O Sequestro
Toca o telefone, atendo:
— Alô! — do outro lado uma jovem nervosa, desesperada e chorando, responde:
— Alô, pai!
— Alô, minha filha — respondo.
— Pai — continua — eles me pegaram e estão apontando uma arma para mim, já abusaram de mim, me salva pelo amor de Deus!
— Calma minha filha, respondi demonstrando nervosismo e preocupação. Quem são esses filhos da p... e o que preciso fazer? — nesse momento já esbocei um choro.
— Eles querem...
Um homem de voz amedrontadora toma o telefone com violência e começa a falar, intimidando-me:
— Se o Senhor não pagar cem mil reais sua filha vai morrer. Vamos lhe dizer como o senhor deve prosseguir de agora em diante.
Enfim, ficamos mais de quarenta minutos combinando as formas do recebimento do resgate. Eu, é claro, sempre demonstrando muito nervosismo, as vezes chorava, pedia calma a eles. Até que cansei, disse:
— Vamos parar de teatro. — dei uma leve gargalhada — Sou escritor e estava precisando de uma inspiração para um capítulo de um livro e vocês me deram. Ontem vocês ligaram para uma pessoa conhecida minha, o número é o mesmo inclusive, também sou um bom ator e em vez de vocês me arrancarem dinheiro eu é que vos arranquei um bom capítulo de um livro. Obri...
Acho que a ligação caiu, nem me deixaram agradecer. Povo mal-educado!