Os Segredos da Rua Baker 2: 13- The Promise

Irene não estava nada satisfeita com o resultado do último caso, apesar de toda a Inglaterra, além de outros países, a verem como uma heroína. Ela nunca subestimara o Sherman, porém também nunca o imaginara com tamanha habilidade. Irene não era acostumada a ter por perto uma mente melhor que a dela, então isso a estava matando. John conseguia vê o quanto ela estava atormentada e torcia para que Diana voltasse logo, quem sabe ela conseguiria fazer a irmã voltar ao “normal”.

-Você me prometeu que não beberia mais. – John retirou uma garrafa de uísque já vazia de cima da mesa.

-Eu prometi não beber enquanto estivesse trabalhando e não estou.

-Irene, você resolveu o caso. O mundo está agradecido, deveria estar contente.

-Não seja tão idiota, John. Eu fiz exatamente o que o Sherman queria. Agora tenho milhares de vigias e a culpa disso… É MINHA!

Ela jogou o copo na parede fazendo-o partir em pedaços.

-Só estava tentando te animar.

-Faça algo de útil. Vamos repassar o plano…

-Esse seu plano é muito perigoso! Você tem certeza que todos já estão a salvo?

-Sim.

-E quanto àquela sua prima?

-Não se preocupe com ela.

-E a Susan e as crianças?

-John, você não é inteiramente imprestável.

-Obrigado?!

-Se o Sherman usou a minha lembrança do Bernard contra mim, ele sabe sobre minha promessa. Temos de tirá-los do país.

Ela começou a descer as escadas após pegar a jaqueta e o cachecol.

-Pelo menos voltou ao velho humor. – John falou já a seguindo.

Na calçada recebeu um telefonema da Miller, ele teria de correr para a Scotland Yard. John não gostava da ideia da Irene ir sozinha até a casa do irmão, pois Susan sempre a detestou e seria capaz de não ouvi-la. Jamais conseguiria convencer Irene a não tentar, então só lhe restou torcer para que o estrago não fosse tão grande.

Na casa da família do Bernard, Irene estava sentada na sala rodeada por crianças.

-Quem é você? – Perguntou o mais velho.

-Irene Holmes.

-Você era amiga do meu pai?

-Nós costumávamos trabalhar juntos.

-Você já matou alguém? – Questionou uma pequena curiosa.

Irene a olhou com atenção. Ela parecia muito com o Bernard, de várias formas.

-Sim.

-Tem fotos?

-Sim. – Ela estava intrigada com a menina.

-Posso vê?

-Hmm… Claro.

Quando ela ia mostrar uma foto, Susan entrou na sala.

-Vão tomar banho, vamos pra casa da vovó.

-Mas…

-Agora!

Eles se retiram tristonhos.

-O que veio fazer aqui, Irene? Além de tentar mostrar fotos de pessoas mortas para meus filhos.

-Nós precisamos conversar.

-Sobre?

-Segurança. Sua e de seus filhos.

-Por que se importa?

-Tenho minhas razões. Agora…

-Mãe! – Dois deles retornam.

-Deviam estar banhando.

-Eu já banhei. – Afirmou o menino.

-Banhou nada. – Disse a menina.

-Banhei sim.

-Tem gotas de água na sua roupa, apenas molhou umas partes do corpo.

-Ela tem razão. – Disse Irene. – Você fez uma boa dedução para o seu nível.

-Por que minha mãe não gosta de você? – A pequena perguntou.

-Porque ela pensa que fiz sexo com o seu pai.

-OK! – Falou Susan se pondo de pé. – Brian vá para o banheiro, quando eu terminar de conversar com a Irene, vou verificar; Alicia vá se preparar, pois será a próxima.

-Tchau tia Irene!

-Eu não sou sua tia. – As crianças saem. – Eu não sou tia deles. Não tenho parentesco nem com o Bernard e nem com você.

-Não é isso, só significa… – Susan olha para a Irene e percebe o quão em vão seria tentar explicar. De tanto Bernard ter comentado sobre suas peculiaridades, Susan sentia como se a conhecesse. – Deixa pra lá. Como pode vê, eu estou ocupada. Vá embora.

-Eu realmente preciso…

-Telefone da próxima vez. Adeus, Irene.

Já indo pegar um táxi, Irene pensa em como deveria ter evitado fazer essa promessa.

“Oh Bernard, se estivesse vivo eu cobraria bem caro.”

***

John estava reunido com o seu melhor pessoal tentando solucionar o assassinato de uma mãe de família. Irene entrou na sala como um furacão o chamando para ir a casa da Susan, pois ela iria ouvi-lo.

-Você não pode entrar assim aqui.

-Cala a boca, Miller. Tem coisas realmente importantes acontecendo.

-Isso é importante, Irene. Uma mulher foi assassinada.

Ela pega umas fotos em cima da mesa e dá uma breve olhada.

-Foi a babá. Caso resolvido, já pode vir comigo.

-Espera! A babá? De onde tirou isso? – Ele a questionou.

-Veja seu rosto nessa foto, ela está fingindo tristeza. Nessa o marido da vítima está sorrindo, porém não está olhando para a câmera, no reflexo desse espelho você pode vê a razão de seu sorriso.

-Eles têm um caso, de qualquer forma isso não significa…

-Que ela matou a patroa? Pegue minha lupa e olhe o braço dela. Tenho certeza que encontraram sinais de luta na cena do crime.

-Arranhões!

-Nas outras fotos se vê a babá sempre com mangas bem compridas e segurando o braço, irá notar gotículas de sangue quando chegar perto dela e encontrará pele nas unhas da vítima. Vamos, John.

-Já sabe o que fazer Miller.

Não demorou muito para já estarem na porta da casa da Susan, eles tocaram a campainha por um tempo, até ouvirem alguém gritando lá de dentro para esperarem um minuto.

-Decidiu usar capuz agora.

-Se não estivesse usando teria várias pessoas ao nosso redor tirando fotos.

-Com isso o Sherman saberia exatamente o que pretende.

-Elementar, meu caro John.

-John, é ótimo… Irene? – Susan nunca escondia seu desgosto em vê-la.

-Nós precisamos conversar. – John explicou. – É muito importante que nos ouça.

Susan percebeu o quão sério ele falava e por essa razão decidiu deixa-los entrar. No instante em que Irene pisou dentro da casa, a pequena Alicia veio correndo e a abraçou. Isso colocou um sorriso nos rostos do John e da Susan. Irene sem ter muita noção do que fazer, olhou rapidamente ao redor, pegou um brinquedo próximo e o jogou longe.

-Vai buscar.

-Minha sobrinha não é um cachorro, Irene!

-Não dá no mesmo?

-Você é engraçada, tia Irene.

A menina correu para o jardim.

-Eu já disse que não sou tia dela. – Irene reclamou para o inspetor.

-Depois eu te explico.

Talvez John gostasse ainda menos de vê Irene ali do que a Susan. Não é segredo de que ele tem sentimentos pela consultora investigativa, mas perceber toda sua garra em cumprir uma promessa feita para o irmão o deixava confuso, John não sabia se a admirava por isso ou sentia ciúmes. A realidade é que o inspetor se perguntava se ela faria algo assim por ele.

Após uma detalhada explicação dos últimos acontecimentos e sobre quem estava por trás da morte do Bernard, Susan ainda tinha dúvidas sobre confiar na Irene. Afinal, seu marido morreu por ela ter voltado para a vida dele. E mesmo Susan tendo suplicado tanto, Bernard deixou, sem hesitar, sua família sozinha para ficar ao lado dessa outra mulher. No entanto, se era para proteger seus filhos, ela prefere aceitar sua ajuda e ir para longe com as crianças.

Em menos de três dias, Irene junto com o John Smith e Alex Holmes conseguiu um jatinho, passaportes falsos, novas identidades e um lugar seguro para Susan e seus rebentos.

Na ida até o avião a pequena Alicia segurou a mão da Irene que sem entender o motivo disso, ficou tentando se livrar da mão da menina. Quando teve certeza de que não conseguiria, ela parou e se ajoelhou para olhá-la nos olhos.

-Por que está fazendo isso?

-Meu pai contava histórias sobre trabalhar com você. Eu quero ser consultora investigativa quando crescer e quero que goste de mim.

-Não deseje que gostem de você, sentimentos são problema. É apenas um meio de seus inimigos conseguirem te controlar.

-Não posso gostar nem da minha mãe?

-Você tem de protegê-la. Mantenha seus olhos abertos. Vou confiar em você. Qualquer coisa… – Irene colocou um cartão no bolso da menina. – Me ligue. Não precisa dizer nada. É só ligar que vou até você.

-Como vou saber se devo ligar?

-Você quer ser consultora investigativa, não é? Diga-me para onde eu estou levando vocês?

-Como vou saber?

-Uma consultora investigativa sempre sabe. Tem de saber tudo primeiro que todos os outros. Olhe ao redor e faça deduções. Diga-me: para onde estou levando vocês?

Ela se virou prestando atenção em tudo.

-Vamos para bem longe, minha mãe empacotou todas as nossas coisas. Nós estamos de mudança e não vamos voltar tão cedo. Aquele moço parece de outro país e fala com o punho, acho que ele tem a mesma profissão que meu pai tinha.

-Muito bom! Preste atenção nele, no jeito dele. Se em sua nova casa aparecer alguém fingindo ser assim ou os outros demonstrarem não conhece-lo. Você me liga imediatamente. Combinado?

-Sim.

-Ótimo! Agora vamos antes que notem nossa ausência e não segure minha mão, você sabe andar sem ajuda.

A garota se divertia com o jeito da Irene; ela foi acomodada no avião junto com os irmãos, antes de partirem Irene decidiu ter uma rápida conversa com a Susan.

-O que estava falando com minha filha?

-Perguntando o motivo de ela precisar de ajuda para andar.

-Ajuda?

-Ela ficava segurando minha mão.

Susan começou a rir.

-Irene, ás vezes, você é muito engraçada.

Ela não entendeu o comentário, mas relevou.

-Eu preciso dizer a você as últimas palavras do Bernard. Já que estou tendo a chance.

-Você estava com ele no final?

-Sim. – Irene desvia o olhar tentando respirar fundo. – Eu sei… – Ela volta a encarar Susan. – Eu sei sobre o seu pensamento de termos tido algo. Ele e eu. Bernard era meu amigo… Foi meu primeiro amigo, todos me odiavam, mas ele não. Bernard foi o melhor colega com quem já trabalhei. Não diga isso pro John, ele pode acabar ficando competitivo. Quando estava lá no chão, sangrando… – Uma lágrima rolou pelo seu rosto. – Ele me fez prometer que cuidaria de vocês.

-Mesmo?

-As últimas palavras dele foram por você. Ele sabia que custasse o que fosse eu cumpriria minha promessa. Ele não me amava, Susan. Você é a esposa dele, a mãe dos filhos dele e não é simplesmente por eu ter findado nossa amizade. Ele te amava. E eu vou cumprir minha promessa até o fim.

-Obrigada.

Susan entrou no avião que partiu em seguida. John comentou com Irene sobre ela ter contado as últimas palavras do Bernard escondendo algumas partes. Ela apenas garantiu que se não o tivesse feito, a raiva da Susan acabaria estragando tudo, pois seria capaz de comprometer a identidade e o esconderijo apenas por raiva e ciúmes póstumos.

-Não foi gentileza, John. Foi estratégia.

Ela limpou a lágrima e se encaminhou para o carro da Alex que os aguardava. John pensou que preferia imaginar ter sido pelos os dois motivos.

ALANY ROSE
Enviado por ALANY ROSE em 02/07/2017
Código do texto: T6043805
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