A gargalhada foi ouvida mesmo com todo o barulho alucinante dos veículos, as buzinadas e o ronco de motores na hora do rush não impediram quem passava em frente à casa 27 da rua 109 de ouvir o estridente riso histérico.
O riso incontido chamou a atenção de quem passava, transeuntes paravam em frente da casa com muro de tijolos e ficavam de olhos arregalados ao ouvir a gargalhada rouca estridente e contínua. Quem poderia acreditar que alguém conseguisse gargalhar daquele jeito zombeteiro. O riso as vezes grotesco terminava quase sempre de forma sibilante.
O autor de tal proeza era um morador novo, a casa fora alugada fazia apenas uma semana, ninguém sabia quem era o dono do riso incontido.
O fato se prolongou durante o dia inteiro e avançou noite adentro.
Durante a madrugada uma viatura foi acionada para investigar a gargalhada zombeteira ecoando madrugada afora. Quem chamou a polícia foi a moradora do lado. Ela não parava em casa de dia, trabalhava até o anoitecer e chegava perto das dez.
A moça morava só. Então quando chegou em casa, já nas primeiras horas da noite, no momento em que adentrava a porta da frente a mulher ouviu assustada o estranho riso incontido. Incrível, fantástico, sobrenatural era o riso soando até altas horas da noite.
A mulher chamou a polícia para investigar a gargalhada.
No entanto, o riso zombeteiro continuou até mesmo depois da chegada da viatura. Os policiais se posicionaram em frente da casa, e com um megafone avisaram militarmente.
“Sujeito pare com a gargalhada ou será levado para a prisão”.
Não ouve trégua, o riso estridente aumentou com aquele ultimato.
Invadiram a casa em seguida na presença de alguns vizinhos, pela primeira vez viram o estranho morador: O cabelo despenteado era comprido e um pouco grisalho, os olhos estavam medonhamente arregalados. Entretanto havia algo de sobrenatural naquele rosto pintado e naquela boca escancarada num riso incontido.
O homem foi arrastado pelos policiais até a viatura. Em seguida foi jogado violentamente no banco de trás, os homens da lei, que eram três, tomaram o rumo da delegacia.
Todos os vizinhos que estavam na rua naquele momento viram a polícia arrastar o homem. Também escutaram o riso estridente se transformar num mero sussurro a medida que o carro da polícia se distanciava.
No dia seguinte uma notícia no jornal chocou todos que moravam na rua 109. De acordo com o jornal o homem preso, após uma vizinha chamar a polícia devido ao som estridente da gargalhada ininterrupta. Esta foi a declaração dita pelo delegado:
“Senhores! nós pegamos o Coringa!”