Os Segredos da Rua Baker 2: 12: Fama
Irene fazia movimentos rápidos para manter todos ao seu redor em segurança e poder lidar com o Sherman tranquilamente. Porém, ela não era a única a ter planos. O jogo estava começando dos dois lados e ele é expert em xadrez.
John retornou de sua viagem, Irene não queria conversar em casa, então marcou em um pub do outro lado da cidade.
—Encontrou escutas em casa? – John perguntou ao sentar.
—Não. No entanto, precisamos ser precavidos. O que descobriu? Nada de nomes. Apenas me mostre.
—Você está ficando paranoica. Enfim, são minhas anotações dos depoimentos, os arquivos sumiram.
—Imaginei. – Irene inicia a leitura. – Oh! Isso realmente combina com ele.
—O que faremos agora?
—Primeiramente estou colocando todos que tem alguma ligação comigo em segurança. Com o Mycroft, o Sherlock e o Tio Watson não preciso me preocupar. Sherlock cuidará da Lilian. Você...
—Oh não! Eu sou um inspetor da Scotland Yard, te ajudei com o Morse, não irá me tirar dessa.
—Como eu estava dizendo: você será meu aliado nisso tudo, irei precisar de um, então aproveitarei para ficar de olho.
—Oh! Melhor assim. – Irene revira os olhos. – E quanto a Diana?
—Ela já está nas mãos dele. Só preciso ter certeza de que ele não irá tão longe quanto quer.
***
Na 221B, Irene estava lendo um livro sobre os venenos mais comuns do século XIX. A porta da rua se abre, duas pessoas entram, ela escuta uma discussão. Por fim pareceram concordar; John adentra sozinho no ressinto.
—John.
—Irene, eu tenho um caso.
—Ótimo, eu já estava ficando entediada.
—Se encontra lá embaixo a senhora Collins. – Ele estava esperando alguma reação da Irene em relação ao nome.
—Pare de me olhar desse jeito, John, e me conte logo o caso.
—Você não reconhece esse sobrenome?
—Deveria?
—É a esposa do famoso ator Martin G. Collins.
—Quem?
—Ele fez aquele filme...
—Eu não quero saber! Você está começando a me irritar, John. Qual é o caso?
—Ok. Desculpe. Tem um invasor na casa e o marido dela é refém.
—O que? John, agora quer que eu faça todo o seu trabalho? Você não sabe sequer negociar com um bandido desses? A Scotland Yard sempre melhorando.
—Você pode me deixar terminar, por favor? Acontece que existe um bracelete passado de geração em geração. Ele quer essa joia, no entanto ela foi roubada há algum tempo. O homem vai matar o Sr. Collins em 24 horas se o bracelete não lhe for entregue.
—Isso é interessante. Deixe-a entrar.
A Sra. Collins deu detalhes sobre a joia e o bandido que se encontra em sua residência nesse momento. Irene pediu para a mulher ser minuciosa ao descrever a casa, todas as entradas e saídas.
—Ele surgiu essa manhã. Eu havia saído para o trabalho e meu marido não tinha gravação hoje, então estava aproveitando para dormir até mais tarde e estudar um pouco mais o roteiro das próximas cenas. Recebi a ligação para não voltar para casa sem o bracelete, entrei em desespero Srta. Holmes. Não tinha ideia do que fazer. Nesse momento um senhor veio até mim e disse para procura-la, pois é a melhor no ramo da investigação. Acabei perguntando ao inspetor Smith que me confirmou ser uma boa ideia vir aqui.
—Quem era esse senhor?
—Eu não sei. Ele apareceu da mesma forma que sumiu. Mas era bem distinto e elegante, calmo, mas com certa frieza no olhar. Ele era...
—Um predador... – Eles a olharam imediatamente. – Desculpe... Devaneios. John vá com ela, garanta ao meliante que estarei lá no fim da tarde.
—O que vai fazer?
—Cobrar um favor.
***
Já era quase noite quando Irene chega, ela diz para o inspetor fazer a ligação. Pelo telefone, o invasor ordena que apenas ela entre.
—Isso não vai aconte...
—Estou entrando. – Irene falou ao tomar o telefone.
—Você não irá sozinha.
Ela sorri.
—Srta. Holmes me prometa que trará meu marido de volta... Com vida.
—Você tem minha palavra
Ela vai em direção à porta, John tenta impedir, mas é derrubado. Irene entra na casa, o Sr. Collins está muito amedrontado, com o rosto sangrando sentado em uma cadeira. Ao seu lado, em pé, segurando uma arma, fingindo distração, está o invasor.
A cena a lembrou de quando o Bernard morreu. Os movimentos desse bandido não era algo deliberado, havia um propósito por trás... Deixá-la emocionalmente vulnerável. Pretendia desestabilizá-la, mas por qual motivo?
Conversaram sobre o bracelete, sobre o Sr. Collins, sobre como ela irá buscar a joia. Ele tinha feito seu dever de casa, pois todos os seus gestos, a forma de falar, de olhar, tudo era igual ao Morse. Até o estilo da conversa a fazia reviver aquele triste momento.
Irene tentava abster-se de tudo isso, porém quanto mais se mantinha ali mais internamente ferida ela ficava. Sherman conseguiria ganhar a batalha se ela não agisse rápido.
—Tudo que me foi dito, apenas me fez ter mais certeza de que o tal bracelete continua aqui.
—Você é tão esperta! É um dos motivos de ser minha favorita. Não conte para a Diana. – Ele sussurrou a última frase. – Eu dou a você, minha querida, vinte minutos. Ou ele irá morrer... De novo!
Irene sentiu uma súbita ira crescendo dentro de si, ela teve de parar um segundo para lembrar-se de que não era o Bernard ali, entretanto havia dado sua palavra. Ela correu subindo as escadas; conseguia-se ouvir o barulho dela nos andares de cima. Pouco antes de terminar o tempo, ela aparece com o bracelete na mão.
—Você o encontrou!
—Agora cumpra a sua parte.
Os três foram ao jardim na frente da casa, a Sra. Collins demonstrou seu alívio ao vê o marido com vida, seus fãs todos gritavam felizes com o seu ídolo são e salvo, mas nada estava acabado e o inspetor sabia disso. Se o estava soltando levaria Irene para poder escapar.
A posição dela não permitia que atirassem no bandido, apesar de não estar tão perto dele. Mais alguns passos e o Sr. Collins estaria livre, de volta aos braços da esposa, ao perceber uma movimentação diferente, Irene se jogou em cima do famoso ator recebendo um tiro de raspão no braço e salvando a vida dele. Com isso os policiais se viram livres para acabarem com a situação.
Tudo chegara ao fim, com o Sr. Collins vivo e bem junto da esposa, os fãs e a imprensa estavam alvoroçados com a nova heroína da cidade. Cercaram a brilhante e corajosa consultora investigativa que fazia jus ao sobrenome que carregava. Os policiais agora trabalhavam para afastarem todos da Irene, enquanto ela tentava entrar no carro do John. Pouco antes de chegarem até lá, Irene avistou um homem no meio da multidão.
—É ele!
—Quem?
—O Sherman, isso tudo foi plano dele.
—Onde?
—Logo ali... Sorrindo.
Ela estava paralisada, com um olhar no rosto que o inspetor nunca vira igual, pelo menos não no rosto de Irene Holmes.
—Vamos sair daqui.
Já na 221B, John ainda não percebia o motivo por trás de tudo isso.
—É óbvio, John. Ele não colocaria escutas aqui, nunca invadiria minha intimidade dessa forma. Seria rude. Agora encontrou uma forma de me vigiar sem sair de casa, pois qualquer lugar que eu vá haverá um paparazzo ou um fã do Sr. Collins para colocar meu paradeiro na internet. Elegante!
—Digamos que seja isso, mas qual a razão de reviver o encontro com o Morse e o Bernard?
—Para eu ficar emocionalmente vulnerável e não pensar duas vezes antes de fazer um ato heroico. Eu errei feio, John.
—Não diga isso. O bracelete falso; se colocar no lugar do Sr. Collins para o invasor leva-la pra longe e aí você poder prendê-lo sem ninguém se machucar. Isso tudo foi brilhante!
—Pensei que sobreviver aquela cena seria ganhar a partida, mas não. Ele sabia minha jogada, John. Antes mesmo de eu pensar nela. Eu sou muito lenta pra ele; não vou conseguir vencê-lo.
—Irene, olha pra mim! Você é a pessoa mais inteligente que eu conheço. Você irá derrotar esse filho da mãe e eu vou te ajudar.