Os Segredos da Rua Baker3: 9- A Croácia Terá de Esperar
Henry corria escada abaixo surpreso por ainda não ter encontrado Diana. Ela estava quase no começo da subida.
-Como ela consegue correr tão rápido? – Diana estava ofegante. – Não me lembro de já ter visto a Irene se exercitar, além de beber pra caramba, entre outras coisas. Como pode ser capaz... ?
-Ela está sempre envolvida em casos... Não temos tempo para teorizações! Aqui está o caderno. Faça o que a Irene mandou.
-Hey! Não fale assim comigo.
-Desculpe, mas preciso voltar.
-Ok. Vou ligar pro John.
O inspetor já havia conseguido limpar o rosto e colocar alguns curativos. Ele estava encostado do lado de fora do carro quando avistou Diana indo com certe pressa em sua direção.
Ela mostrou o caderninho contando tudo sobre o plano de incriminar o David e livrar o Hal de qualquer influência que esteja sofrendo. Pouco antes de entrarem no carro, eles avistaram Henry acenando para esperarem.
-A Irene sumiu.
-O que? – Diana e John falaram ao mesmo tempo.
-Quando voltei lá pra cima, Irene e o David tinham sumido. Você ouviu algo de estranho, Diana?
-Ouvi gritos, mas era uma briga, isso acontece. Oh meu Deus! Esse cara a odeia. Ele irá mata-la.
John olha raivoso para Henry.
-Se ele a matar...
-O que irá fazer, Scotland Yard?
-Você sabe muito bem! Isso é sua culpa. Não deveria tê-la deixado sozinha com aquele sujeito.
-Minha culpa? E onde você estava? Ao invés de nos dá suporte preferiu ficar aqui consertando sua cara estúpida.
-Eu fui espancado e expulso daquele baile porque você não conseguiu tirar as mãos do seu padrasto de cima da Irene.
Eles estavam quase partindo para as vias de fato.
-Escuta aqui...!
-CALEM A BOCA! Ficar aqui nessa discussão idiota não levará a nada. Vamos fazer o que a Irene nos disse e torcer para não terem encontrado nosso aparelhinho de comunicação, pois quando ela acordar nos dará detalhes do local, assim poderemos resgatá-la.
Irene, mais uma vez, acorda assustada por ouvir Lilian gritar a plenos pulmões seu nome... No seu ouvido. Ela se percebe sentada e amarrada a uma cadeira. Aparentemente não havia ninguém por perto, porém tudo estava muito escuro.
-Tem alguém aqui?!
-Irene? Oh, graças a Deus! – Diana comemora através do comunicador que ainda estão usando. – Nós estávamos preocupados. Onde está?
-DAVID!
-Ok. Entendi. Não pode falar. Estamos na casa do Henry tentando quebrar esse código do caderno. Tudo está correndo como o planejado. Até o amanhecer colocaremos um ponto final nessa história.
-Vamos lá, David. Apareça. Eu sei que está aqui. Eu posso sentir o seu cheiro.
Uma forte luz se acende em cima dela.
-Oh, eu sempre amei a sua capacidade olfativa. – David se aproxima.
-Conseguiu realizar seu maior desejo. Você me pegou. Eu estou aqui presa a uma cadeira bem na sua frente. Que lugar é esse David? Um galpão? Não. Tem de ser melhor que isso. Uma fábrica abandonada?
-Quase!
-Uma fábrica em construção! Tenho de admitir, David, você é bom.
-Você não tem ideia do quanto eu te odeio, Irene Holmes. – Ele mostrava toda a mágoa dentro de si. - Eu te amei!
-Confesso que não foi minha melhor jogada. Hoje em dia eu teria agido diferente.
-Como? Não teria dormido comigo? Dessa parte você gostou. Eu me lembro do quanto...
-Você é nojento!
Ele a estapeia com bastante força fazendo escorrer um fio de sangue do lábio dela.
-Minha esposa e meu filho estão mortos por sua culpa. Nunca a perdoarei por isso.
-Você os matou, David. Se aquele carro não tivesse virado, você teria matado sua mulher de tanto espanca-la. Seu filho seria um bandidinho asqueroso igual ao pai.
David não conteve sua fúria colocando as duas mãos ao redor do pescoço dela. Irene estava quase perdendo a consciência quando um dos capangas o chamou.
Diana e Henry avançavam em suas descobertas enquanto John contatava Miller para coloca-la a par dos acontecimentos e deixar o reforço policial preparado.
Diana tentava não se afetar com o que ouvia David fazendo com a irmã, mas era tudo muito difícil. A cada segundo ela termia pela vida da Irene.
Em dado momento, David ordenou que a desamarrassem. Irene achou muito estranho e na primeira oportunidade deu um soco em um dos capangas e um chute em outro. Porém, um terceiro enfiou um gancho em seu ombro e começou a erguê-la.
Diana deixou algumas folhas caírem ao ouvir os gritos da irmã. Apesar dos questionamentos de seus companheiros, ela preferiu apenas dizer para irem mais rápido.
Encostada em uma pequena mureta que futuramente seria uma grande janela, Irene sangrava copiosamente. David se enfartava com o jeito cambaleante de sua prisioneira. Ele a coloca de pé ao puxá-la pelos cabelos, então mostra para ela a altura em que se encontram. O dia já estava amanhecendo e por essa razão ela percebeu estarem no quinto andar.
-Eu pensei em joga-la daqui de cima, mas tive uma ideia melhor. Primeiro a farei presenciar a morte de quem mais ama.
-Oh, vocês bandidos são tão repetitivos. Mais uma vez alguém vai ameaçar minha irmã. Eu não...
-Sua irmã?! Eu disse quem você mais ama. Lembro-me bem o quanto falava de como o seu tio havia cuidado de você e sua irmã. Soube como o seu tio está mal da saúde. Talvez se eu disser que sou um velho amigo, ele fique confuso e venha comigo.
-Nada do que lhe falei era verdade, David. Eu só estava jogando o jogo.
-Oh, eu sei, porém você sempre me dizia: mentiras são baseadas em verdade. Por essa razão pesquisei a sua vida a fundo. Sei bem quais palavras eram reais e quais não eram. - Ele a virou para olhá-la nos olhos. – Vou matar esse Mycroft Holmes na sua frente e depois lhe jogarei daqui.
-Você nunca irá tocar em Mycroft Holmes.
-Isso é uma ameaça?
-É um aviso.
-Sabe o que dói mais que um gancho entrando na sua pele? É um gancho saindo dela.
Ele puxa o gancho fazendo com que ela solte mais um grito agoniante de dor.
Nesse ponto a Scotland Yard já ia rumo ao esconderijo de fabricação de armas químicas onde, provavelmente, o irmão do Henry fazia seu trabalho forçado.
John mandou Miller com o restante da força policial, enquanto Diana, Henry e ele iam atrás de Irene. Por causa do ponto eletrônico eles sabiam sobre a fábrica em construção e com a descrição de todos os negócios dele em mãos era fácil descobrir o local exato.
-Onde você está? – Perguntou Diana ao chegar à fábrica.
-Quinto andar.
-Lá em cima! – Gritou Henry já correndo em direção as escadas.
-Você tem um comunicador! Matem todos eles.
David bradou retirando o aparelho do ouvido dela, em seguida lhe deu uma tapa a fazendo se estabacar no chão perto do gancho que há pouco estava em seu ombro.
Após vários barulhos de tiros, Henry e John chegam apontando armas para David. O inspetor deu voz prisão, enquanto Colin afirmava ao padrasto sobre terem conseguido desmascará-lo. Diana adentra pouco depois apenas para vê sua irmã levantar com dificuldade e agarrar David com toda força que lhe restava. Irene o puxou para perto do que seria uma janela se jogando dali de cima abraçada a ele.
-NÃO! – Gritaram os três correndo até a janela.
Irene estava pendurada com a corrente do gancho enrolada em sua perna; David caído morto. John e Henry a puxaram de volta.
-Não poderia permitir que ele tocasse no Mycroft. – Ela falou com uma voz cansada pouco antes de desmaiar.
***
Irene acorda no hospital, John se aproxima. Ele havia ficado ali até ter certeza que estaria bem, mas agora teria de ir ajudar Miller.
-Então, você a pediu em casamento.
-Eu pretendia te contar...
-Por quê? A vida é sua. Mas, eu não posso te parabenizar pela sua escolha. – Ela se mostra um tanto sem graça. – Eu posso parabenizar a dela.
John ficou sem palavras e foi “salvo” por a chegada de uma mensagem no seu celular. Ele rapidamente se despediu de todos e saiu. Diana decidiu ir chamar Alex e Mycroft que tinham ido falar com os médicos.
-E quanto ao seu irmão? – Ela perguntou a Henry que sentou ao seu lado na cama.
-Ele está bem. Tentando seguir com a vida.
-Voltaram as boas?
-O rompante de vir ajudá-lo me fez conseguir recuperar nossa relação fraternal.
-O que fará agora?
-De volta a Croácia, talvez... – Ele segurou a mão dela. – Eu realmente queria que fosse comigo.
Irene também tomou a mão de Henry e se ajeitou na cama.
-O que faríamos lá que não podemos fazer aqui?
-Oh, Srta. Holmes, se esse momento na sua vida não fosse questão de vida ou morte, você iria para a Croácia comigo? – Eles escutam alguém bater na porta. – O tempo acabou.
Henry levanta poucos segundos antes de Diana entrar com Mycroft e Alex. O tio de Irene explica ter conversado com os médicos e concordaram em dá alta para a sobrinha. Ele então falou dela ir para a casa dele. Apesar de achar uma bobagem, Irene estava quase aceitando quando mais um Holmes aparece.
-Sigerson? O que faz aqui?
-Você faltou ao nosso encontro. Fiquei preocupado e ao investigar o motivo me esbarrei no sórdido plano do Mycroft de lhe tirar de mim.
-Do que está falando?
-Irene... – Mycroft começou a dizer.
-Eu quero ouvi-lo.
-O ex-agente Colin trabalhou um tempo como freelancer se envolvendo em casos muito complicados. Em seu último acabou mexendo com quem não devia e por essa razão foi expulso do país. Ao saber dos problemas do irmão decidiu voltar, foi capturado e deveria ter sido preso se não fosse pela intervenção de Mycroft. Como um acordo vantajoso para ambas as partes... Ele teria de seduzi-la.
-O que? – Irene encarou Henry.
-Mycroft contou a ele como Sherlock e Irene Adler se conheceram. Tudo o que eles viveram. Talvez para servir como roteiro. E em troca, é claro, você o ajudaria com o caso do irmão. Soube que pode ter alta se alguém ficar responsável por seus cuidados, então venha comigo.
Irene começou a levantar da cama, Mycroft estava estarrecido, talvez, pela primeira vez na vida não sabia exatamente como agir. Diana tentou falar algo, mas Irene apenas fez um gesto a fazendo parar.
-Srta. Holmes... – Começou Henry.
-O que? Você pode explicar? Eu consigo vê no seu rosto que Sigerson falou a verdade. E não me venha dizer que se arrepende.
Sigerson pegou na mão na sobrinha, eles estavam quase chegando à porta.
-Eu não me arrependo. – Irene voltou a fita-lo. – Nunca me arrependerei de um só minuto desses últimos dias. A vida do meu irmão estava em jogo. A liberdade dele. E não tinha nada que eu não fizesse para ajudá-lo. Mas conhecê-la acabou sendo mais agradável do que esperava.
-Sou a favor de alguma distração durante o jogo. Porém, como disse antes, não deveria ter mentido pra mim, Sr. Colin. Também não deve ficar inteiramente satisfeito, pois minha mente anda distraída. Por razões, agora tenho certeza, conhecidas pelo senhor. Se for gentil Mycroft, esqueça suas frustrações e não o coloque em uma prisão. Pois seria morto em questão de semanas.
-Eu nãos pretendo implorar, Srta Holmes.
-Não?
-Por favor! A prisão na qual me colocariam é cheia de criminosos dos quais, a maioria, eu efetuei a prisão. Você está certa, eu estraria morto em semanas.
-Sinto muito sobre a Croácia.
Irene seguiu com Sigerson para a casa dele onde permaneceu por quase um mês.
Henry foi preso, mas foi mantido na solitária por muitos dias. Ele pensou que seria executado quando o tiraram dali tão de repente, entretanto se viu em um aeroporto de frente para um jatinho particular. Alex lhe entregou passaporte e documentos novos. Ele olhou ao redor.
-Você não a verá. – Disse Alex. – Mas ela está te vendo.
-Pode entregar isso a ela?
De frente a uma enorme janela de vidro, Irene observava o avião partir. Alex chegou apenas para lhe dá um pequeno pedaço de papel se retirando em seguida.
Não se esqueça da Croácia, Srta Holmes.