Os Segredos da Rua Baker 2: 19- What Else Can I Lose?
-Existem segredos ao seu respeito, Irene. – Disse Alex após um gole de chá.
-Segredos? Do que está falando?
-Quando fui naquela empreitada com a Diana. Ela falou algo estranho. Sempre foi assim, desde a infância quando ela... Parou abruptamente como se tivesse se dado conta de que falou demais.
-Hmm. – Irene toma um gole de seu chá favorito no qual Alex havia mandado preparar. – Diana nunca escondeu algo de mim. Não deve ser nada.
-Se pensa assim.
-Quais os seus pensamentos, prima querida?
-Já peguei alguns fragmentos de conversas do Mycroft com o Sherlock. Falavam sobre um passado, contar ou não contar algo.
-Deve ser sobre o Sherman. Sei que o conhecem.
-Você me falou sobre esse Sherman. Aquela casa na gravação da câmera de rua por acaso é dele?
-Sim, tive de manter essa parte. Por isso pedi para acompanhar Diana. Minha irmã nunca se daria por satisfeita se não investigasse pessoalmente.
-Qual dos conselheiros é ele?
-Por quê?
-Porque aquela casa é do...
O celular da Irene toca atrapalhando a conclusão de pensamentos da Alex.
-Alicia?
-Não!
-Susan? O que houve?
-Ela sumiu! Minha filha sumiu. Apenas encontrei esse celular na mesa da cozinha com um bilhete: ligue pra mim!
-A letra dela?
-Não.
-Ninguém a viu sair? Para de chorar Susan. Fala comigo. Ok. Eu vou desligar, tenta se acalmar. Nós vamos encontrar a sua filha.
-Problemas?
-Sherman pegou a Alicia. Mande trazerem a Susan com as outras crianças para Londres e fique de olho neles. Pessoalmente se for preciso.
Irene fala já deixando a casa da prima, ela pega um táxi e vai direto para a casa do Sherman. No entanto, ele não está lá. Ela volta para a 221B e encontra um bilhete na sua poltrona.
O teste ainda não acabou. Um novo nível será alcançado. Aguarde meu contato.
John entrou como um furacão, ele havia acabado de receber uma ligação da Alicia chorando, pois tinha falhado como consultora investigativa e tinha sido pega pelo bandido.
-O que diabos está acontecendo? – Irene entrega o bilhete. -Sherman?
-Quem mais? Não sei exatamente o que houve John, mas ele está com a Alicia.
-Oh Deus! – Ele pôs as mãos na cabeça.
-Nós vamos encontra-la. Eu te prometo.
-Chega das suas promessas. Não acha?
-John...
-Susan e os meninos?
-Alex está cuidando de os trazerem pra cá. Devem chegar em uma ou no máximo duas horas.
-Ok. Vamos.
-Aonde?
-Até o aeroporto. Ou seja lá onde o avião dela vai pousar. Não vou mais deixa-los sozinhos.
-A Alex está cuidando disso e além do mais o Sherman pode entrar em contato a qualquer minuto.
-Pretende apenas sentar e esperar?
-Minhas mãos estão atadas, John.
-Você fez uma promessa. É melhor cumpri-la.
Ele saiu dali já com o celular na mão para se informar sobre a chegada da cunhada e sobrinhos.
***
Dias se passaram, os nervos de todos estavam a flor da pele. Irene tentava continuar concentrada, mas com toda aquela tensão ficava cada vez mais difícil não beber. John passava mais tempo com a Susan do que na 221B.
Diana ainda não sabia sobre o que estava acontecendo, ela tentara conversar com a irmã, mas esta praticamente a expulsou. Irene passou todo esse tempo sem sair de casa, andava de um lado para o outro, não dormia e quase não comia. Só o necessário para se manter de pé e alerta.
Chegou o dia em que Sherman entrou em contato. Parecia muito bem pensado, pois John havia acabado de pegar suas coisas para voltar até a casa em que sua cunhada estava.
-Sheman? – Disse Irene ao atender o celular.
-De certa forma, sim.
-Sem pegadinhas. Onde está a menina? O que tenho de fazer para retorná-la a mãe?
-Ela está bem. Não precisa se preocupar tanto. Alicia está brincando, ela é uma garota muito interessante. Vejo o motivo de ter se apegado.
-Quero falar com ela.
-Isso não vai acontecer, porém pode falar com sua irmã.
-Estou ouvindo.
-Enviarei um endereço ao celular dela dentro de dez minutos. Dou a você cinquenta minutos para convencê-la a ir até lá, mas se a vir junto a menina irá pagar. Ah não preciso dizer que deve manter segredo sobre o verdadeiro motivo de ir até lá. Até mais.
Ela desligou e fez um resumo para o John.
-Eu vou com você.
-Não vai. Diana não pode suspeitar do que está acontecendo, deve ter escutas perto dela. Se ela o vir tudo estará acabado. Vá até Susan e logo irei lá.
Irene não esperou uma resposta, já saiu enquanto colocava a jaqueta. Diana estava na cozinha fazendo um chá quando levou um susto ao vê sua irmã parada em sua frente. Ela começou a falar sobre a Irene não poder expulsá-la de seu próprio lar.
-Eu preciso de sua ajuda. – Ela colocou o celular de Diana em cima da bancada. – Visualize a mensagem.
-Um endereço. O que está acontecendo?
-Eu não posso te contar, mas precisa ir lá... Sozinha. Leve sua arma; coloque-a em uma parte do corpo de fácil acesso, no entanto nada visível.
-Não vou até me contar tudo. – Irene bateu com a mão na bancada. – Você tem de me contar...
-EU NÃO POSSO! – Ela passou a mão pelo rosto. – Desculpe. Por favor, Diana, faça isso por mim. Por favor. Eu estou te pedindo. Implorando se preferir.
Diana aceitou; Irene a agradeceu e a colocou em um táxi, depois foi até o John e a Susan. Alex também estava lá, parecia ter levado bem a sério a parte de vigiá-los pessoalmente. Ela contou sobre ter conseguido convencer Diana, poucos minutos depois Susan recebe o mesmo endereço. Contra os pedidos da Irene, decidem ir até lá. Por mais que ela avisasse se tratar de uma armadilha, ninguém lhe deu ouvidos, não podia deixa-los sozinhos, então foi junto.
Em um complexo cheio de prédios vazios que mais parecia um labirinto. Susan andava rápido procurando em todos os lugares pela filha, John se mantinha perto, Irene estava desconfiada e calada, ia um pouco mais atrás observando cada canto por onde passavam.
Poucos minutos depois, eles ouviram um barulho de tiro e puseram-se a correr. Lá chegando viram Alicia inconsciente no chão e Diana agachada ao seu lado. Susan gritou e acabou caindo em desespero nos braços do John. Diana falou já ter chamado uma ambulância.
-Você prometeu mantê-la segura... Você prometeu.
Ela disse olhando para Irene que apenas abaixou a cabeça. Os paramédicos não demoraram muito a chegar, nesse momento tudo parecia estar em câmera lenta para Irene, ela apenas ouvia um zumbido agudo enquanto Alicia era retirada em uma maca, Diana entrava na ambulância e John conduzia Susan para irem ao hospital.
***
Horas depois Irene chega ao hospital, Diana a estava esperando na entrada. As notícias a respeito da garotinha não eram muito boas.
-Onde você estava esse tempo todo? – Ela olha bem para a irmã. – Você andou se drogando?
-Como ela está?
-Nada bem. Teve traumatismo craniano e por isso foi colocada em coma induzido.
-Merda! O que aconteceu?
-Encontrei esse cara a segurando, eu estava argumentando com ele quando alguém falou algo em um ponto eletrônico. Ele disse: Ela veio? Que bosta eu não queria fazer isso. Pareceu bem confuso por um tempo e acabou batendo nela com o revólver, nisso a menina caiu e atirei nele, mas ainda assim fugiu. Corri pra ela, liguei para a ambulância e vocês chegaram. Ah acharam escutas escondidas no corpo dela, John as pegou.
-Oh ela conseguiu!
-Irene, por favor, já é hora de me contar.
-Eu vou, mas não agora. – Ela deu um passo.
-Aonde você vai?
-Falar com o John, precisamos fazer um movimento com urgência.
-Eu não acho que seja uma boa hora. Deveria esperar um pouco. Talvez uma semana. Vocês necessitam conversar, mas não aqui.
-Diana, nós precisamos fazer algo imediatamente.
-O pelo amor de Deus, Irene, é sobrinha dele em coma!
-Muitas outras pessoas podem acabar do mesmo jeito ou pior se não agirmos logo.
-Dê-lhe um tempo, Irene!
Por mais que tenha gritado já era tarde, ela já estava se encaminhando ao quarto em que Alicia se encontrava.
Susan estava abatida sentada em uma cadeira no final do corredor, John estava com ela, mas quando viu Irene se aproximando logo foi ao seu encontro. Irene parou na janela de vidro onde dava para vê a menina com várias parafernálias eletrônicas ligadas ao seu pequeno corpo.
-Nós não podemos ligar esse incidente ao Sherman, obviamente, mas podemos...
-Os outros estão a salvo?
-Podemos pegar algumas gravações que Alicia conseguiu fazer como um trunfo e blefar. Eu sei que é arriscado e tem noventa e oito por cento de chance de dá errado, no entanto...
-Irene, para! Os meus sobrinhos estão seguros?
-É claro que estão. O Sherman só tinha um interesse na Alicia por eu ter alguma afinidade com ela.
-Tudo tem de estar ligado a você.
-John, eu sei que é um momento de bastante comoção, porém temos de continuar racionais. Juntos podemos vencer o jogo!
-Oh pelo amor de Deus, Irene. Isso não é um jogo! Não quando se trata do bem estar da minha sobrinha. Da minha família.
-Também se trata da segurança da minha.
-E você nos tragou pra isso. Até mesmo a minha sobrinha. Ela é apenas uma criança e você fez dela uma espiã. Fez ela acreditar que poderia ser igual a você.
-Ela pode!
-NÃO, ELA NÃO PODE! Por... Argh! – Ele colocou a mão no rosto tentando se acalmar. – Ela é uma criança e pode passar o resto da vida...
-Eu sei e sinto muito...
-Sente... Você não sente nada, Irene. Não hesitou em usar uma garotinha para concluir um pensamento.
-John acalme-se, concentre-se no que realmente importa. Nós precisamos acabar com o Sherman. Não quer vingar sua sobrinha e seu irmão?
-Eu não coloco isso... Nada disso. Na conta do Sherman. Não foi ele quem foi atrás do Bernanrd para entrar naquele caso; não foi ele quem fez minha sobrinha acreditar que mesmo tão nova poderia ser uma espiã. Tudo isso foi você!
-Consultora investigativa, não espiã.
Ele sorri com impaciência.
-Isso não é uma brincadeira.
-Eu sei. Só queria...
-Pra mim chega! De você e de tudo isso. Não quero vê outro membro da minha família no hospital por sua causa. Depois mando buscar minhas coisas.
-John...
Ele foi sentar perto da cunhada, tentando consolá-la. Irene vira-se para o vidro olhando para a Alicia. Alex chega ao seu lado sem ser notada.
- É um coma induzido, mas os médicos estão otimistas quanto a recuperação.
-Obrigada por facilitar tudo isso para a garota.
-Bem, temos uma aliança. Você cumpriu sua parte e estou cumprindo a minha. O inspetor se afastará do caso?
-Sim. – As duas se mantinham observando Alicia. – Ele está certo em fazer isso.
-Por quê? Você me disse que seu plano necessitava de um aliado e ele era o ideal.
-Porque todos perto de mim estão em perigo. E estou cansada de vê-los assim. – Alex a fitou, era estranho para ela vê a prima com aquela sobra pairando em si, parecia estar profundamente ferida com essa situação, principalmente pelo afastamento do John. – Não se preocupe com isso.
Irene foi dali direto a residência do Sherman. Ele estava lendo alguns papeis importantes em seu escritório. Não parecia nada surpreso em vê-la.
-Por que está fazendo isso? Por que você quer tirar de mim todos que eu gosto? – Ele a olhava com um leve sorriso. –Afastou meus pais, matou o Bernard, nunca mais verei o Drake, colocou aquela pobre menina em coma e conseguiu fazer o John me odiar. Você me fez perder tudo! POR QUÊ?
-É divertido. No entanto, você, minha cara, ainda tem muito a perder até descobrir a verdade e aprender que eu sou o único a querer o seu bem. – Ele ri. – Fato engraçado: Alicia está no hospital por sua culpa.
-Como pode ser por minha culpa?
-Eu a adverti sobre não ir até lá.
-Você mandou uma mensagem para Susan. Não podia deixa-los ir sozinhos.
-Susan é a mãe, deveria ir encontrar a filha. Você não é nada dela.
Ele gargalha, Irene fica possessa derruba várias tralhas da mesa ao pular no pescoço dele que calmamente apenas tocou um sininho. Seguranças entraram e a tiraram de cima dele jogando-a sobre os sacos de lixo na calçada da casa.
Na 221B, Irene sobe as escadas devagar, mas logo sente uma presença ali.
-O que faz aqui, Sherlock? – Ela pergunta ao entrar na sala meio escura.
-É hora de saber a verdade.
Ele lhe entrega uma foto. Ao bater os olhos na fotografia Irene fica muito confusa, ela franze o cenho, retorna o olhar para o pai e apenas retira-se dali correndo escada a baixo.