava mais calmo. Então, começa mexer nos documentos em cima da sua mesa e pergunta:

- Você pode pagar a fiança?

- Se for cara, não.

- Quanto consegue pagar?

- Não muito, pois tenho contas para pagar e nunca me sobra nada.

- Preciso cobrar uma fiança, você fez errado e teremos que resolver isto depois. Só que não pode sair daqui da Delegacia, senão vão te colocar em um Centro Provisório... Você me pôs em uma situação, qual não quero. Eu realmente achei que você fazia parte de uma quadrilha, mas não é isto. Não passa de uma menina que cresceu e não teve juízo. Estou sendo sincero, outra Delegacia não teria toda esta consciência... Já vi pessoas serem presas e depois tentarem provar que houver equívoco, mas são presas sem tantas delongas. Você me superou e não consigo te prender... Tem conta em banco?

- Sim eu tenho, mas não tenho mais que 30 reais.

- Só isto?!

- Sim, eu pago todas às contas e quase não me sobra nada.

- Este teu quase nada, eu dou de gorjetas ao flanelinha!

- Mas, é o que eu tenho.

- Vou fazer um depósito em sua conta e você vai no caixa eletrônico com Raphael, o Policial que veio com você.... Vocês pegam o dinheiro, mas voltarão para a Delegacia, ok?!

- Por que vai fazer isto?

- Não lhe devo explicação. Vai agora!!!

Bella saiu com Raphael, qual estava a paisana. Eles foram para um caixa eletrônico nas proximidades do DP. Chegando lá, só havia 30 reais... O depósito não havia caído ainda. Bella estava nervosa, porque no meio do caminho, Raphael lhe contou que eles tinham até às 17 horas para pagar aquela fiança, senão era iria ficar presa. Ambos estavam nervosos e fazendo diversas tentativas, para o dinheiro cair em conta. Dentro daquele banco no meio dos caixas eletrônicos com pessoas na fila,estava estranho demais. Realmente era algo incomum e nunca ninguém imaginaria alguém indo pegar dinheiro em caixa eletrônico... Não alguém que estava "detida" em uma Delegacia. Raphael levantou um tanto a camisa na hora que Bella deixou o cartão cair no chão e umas pessoas viram a sua arma. Estavam pensando que ele era um sequestrador, porque se encolheram e nem fizeram questão de passar a frente dos dois.

Olhando para o relógio, Raphael pegou a mão de Bella e disse:

- Vamos correr!!!

Os dois corriam em disparado até outra unidade de outro banco...

Chegando, Raphael pegou a carteira e retirou seu cartão, que era daquele banco... Ele pegou o dinheiro de sua conta, segurou a mão de Bella e saíram correndo no meio dos carros, em um trânsito todo engarrafado. Na direção dos dois vinha Marcos o outro Policial, que estava a paisana também. Ele gritava:

- Vocês conseguiram???! Conseguiram???!

No meio dos carros ele chegou até Raphael e Bella que gritaram:

- Conseguimos!!!

- Então o dinheiro caiu?

- Não, eu peguei na minha conta!!!

- Sim, o Raphael me emprestou.

- Eu estava vindo para pegar na minha conta, pois não pode ser presa!!!

Bella olhou para os dois e com um olhar todo doce...

- Obrigada, vocês não existem!!! __(Beijando o rosto de cada um)

Os três pulavam abraçados no meio dos carros, quais não sabiam o que estava acontecendo. Dava para imaginar que era uma filmagem ou um crime de assalto, pois nitidamente se via que ambos estavam armados.

Logo em seguida foram para a Delegacia e entregaram o dinheiro para Frederico, qual fazia a contabilidade do DP. Bella assinou a ata de fiança policial e todos se adentraram em colocar um fim no ocorrido. Ela quis falar com o Delegado, mas ele estava atendendo outras pessoas que surgiram e assim, resolveu ficar com Frederico que aparentemente era sério e calado, mas intrigante.

Estava tocando uma música na rádio, era uma faixa de um cantor sem futuro e Bella perguntou:

- Frederico... Você gosta desta música?

- Estou ouvindo ela, porque só tem esta rádio funcionando.

- Já tentou pela internet?

- Não! Pela internet dá?!

- Sim! Dá para ouvir, para dançar e tem tantas escolhas!!!

- Juraaaaaaa?! Eu precisava de uma amiga assim, como você!

- Eu adoro músicas árabes, eletrônicas, jazz... blábláblá...

Bella e Frederico viraram amigas de infância e até chá ele fez para ela.

Geralmente dentro de uma Delegacia não acontecem destas coisas, mas Bella tinha um poder em interagir com às pessoas. Isto era surpreendentemente especial.

Quando o Delegado entrou na sala de Frederico, se deparou com Bella lhe ensinando a dança do ventre... Uma dança árabe.

- Fredericoooooo... ATÉ TU?!

- OPS!!! Delegado, me desculpa... Nunca ninguém me ensinou à dançar esta dança, e ela sabe!!!

- É?! ... Sabe tanto que vai escrever para mim...

- Escrever?! O quê?!

Ele pegou umas folhas de sulfite, uma caneta e deu para ela, lhe olhando todo sério.

- Escreva 100 vezes... Eu não sou médica, mas sou linda, inteligente e magra.

Ela olhou para ele e ele para ela...

- 100 vezes?!

- Sim. Se reclamar aumento para 1000 e só vai sair daqui depois que terminar. Entendido?!

- Sim.

- Comeceeeeeee...

Passaram horas...

Bella estava com as mãos doloridas e cansada. Havia feito tudo e esperava o Delegado ficar livre, pois estava assinando documentos, boletins e atendendo à todos que chegavam no DP. Tudo aquilo na cabeça dela parecia imaginação e estava feliz, porque mesmo no meio de tantas coisas, não estava presa.

Já era noite...

O Delegado entrou na sala de Frederico, viu Bella dormindo sentada, com a cabeça sobre os braços e ela parecia uma anjo... Deu risadas dizendo:

- Minha filha! _ (Deixando uma leve lágrima cair do olho direito)

Ele pediu para Frederico lhe avisar, quando ela acordasse. Ele voltou para sua sala e ficou com todos aqueles documentos intermináveis.

Aquela Delegacia era semelhante à um campo de guerra no Oriente Médio, pois fervia e sempre que ia ficar calma, um novo terrorista explodia uma bomba diferente.

Ao acordar Bella foi em direção à sala do Delegado, qual estava terminando de editar umas coisas em seu computador, mas parou quando viu ela em frente a sua sala.

- Entre...

- Eu quero lhe agradecer, vou buscar o dinheiro no caixa eletrônico para lhe devolver e quando eu receber pagarei à Raphael... Tenho um processo, né?!

- Sim, mas não se preocupe, porque vou lhe ajudar à resolver... Eu já tinha que ter saído... O meu plantão se encerrou às 18 horas... Me aguarde um pouco, vou terminar de guardar minhas coisas e te darei uma carona até a sua casa.

- Nããão... Não é necessário!

- É sim, pois está muito tarde.

Ela não teve como dizer mais nada e ficou esperando o Delegado.

15 Minutos depois...

Os dois saíram do DP e foram até o estacionamento, onde estava o carro do Delegado. Ao entrar no carro, Bella viu uma fotografia de uma mulher e uma menina. Logo deduziu, serem esposa e filha dele.

- São lindas!

- Obrigado.

- Qual a idade da sua filha?

- Se estivesse viva, teria a sua idade.

- Desculpa... Sinto muito.

- Perdi às duas em uma emboscada na frente da minha casa. Era aniversário de Eva... Fomos jantar fora em um Restaurante que ela muito gostava. Então, na volta a minha filha me pediu para comprar rosas e eu entrei em um Hipermercado, qual não tinham rosas, mas haviam orquídeas lindíssimas... A gente deu para ela... Dava para ver o seu sorriso e aquele olhar tão doce. Entrei no carro, mas não percebi que no estacionamento um carro nos observava. Fui dirigindo até chegar em nossa casa, quando saíram 4 homens do carro atrás e começaram à disparar. Eu gritei para elas se abaixarem... Saírem do carro e se jogar no chão... Eu peguei minha arma e enfrentei os caras... Eles eram uns pilantras que nem sabiam com quem estavam mexendo... Matei todos... Fui buscar todos em todos os buracos, imagináveis e inimagináveis... Elas morreram quando tentavam sair do carro e eles fugiram... Depois que enterrei minha esposa e filha... Fui buscar um à um.

Ela ficou muda e nem sabia mais o que dizer. O Delegado ligou o carro e foi levando Bella para a casa. No caminho ela não falou nada e ele percebeu que ela não queria falar. Então disse:

- Na vida existe felicidade, existe ausência, existe incompetência, existem erros, existem tristezas e não existem acasos, pois quando alguém encontra algo de que verdadeiramente necessita, não é o acaso que tal proporciona, mas a própria pessoa; seu próprio desejo e sua própria necessidade o conduzem a isso... É uma frase de Hermann Hesse. Ele era um escritor e pintor alemão, qual ganhou o Nobel em literatura. Eu tenho muito dele.

- Lamento muito e lhe compreendo perfeitamente. Esta perda trágica é algo muito vazio, qual nos faz buscar o sentido direto no indireto. Assim, tentando somente acalmar a dor, eu muitas vezes encontro problemas e até alegrias. Eu busco esquecer tudo sempre.

- Vamos esquecer este seu emagrecimento azarado e vamos fazer um trato arriscado?!

- Tudo que é arriscado, está vivo e eu só faço trato com quem vida têm... Eu aceito!!!

- Muito bem!

O Delegado deixou Bella na casa dela e foi embora para a casa dele. Algo muito especial estava acontecendo e não era um simples acaso. Realmente não era.

Passaram alguns dias...

Na Delegacia sempre tudo é agitado, complicado e sério. É um típico lugar de quem realmente tem saco para suportar, encarar e conviver. Muitos casos confusos acontecem sempre e dentre muitos ainda surgem as tragédias, confusões, disputas, obrigações e desentendimentos, quais absorvem uma irreverência do humor obscuro que às vezes chega ser sádico.

O Delegado, este ninguém ainda sabe o nome...

Pois, bem! Daremos um nome à ele que lhe vista a personagem.

Leônidas Figueiredo Pessoa Lins, é um Delegado que tem um caráter muito respeitado por todos e ninguém faz nada que seja igual à ele. Um homem ríspido, correto, determinado, forte, bravo, inteligente, experiente, analisador e com um coração onde quem entra, realmente merece.

Ele em um momento que não foi acaso, pois não existe nada que não tenha sido uma necessidade ou busca... Com todos aqueles acontecimentos e o encontro com Bella... Em algum momento, algo lhe adentrou o sentimento paterno, qual ele sentia a falta há muitos anos. Era tudo muito especial, algo que seria um alimento para sumir com toda a tristeza, qual um homem sente ao perder a sua família. Certamente ele não perderia Bella... Não perderia, por nada!!!

Continuação __(Isabella Bouchette Castellano, uma moça educada, linda, com um jeito cativante de ser e aquela Bella do emagrecimento azarado... Ela havia feito um erro, mas alguém em algum lugar resolveu lhe dar uma super chance e o maior presente de sua vida... )

09:30 da manhã em uma Chácara da cidade...

- Eles são lindos! São tão livres e ninguem consegue este brilho intenso com tanta alegria e postura. Você cuida muito bem deles!

- Aquele ali na ponta e sozinho, embaixo da sombra na macieira... Ele ainda é selvagem e o meu grande desafio. Dei o nome de Sleipnir, igual a montaria mágica de Odim. Um corcel negro de 8 patas e o mais veloz do mundo, que cavalgava em terra, mar e ar. Diz a lenda nórdica que Odim entrava em Valhala montado em Sleipnir... Seu nome é suave e plana no ar, igualmente ao que eu quero sentir, quando estiver montado sobre ele... Eu sei que chegará este dia e vou estar sorrindo de braços abertos no meu reencontrar!

Bella em um instante intristeceu-se e baixou a cabeça, deixando lágrimas caírem sobre a pele tão suave e rubra.

- Hey?! Não vamos pensar nisto como um fim, ok?! Ainda vou ficar muito tempo para domar Sleipnir e você vai poder estar comigo sempre que quiser!!! Depois terá que me guardar no coração, é a vida minha filha!!! A vida é um empréstimo para nós encontrarmos a motivação, a evolução e a doação. Não encontrarei ninguém capaz de me compreender se não for você... Você é um anjo iluminado e um tanto sem juízo. Tenho muito trabalho com ambas às minhas paixões... Você e Sleipnir!!!

Leônidas abraçou fortemente Isabella, que suspirou em um abafado choro. Ela em seu pensamento fugia das tristezas e estava feliz, pois havia encontrado um lugar que tanto buscou. Era assim, dentro do coração de alguém que buscava o mesmo que ela. O lugar mais puro e verdadeiro, qual jamais a visão perdida da família, poderia adentrar novamente. Então, ela teria que estar com ele, sem deixá -lo ir.