Os Segredos da Rua Baker 2: 18- Namoro (parte final)
Batidas constantes na porta do quarto; foi assim que Irene acordou. Abriu a porta e deu de cara com a irmã e o cunhado. Ela passou por eles indo direto até a cozinha preparar um chá. Diana e Sean aproveitaram para sentar no sofá.
Depois de um banho, atender o celular do John, finalmente, pegou o chá e sentou na poltrona.
- O que fazem aqui?
-Viemos saber como está. – Disse Sean.
-Tente de novo, soldado.
-Eu quero saber como foi parar naquele cativeiro. O que houve?
-Ah! – ela olha pra o Sean. – A verdade é sempre mais agradável, principalmente quando já se tem noção dela.
-Deixa de enrolação Irene.
-Irmã minha, está a me ofender. Oh vejam quem acordou.
Irene vai até o inspetor, os dois de mãos dadas sorriem de forma confidente e ele a beija. Sean cutuca Diana.
-Ainda estou dormindo e esse é um sonho muito estranho?
-Só se estivermos tendo o mesmo.
John pegou uma xícara de chá, foi até a poltrona e fez a Irene sentar em sua perna.
-Eu entendo que estejam achando tudo estranho, mas é isso. Palavras não seriam suficientes para fazê-los acreditar que estamos namorando.
-Namorando? Você? Namorando?
-Consegui prever sua incredulidade, irmã querida. Infelizmente, nós não poderemos ficar para explicar tudo.
-Não poderemos?
-Miller ligou, fui até seu quarto, mas estava tão bonitinho dormindo que não quis acordá-lo. Tem um novo caso... Não quero apontar as fraquezas de sua equipe, mas vão precisar de mim.
Diana se levanta.
-Você não vai sair daqui até me dizer a verdade.
-Essa é a verdade, Diana. John e eu estamos juntos. Você acreditando ou não.
John e a Irene desceram deixando Diana e Sean ainda na sala. Sean estava pasmo, era quase inacreditável para ele, mas ficava feliz por John. Apesar de achar que não deveria ser tão bom assim namorar a Irene. Já Diana não estava engolindo nada daquela cena e pretendia descobrir o que realmente estava acontecendo.
Na calçada indo em direção ao carro, John quis saber se estava certo sobre suas suposições.
-Eu encontrei um dispositivo em meu quarto. Isso tem a ver com o Sherman e seus dias sumida?
-Fico feliz que entendido tudo.
-Não exatamente tudo, - ele a parou perto da esquina – eu preciso de um pouco de contexto.
-Ele é integrante do conselho da Cúpula dos Nobres e infelizmente não posso escapar de todas as reuniões...
-Nas câmeras só vimos você entrando.
-John, por favor, presta atenção. As imagens foram manipuladas. Vocês tinham de acreditar que entrei e saí de lá no mesmo dia e sozinha. Ele me deu um chá com algo dentro, consegui terminar tudo, parecia normal, mas não estava conseguindo levantar. Só lembro-me do sonho e depois acordar em uma cama. Ele me fez aceitar ser sua namorada pela semana e depois terminar com você para saber se continuaria na 221B ou não. Esse seria o seu teste.
-Esse cara é doente. Mas, tudo bem. Eu te ajudo a salvar a Diana.
-Diana? Não, John, ele ameaçou você.
-Eu? Por que?
-Não ouviu nada do que lhe falei? Ele está testando todos que fazem parte da minha vida.
-Qual a razão dele ser tão obcecado por você?
-Não faço ideia. Não devíamos ficar parados aqui, ele tem olhos por toda parte. Seu carro pode estar grampeado, então chega dessa conversa.
-Ok. – Ele a abraçou.
-O que está fazendo?
-Somos namorados lembra? Vamos abraçados até o carro.
-John, - ela disse ao chegarem ao veículo – isso foi horrível, não vamos fazer de novo.
-O pior de tudo é que concordo.
Eles partiram para a cena do crime.
Diana estava no laboratório, porém não parava de pensar sobre a irmã. Os dias sumida, a reação dela ao ser encontrada, o tal namoro com o inspetor. O que Irene estava pensando? Eu não sou estúpida.
Fez uma ligação para o escritório da Alex e a convidou para um passeio. Diana é genial com o laboratório; poucas pessoas podem ser comparadas a ela, mas no quesito dedução ela era como qualquer outra. Precisava investigar o local onde a irmã fora encontrada, decidiu chamar a prima para ajudar.
As duas foram até a fazenda abandonada, Alex andou pelo lugar observando rapidamente e entrou no abrigo de tempestades em que Irene havia sido encontrada.
-Eu não tenho ideia do que você quer de mim, Diana. – Falou já saindo do abrigo.
-Isso tudo é falso, não é? Ela não estava aqui.
-Ela esteve aqui, Diana. Tudo demonstra isso.
-Ah droga! – Ela colocou as mãos no rosto.
-Você está bem?
-Não. Minha irmã sumiu no meu casamento, não me disse quem a sequestrou naquela vez, volto e ela sumiu novamente. Começa a namorar o inspetor Smith. Nada disso faz sentido e me sinto inútil por ela não se abrir comigo.
-Ela deve estar...
-Tentanto me proteger. É eu sei. Só gostaria que ela parasse. Eu não sou criança para precisar de cuidados. Mas ela sempre foi assim, desde a infância quando ela...
-Ela o que?
-Nada. Bobagens. Tem uma casa que a vimos visitando no dia do sequestro. Preciso saber de quem é.
-Estou com meu notebook no carro.
Elas assistem as imagens.
-Vamos até lá.
-Não.
-Por que não?
-Essa é a casa de um dos conselheiros da Cúpula dos Nobres. Irene é a Mestre e não pode abandonar suas obrigações inteiramente. Ela deve fazer visitas quando algum membro do conselho achar necessário.
-Como sabe disso?
-Eu entrei para a seita. Por isso não posso permitir que incomode um dos membros, pois poderia ser comprometedor para sua irmã e para mim.
-Tudo bem. No entanto, não posso aceitar todos esses acontecimentos como verdade absoluta.
-Eu entendo, porém se não é vontade da sua irmã que saída o que realmente está acontecendo. Você não vai conseguir descobrir. Ela deve ter encoberto os rastros. O único jeito é indo direto a fonte.
-Você tem razão, mas conhecendo-a bem. Só vai me contar depois de tudo já ter passado. Obrigada pela ajuda, Alex. Irei voltar ao laboratório.
John e Irene provocaram um rebuliço ao demonstrarem afeto. A maioria pensou: Um dia ela tinha de ser domada. Porém tinha uma pessoa que não estava nada feliz com isso.
O humor da sargento Miller piorou em proporções catastróficas ao notar o “novo casal”. Ela chegou a ser grossa com o inspetor que no fim não entendeu nada.
-Ora John, ela tem sentimentos por você.
-O que? Nós somos colegas de trabalho. Nunca daria certo.
-Nós somos colegas de trabalho e você se apaixonou por mim. Ontem eu estava fingindo, mas você não. Você me ama.
-Não precisa ficar repetindo, Irene.
-Sinto muito se parti seu coração, mas é melhor do que deixar o Sherman enfiar uma bala na sua cabeça.
-Eu concordo. Não precisa se preocupar, eu sei que pra você o amor é uma desvantagem. Já me conformei.
-Relacionamentos são apenas distrações enfadonhas do que realmente importa. E pode me fazer um favor?
-Hmm?
-Não precisa me beijar e abraçar o tempo todo.
-Estou só fazendo meu papel aqui.
-Você é bem idiota mesmo, John Smith.
Eles sorriram. Continuaram com o fingimento de namoro por todo o tempo proposto pelo Sherman, fizeram uma bela cena na sala de casa fingindo terem terminado. Irene ficou bem surpresa com a atuação do John, ele realmente soube simular muito bem toda a tristeza e frustração.
Irene foi até a casa do Sherman para devolver o equipamento. Ele sentado na sala tomando um chá perto da lareira parecia nem ouvi-la. Parecia desapontado com o resultado. Pouco antes de sair da casa escutou o barulho de algo quebrando. Irene devia ter ficado feliz, pois significava que o plano dele havia fracassado, mas ou invés disso, ela sentiu um calafrio. Sentiu medo pelo próximo passo que daria. Por mais que tentasse não conseguia ficar a frente dele e tinha certeza de que os testes continuariam até chegar ao resultado esperado por ele. Até todos a abandonarem.