Os Segredos da Rua Baker3: 7- Vamos para a Croácia?
De volta a 221B, eles encontram Diana ainda por lá. Ela queria saber o que tinham encontrado. Henry comentou não terem detectado nada de tão importante, mas descobriram onde o padrasto estaria.
-Eu preciso vê-lo. – Disse Irene. – Pretendo mudar a tática. É aí que você entra irmãzinha.
-Qual o plano?
-Infiltração. Irei oferecer meus serviços como cientista.
-Você sabe sobre química, Irene, mas não é especialista.
-Eu posso ser, mas não temos tempo. Por isso você irá me dizer o que for preciso através de um ponto no meu ouvido. - Diana não diz nada, apenas vai para a cozinha. – O que diabos ela está fazendo?
-Ela quer conversar com você... A sós. – Henry explicou.
-Como se não desse pra ouvir... O que foi Diana?
-Estou cansada disso, Irene.
-Do que?
-Você me colocando de lado e vindo me pedir ajuda quando lhe é conveniente. Ok. Eu menti pra você e sinto muito por isso. Eu era uma criança, não tomava as decisões. Para de tentar me afastar.
-Você vai ajudar ou não? – Diana apenas deu um sorriso como se não estivesse acreditando nisso. – Ele é o seu amigo. Acabou toda aquela vontade de fazer algo por ele?
-Eu vou ajudar, mas depois não conte mais comigo para nada.
Elas voltaram para a sala, Irene explicou que seria necessário fazer de forma oficial, por isso precisariam da Scotland Yard.
-Você realmente quer envolver o John? – Perguntou Diana.
-Quem é John?
-Nós precisamos Diana. Faça a ligação, ele não me daria ouvidos.
Diana retorna minutos depois, ela conta que o inspetor está no meio de uma investigação de assassinato e por isso não pode vir.
-Você sabe onde fica a cena do crime?
-Sim.
-Vamos, vou resolver isso pra ele e assim poderá se juntar a nós.
-Você tem certeza disso? – Perguntou Henry.
-Tenho.
-Ok. Eu confio em você.
-Você é o primeiro.
Irene desce as escadas sendo seguida por Henry e Diana, que está estranhando o comportamento do amigo. Estaria ele dando em cima da irmã? Ela afastou o pensamento com um risinho de: isso nunca daria certo.
Em uma bela casa no sul de Londres, John e Miller estavam pegando o depoimento da esposa do suspeito quando Irene entra com Diana e Henry. John parece um tanto desconfortável em vê-la.
-O que fazem aqui? – Perguntou Miller.
-Viemos apressar as coisas, pois preciso do Jo... Da Scotland Yard no caso em que estou resolvendo. – Ela olha ao redor. – Esse lugar...
-Foi repintado recentemente. – Disse Henry.
Irene concordou um tanto surpresa por mais alguém ter notado. Esse era um fato um tanto engraçado, pois Henry vem a surpreendendo o dia inteiro. Na verdade, desde que se conheceram.
-Irene, nós não precisamos...
-Calada Miller, os adultos estão tentando pensar.
Ela ia dizer mais alguma coisa, mas o Henry se aproximou devagar e tomou a mão da Miller entre as suas.
-Parabéns pelo noivado. Um homem de muita, muita sorte conquistou uma graciosa mulher. Se não se importar, a Srta. Holmes e eu vamos dá uma olhada ao redor, mas será somente para auxiliá-la.
-Tudo bem... Eu acho.
Henry beijou a mão dela; Irene apenas continuou analisando o recinto.
-Onde a empregada foi encontrada? – Irene perguntou.
-No bosque aqui perto. Já se encontrava em estado de decomposição.
-Ela morreu aqui. – Afirmou Henry. – Pintaram para encobrir o sangue.
-Eu concordo. Onde está o seu marido?
-Em uma viagem de trabalho.
-Mentira! – Exclamou Henry sorrindo.
-O que? Eu não estou mentindo.
-Vistoriamos a casa antes de entrar aqui. Escova de dente, mala, nenhuma roupa faltando no armário.
-Seria algo rápido, mas acabou preso...
-Por que alguém se esconderia Srta. Holmes?
-Por ter culpa no cartório. Um álibi fácil de ser desmascarado, porém quando se quer apenas ganhar tempo e fugir. Onde acha que ele estaria Sr. Colin?
-Provavelmente em um quarto recém-pintado com uma salinha falsa em algum canto. No entanto, qual deles escolher? Hmm... – Ele fez uma pose de quem está pensando.
Enquanto isso, Irene dava pequenos toques na parede.
-Que tal aqui?
Ela abre uma parede falsa perto da lareira, o homem pula em cima dela que acaba caindo de costas. Ele tenta esganá-la e ainda lhe dá um soco abrindo o supercílio, mas logo o tiram dali.
Irene ficou estranhamente assustada, pois o ato a levou de volta a alucinação que havia tido. Henry sabendo o quanto ela não queria que alguém percebesse, principalmente Diana, a tirou dali com a desculpa de ajudá-la a conter o sangue.
-Obrigada, Sr. Colin. – Ela disse sentada na ponta da banheira enquanto Henry limpava o ferimento.
-Não será preciso pontos.
-Isso nunca tinha acontecido comigo. – Ela parecia envergonhada.
-Por mim ninguém nunca saberá. Eu me lembro de você, sabe, da escola. Sempre faltava, mas mantinha as melhores notas. Todos comentavam que a escola devia ser muito fácil pra uma filha de Sherlock Holmes.
-A escola era muito fácil para a Diana, pra mim era... Tediosa. – Ele a encarava sem qualquer pudor. – O que?
-Você tem olhos como nenhuma outra.
Esse foi um comentário mais para si mesmo.
-Ninguém nunca havia sido capaz de me acompanhar em uma dedução. Como conseguiu?
-Oh, Srta. Holmes... Você iria para a Croácia comigo?
Irene estava cada vez mais maravilhada com as habilidades que ele possuía. Talvez, se fosse outro momento, ela teria respondido.
Diana entrou para comunicar que o inspetor Smith e a sargento Miller os aguardavam. Irene queria falar sozinha com o John, mas ele se recusou.
-Se é assunto de trabalho todos tem de estar a par.
Irene bufou, mas teve de aceitar. Ela contou tudo que estava acontecendo com a família de Colin e sobre como era vital o envolvimento da Scotland Yard para deixar tudo oficial. Após todos concordarem, ela falou sobre o baile.
-Não tenho como arrumar convite para todos, então será apenas a Srta. Holmes e eu. Você será a minha acompanhante. Espero que tenha um vestido.
-Eu tenho.
-O que? – Tanto Diana quanto John estranharam.
-Tenho de trabalhar disfarçada de vez em quando. Só que irei precisar da Diana lá dentro, então ela e o John irão entrar juntos. Não se preocupe Sr. Colin, tenho meus meios de conseguir mais convites.
Apesar da Miller foi obrigada a ficar para trás, apesar de não concordar, ela traria reforço, se fosse necessário.
Diana estava linda, John e Henry muito elegantes, mas foi Irene quem surpreendeu com um vestido longo preto com uma lasca que deixava a perna direita à mostra, além de belas botinhas, também pretas, de cano curto e salto.
Eles entraram na festa; Henry imediatamente tirou Irene para dançar. John e Diana ficaram observando se o padrasto de Henry já havia chegado.
-O que está vendo? – Perguntou Henry.
-Tudo. Essa é minha maldição.
-Está vendo o que procuramos?
-Sim. – Irene disse olhando para ele.
-Você está flertando comigo?
-Eu não flerto. Você sim. Faz o tempo todo com todos.
-Está com ciúmes, Srta. Holmes?
-Apenas observando.
-Você faz muito isso, além de beber bastante para uma garota.
-Esse é meu trabalho. Eu bebo e observo coisas alheias aos olhos dos demais.
-Você não me respondeu. Vamos para a Croácia?
Enquanto isso, John não conseguia parar de fitar os dois dançando.
-Você não tem o direito de ficar com ciúmes, John, afinal agora você está com a Miller. Além de ter partido de você a decisão de não dá uma segunda chance para se manter ao lado da minha irmã.
-Não é ciúme, é só... Esquece. Além do mais não seria uma segunda chance e sim uma décima.
-Ela mudou muito depois de todas as revelações. Pode estar tentando me castigar ao me deixar de lado, mas consigo vê as mudanças. E a Irene está vivendo um péssimo momento; ela precisa da sua companhia.
-Ela não parece estar em um péssimo momento.
-É da Irene que estamos falando, quando ela quiser que veja os danos, irá ver, mas aí será um desesperado pedido de socorro. John, se ela significa alguma coisa pra você, por favor, deixe pelo menos uma brecha para que possa lhe procurar.
Henry para a dança e conduz a Irene até o bar. John e Diana se aproximam no mesmo instante.
-Ele acabou de chegar. – Avisou Henry.
-O que fazemos agora? – Perguntou Diana.
-Sr. Colin irá me introduzir.
Irene entrega dois aparelhinhos para a irmã, uma ia ao ouvido e outro no dente. Assim conseguiriam se comunicar. Logo em seguida, afastaram-se.
-Fico extremamente feliz por encontra-lo aqui! – Disse ao se aproximar ao homem ainda de costas. – Minha mãe não quis vir? Nem o Hal? A propósito quero lhe apresentar minha namorada...
O homem ficou completamente atônico ao se virar e vê Irene, entretanto ela não reagiu diferente.
-Rebecca! Ou eu deveria dizer: Irene Holmes.
-David!