Cilada

Cilada

Enquanto o sangue saia do seu peito empapando a camisa e começando a se espalhar pela sarjeta. Ele repetia para si num espécie de mantra: “ não vou morrer, não vou morrer.”

Tudo fora feito para parecer um assalto. José voltava do trabalho à meia noite e quando passava pela viela mal iluminada, foi parado pelos dois sujeitos que o renderam pedindo a moto. José não teve como fugir. Vinha em baixa velocidade por causa dos buracos e entulhos que tinha que atravessar para chegar em casa. Desligou a motocicleta, desceu, e ergueu as mãos, mas um dos indivíduos com uma risada cínica, sacou a arma que trazia consigo e atirou duas vezes.

A noite estava fria e sem estrelas. Mirando o céu com dificuldade, José fez uma prece silenciosa. Implorou pela vida. Acabara de ser pai. Queria a chance de ver o filho crescer.

Nesse momento começou a cair uma chuva fininha e as pálpebras do ferido se fecharam num derradeiro suspiro.

Enquanto isso a esposa de José abraçava e beijava o amante. Feliz porque de agora em diante poderia viver a sua paixão sem sobressaltos.