Os Segredos da Rua Baker 2: 16- O Pesadelo Apenas Começou

Uma Irene de cabelo molhado, jeans, botas e colocando a camiseta, conversava com Sherman como se fossem sócios. Ela tentava passar um ar de tranquilidade e autocontrole.

-John nesse exato momento está se perguntando se algo aconteceu comigo. Diana irá direto para a 221B junto com o soldado, ao falar com o John terão certeza de que estou com problemas. Vão procurar por mim. John não irá querer contar pra eles sobre os nossos embates com você, mas vai dá um jeito de virem aqui.

-Você fala em um tom de aviso, mas eu sei que está mais preocupada com o que pode acontecer a eles ao entrarem aqui. Tem uma escova de cabelo aí do lado.

-Obrigada. – Irene começa a se pentear. – Eu não vou fazer isso, não importa o que diga.

-O Morse sempre teve razão em uma coisa: Você se importa mais do que parece com esse inspetor. O que ele é? Seu bichinho? Alguém para adorá-la e admirá-la?

O mordomo chega com chá, deixa um na cabeceira da cama onde Irene antes havia sido mantida e, no momento, Sherman está sentado e coloca outra na mesinha perto dela.

-Ele é meu amigo.

-Ele é o seu bug mental. – Toma um gole de chá. – Uma forma de sua mente lhe avisar que estava em perigo. Você confia mesmo nele tanto assim? Não precisa responder. Eu quero saber o quanto ele é leal a você.

-Eu não vou machuca-lo.

-Não fisicamente. Você lhe dará o encontro e namoro que tanto sonhou. Aqui pegue isso.

-Escutas? – Ela guarda na jaqueta pendurada na cadeira.

-Irá coloca-las juntamente com as câmeras em sua casa para eu ter certeza que irá jogar limpo e não contará tudo a ele antes do fim.

-Se eu não fizer?

-John morre. Ele não irá sofrer. Será um simples tiro na cabeça e outro no peito. – Ele levanta e vai até a Irene, tomando pra si a tarefa de pentear os cabelos dela.

-Quebrar o coração dele para salvá-lo?

-Poético não?

-Eu diria esquisito. Vamos acabar logo com isso. Diga-me o que tenho de fazer.

-Não! Não será assim minha querida. Você fará todo o plano. Serei apenas a plateia. Só tenho uma exigência. – Ele para a tarefa e a vira para fita-la. -Seu envolvimento com o inspetor durará uma semana e ao finalizar terá de convencê-lo a continuar na 221B. Conte-me como vai fazer.

Ela se move de volta a posição anterior e o Sherman continua a desembaraçar seus cabelos.

-John gosta de fragilidade. Diana não vai engolir facilmente alguma desculpa minha. Eles vão me encontrar em um cativeiro, mas não aqui. Estarei fragilizada, irei demonstrar isso. Marcarei um encontro com o John, isso vai ser fácil, mas minha irmã irá ficar encucada.

-Deve fazê-la acreditar.

-Pra isso eu preciso do meu celular.

-Por quê?

-Não se preocupe Sherman, não irei estragar seu joguinho.

-Isso não é um jogo. É um teste.

-Tudo é um jogo. Meu celular.

Ela botou a mão para trás, ele a entregou o aparelho. Irene mandou uma mensagem, aguardou a resposta por alguns segundos e sorriu.

-Pra quem foi a mensagem?

-Uma aliada. Precisarei adulterar algumas câmeras para que a minha saída da sua casa tenha acontecido dois dias atrás e quando minha irmã achar tudo muito estranho e quiser investigar sozinha. Essa pessoa irá convencê-la a não vir aqui.

-Pois muito bem. Mal espero para vê-la em ação.

-Iniciarei imediatamente. – Ela foi pegar a jaqueta.

-Meus olhos anseiam para o momento de contemplá-la usando um belo vestido. Se quiser peço para comprarem um para você.

-Vestido?

-Para o seu encontro com o inspetor Smith.

-Se eu usar um vestido nesse encontro, até ele irá desconfiar de algo.

-É uma pena. – Ele passa levemente a mão pelo braço dela. – Você ficaria tão linda de vestido.

Irene franze o cenho.

-Melhor eu ir, já devem estar na Scotland Yard. Até depois, Sherman.

-Espero revê-la muito em breve.

Algumas horas após essa conversa, John, Diana e Sean na Scotland Yard buscavam nas câmeras de rua os caminhos seguidos por Irene. Eles a seguiram da 221B a casa do Sherman, mas não tinham ideia de quem era o dono do local e nem tentaram procurar, pois Irene não ficou muito tempo ali. Apenas alguns minutos.

-Ela parece ter entregado algo para aquele sujeito. – Comentou Miller.

-É um dos ajudantes dela. – John explicou.

-Um mendigo é ajudante?

-Estão em todos os lugares, veem tudo. Faz sentido, Miller.

-A Scotland Yard tem vários profissionais muito bem treinados que...

-Vamos manter o foco na busca pela minha irmã e não nas excentricidades dela.

Os dois se desculparam e retornaram sua atenção as câmeras. Irene seguia por uma rua quando de forma quase imperceptível olhou para trás, apressou o passo e entrou em um beco.

-Por que ela olhou para trás? – Diana estava achando tudo muito estranho.

-Porque ela percebeu estar sendo seguida.

-Miller, eu estou começando a entender a razão da minha irmã se irritar com você. Por favor, mantenha-se calada de agora em diante.

-Irene já havia notado que estava sendo seguida. – John começou a explicar para a colega. – Ela nunca olharia para trás, pois os perseguidores poderiam notar e assim não conseguiria encurralá-los e descobrir o motivo de estarem a seguindo.

-Olhem! – Gritou Miller.

Irene saía do beco com os dois caras; um deles a abraçava. Entraram em um carro indo para o lado sul.

-Não tem câmeras nessa região.

-Mas sabemos que ela está lá... John. Por favor.

-Você não precisa pedir. Miller convoque os melhores, vamos fazer uma varredura nessa região.

-Sim senhor.

Após algumas horas de busca, eles encontraram uma fazenda aparentemente abandonada. Diana encontrou uma das luvas da irmã perto da entrada de um abrigo de tempestades, chamou John e os outros para abrirem. Quando finalmente conseguiram arrombar o cadeado, desceram por uma pequena escada e em um canto com as roupas rasgadas, ferida e bastante suja, estava Irene. O mais surpreendente não era o seu estado; o mais surpreendente foi ela ter corrido até o inspetor e abraça-lo.

-Eu sabia John. Sabia que me acharia.

John estava confuso. Uma parte dele estava desconfiada dessa atitude da Irene e outra estava feliz, apenas tentando aproveitar o momento. Diana, obviamente, não estava engolindo essa atitude da irmã. Já Miller não conseguiria sentir mais ciúmes assistindo aquela cena e o vendo tão contente.

Depois de uma rápida avaliação médica Irene foi liberada, preferia não dá depoimento naquele momento e foi levada para casa com John e Diana que logo foi para casa deixando uma conversa cheia de perguntas para o outro dia.

Na 221B se encontravam apenas John e Irene que havia acabado de tomar um banho. Os dois sentados em suas poltronas.

-O que houve?

-Sherman.

-Imaginei. Acho que deveríamos antecipar…

-Você quer jantar… Comigo?

-Não pensei que estivesse com fome. Desculpa, posso pedir alguma coisa. O que você...

-Não, não hoje. Jantar amanhã em um restaurante. Só nós dois.

-Acha que pode ter escutas aqui? – Ele estava sussurrando.

-Oh pelo amor de Deus! – Irene rapidamente sentou no colo do inspetor que ficou espantado, ela lhe deu um longo beijo. – Jantar amanhã as oito. Você escolhe o restaurante e faz as reservas, então me avisa e te encontro lá.

-O que? Ahm. Seria um encontro?

-Você está especialmente lento hoje, John. É adorável. Sim, um encontro. Agora preciso ir descansar, até amanhã.

John continuou lá sentado pensando no que aconteceu. Irene entrou no quarto, colocou a mão nos lábios e explodiu em uma raiva bastante contida. Afinal não queria fazer barulho. Ela já tinha colocado boa parte das escutas e câmeras em um instante em que caminhou pela sala ao chegar em casa.

“Eu preciso encontrar uma forma de avisar ao John” essa era a única coisa que se passava em sua cabeça.

ALANY ROSE
Enviado por ALANY ROSE em 31/07/2017
Código do texto: T6069772
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