DIA DE PLANTÃO
Assim funcionava o plantão naquela região policial, todos concorriam à escala,dias de trabalho ocara assumia o serviço e voltava para sua repartição até final do expediente matutino, então assumia o plantão até todos retornarem do almoço, quando então fazia novamente o seu trabalho normal. Ás 18h Carlos já estava no seu local no plantão, seu colega e chefe da equipe era Joaquim. Logo seguir chegou no plantão uma equipe de policiais de Sanga Rasa que vinham a Santa Rita em busca de ladrões que roubaram um veículo e grande quantidade de material usado em lavouras, nessa contenda feriram um homem à bala e o rapaz estava à beira da morte.Disse o líder da equipe que iriam averiguar algumas informações e retornariam para, conforme fosse, prepararem uma busca pela manhã.Sairam e logo chegou um homem chamado Marcondes, informando que no seu bar, localizado na Vila do Açude, estavam alguns homens, costumeiros desordeiros e ele, vítima, estava com medo destes sujeitos.Pedia providências. Joaquim disse então:
-Vamos lá Carlos, dar uma olhada nessa bronca.
Em uma viatura Volkswagen o plantão deslocou-se em ocorrência.Chegando lá, o bar, que na verdade era um local de prostituição, onde havia algumas mulheres e um pequeno bar com duas ou três mesas e cadeiras, atrás do balcão um indivíduo sebento, com cara de safado, olhava sem encarar as pessoas, olhar ladino. Quatro homens bebiam samba e as mulheres saracoteavam na volta.
-Polícia, revista, homens de frente para a parede, gritou Joaquim.
A seguir Carlos efetuou uma eficaz revista pessoal e nada encontrou de suspeito,mas Joaquim havia reconhecido um dos homens, que na verdade era desafeto do dono do lugar, o qual não se encontrava ali por justa causa. O rapaz foi separado e encaminhado por Joaquim para a viatura, colocado no banco traseiro.
Naquele momento chegou ao local a equipe de policiais de Sanga Rasa,mas como a ocorrência estava concluída, ficaram por ali observando, mas,naquele momento chegou correndo o dono do bar,Marcondes, chamou Joaquim dizendo:
-Vou te mostrar onde eles deixam as armas, neste capinzal.
Dito isto, sem que ninguém suspeitasse,pois era vítima, deu um passo pára frente, virou-se com rapidez e efetuou vários disparos contra o homem na viatura. Joaquim ainda surpreso agarrou-o com uma gravata e tomou-lhe a arma, torceu os braços para trás e o algemou, dando-lhe de imediato voz de prisão em flagrante.Carlos que na verdade estava no outro lado da viatura, verificou que o rapaz ainda respirava, tomou a direção do veículo e dirigiu-se em alta velocidade para o hospital, distante cerca de quatro quilômetros da vila do Açude. Não demorou muito para verificar que aquele dava o último suspiro,mas continuou até ao médico que confirmou o óbito.
Recolhido o falecido para necropsia, começaram as atividades do flagrante delito,durando a noite inteira. O ocorrido foi completamente inusitado e causou uma correria medonha no local, homens se jogando por sobre o balcão, as mulheres gritando, um motorista de caminhão que estava na frente,dentro do veículo furgão, namorando uma mulher magrinha,ligou a ignição e arrancou o veículo como num salto indo bater na cerca de arame farpado.Ficou dentro do caminhão tremendo muito, até que Carlos chegou ao seu lado e o acalmou perguntado se estava ferido, o motorista disse:
-Não, apenas cagado.
Na verdade, no interior e também em muitos bairros das grandes cidades, pessoas violentas vão criando inimizades e muitas vezes o desfecho é de extrema violência, este foi o caso,pois o homem morto, em data anterior, havia efetuado uma grande desordem no bar e disso ficou uma grande inimizade e Marcondes, tinha dele um medo atroz , confessou que aproveitou aquela situação, que para ele seria a única oportunidade, fazendo, num ato de covardia aquele crime.Disse ainda que estava aliviado da tensão que vivera até ali pelo medo, pois o cara era de alta periculosidade.