Descrição de Personagens para As Aventuras de Nick James

Romeo Ernst

A delegacia era desarrumada, tinha móveis demais e organização de menos. Lá dentro, o ar parecia abafado, e ainda nem era janeiro. Sobre as mesas, muitos papéis, e apenas um computador, daqueles antigos, com monitor de tubo. Alguns casacos nos encostos das cadeiras, mas poucas pessoas presentes no momento. Em uma mesa, algumas fotos espalhadas focalizam a atenção de um homem alto, de bigode, suspensórios e caderninho.

-------------------------------------------------------------------

Vó da Débora

O apartamentinho era decorado com móveis coloniais daqueles antigos, que lembravam de um tempo de fartura e ostentação que a família viveu. Os livros também vinham desse tempo, grandes coleções encadernadas em couro com letras douradas, as enciclopédias clássicas, os bibelôs do tempo da vovó. Até a toalha da mesa, a coberta do sofá, os crochezinhos sob os bibelôs na estante, todos já estavam meio amareladinhos. Numa poltrona junto à janela, uma senhora ia produzindo uma bela flor num bordado caprichado.

-------------------------------------------------------------------

Seu Julio

O bar contava umas oito ou dez mesas e alguns lugares no balcão. As cadeiras de metal mostravam já alguns pedacinhos descascados, mas a coberta de plástico das mesas estava cheirando a álcool de limpeza. Na estante atrás do balcão, as garrafas dos drinks apareciam organizadas e não tinham a tradicional camada de poeira. Até mesmo o piso, embora manchado há anos, não mostrava sinais de sujeira. Lá no fundo, um homem calvo pegava uns copos em um grande suporte especial ordenador e os lavava de novo.

-------------------------------------------------------------------

Motoqueiro Escarlate

As ruas da cidade, à noite, eram quase terra de ninguém. Pouco policiamento ostensivo, muita demora do transporte coletivo, sempre havia pessoas distraídas e desprotegidas nas paradas de ônibus. O pequeno número de veículos trafegando também era vantajoso, permitindo desenvolver a velocidade que se quisesse numa pista limpa, embora esburacada. Uma motocicleta, daquelas 125 bagaceiras, andava barulhenta pela avenida. Seu condutor usava roupa e capacete vermelhos, e começava a ficar conhecido por seus ataques a pedestres, a carros estacionados, e a pequenos comércios abertos à noite.

-------------------------------------------------------------------

Victoria Bright

Na mesinha mais escondida de uma cafeteria pequena, um pequeno notebook estava sendo usado para pesquisas. As cortinas na janela dessa mesa auxiliavam a posição como ponto de visão privilegiada dos eventos em curso nas calçadas e prédios em frente. Na tela do computador, notícias sobre crimes e retratos falados de criminosos iam sendo passados e analisados à velocidade das super habilidades da moça que os investigava atentamente.

-------------------------------------------------------------------

Nick James

No apartamentinho do último andar, havia poucos móveis e uma bagunça generalizada. As paredes eram decoradas com imagens de contraventores famosos e recortes de jornais e prints de blogs que contavam e comentavam casos criminais ocorridos na cidade. Era possível ler, em vários desses textos, o nome do brilhante investigador que havia obtido a solução para os intrincados crimes. O nomeado estava parado no meio da sala, jogando tiro-ao-alvo na parede nos intervalos de execução de alguma peça clássica ao violino.

-------------------------------------------------------------------

Amigo Pobre

Aquela vasta área urbana estava sendo gradualmente coberta pelos casebres. No começo, casas simples de tijolos; depois, algumas casinhas de madeira mais precárias; hoje em dia, já havia também barracos de compensado e papelão. Questões de segurança, iluminação, rede elétrica, abastecimento de água e recolhimento de esgoto eram postergadas pelo poder público. Os habitantes se viravam do jeito que podiam. Puxavam gatos, traziam água do rio, cavavam suas latrinas, e alguns ficavam amigos dos homens da lei, ou quase.

-------------------------------------------------------------------

Débora

O shopping center era aquele palácio dos sonhos de consumo. Lojas ofereciam joias, roupas, sapatos, bolsas, eletrônicos e tudo mais que a boa vida poderia exigir. Bastava para a troca algumas - muitas - unidades de dinheiros, parecia que cada vez mais. E assim custava manter certo nível aceitável de consumo, quer dizer, seria inadmissível andar com uma bolsa do verão passado, o que é isso. Seu gerente do banco já estendeu duas vezes os prazos para a renegociação de uma dívida astronômica. Mas a moça elegante conseguiu novamente convencê-lo a lhe dar mais uma chance, pois o novo emprego pagaria bem.

-------------------------------------------------------------------

Carlos Gonzales e Felipe Gonzales

A pousada em Mendoza tinha sido implantada no imóvel que ainda era utilizado como residência da própria família proprietária. Os vários quartos não ocupados pelos parentes, assim como a vasta cozinha e os quatro empregados, tiveram sua vida alterada pela alta movimentação de turistas interessados na região de vinhedos. O negócio prosperava, e o dono administrava tudo com parcimônia, ciente das flutuações da economia. O filho cresceu em meio à fartura proporcionada pelos bons negócios, e não aprendeu a fazer a sua parte.

-------------------------------------------------------------------

Helmut, Pierre, William

O escritório tinha sofás fofos, cadeiras estofadas, pufes, bolinhos, café, tudo para o conforto dos seus ocupantes - e visitantes. A decoração sóbria tinha sido pensada para transmitir seriedade e eficiência, refletindo os dons do chefão. Ou, pelo menos, tentando convencer qualquer visita. Empresários e políticos acreditam que o truque funciona, talvez precisem.