Os crimes de Hércules. Oitavo Crime.
Oitavo Crime.
A cidade de Mor reviveu os seus terrores recentes, quando tudo parecia bem, quando a vida voltava a normalidade, outro assassinato foi cometido com os mesmos requintes de crueldade dos anteriores. A vítima do assassinato tinha sido o vereador Anacleto, o segundo mais votado e popular na cidade. Embora muitos moradores disessem que Anacleto estava envolvido em esquemas de propina e suborno, vendendo animais silvestres e contrabando de armas, acobertando caças clandestinas à animais em extinção, e muitas outras coisas ilegais. Mas como ele tinha popularidade e dinheiro, ninguém o questionava. Já o assassino, quem poderia ser? Uma vez que Ariel estava preso. Esse era o questionamento das pessoas na cidade, embora muitos acreditavam que Ariel estivesse escapado da prisão.
O delegado Apolo estava inquieto, muito nervoso, fumava um cigarro atrás do outro. Por diversas vezes foi até a cela de Ariel só para ter certeza de que ele estava lá. O prisioneiro não dizia nada a ninguém, nem ao delegado. A única pessoas a quem ele respondia era para o psiquiatra Neuzarã. A atitude do prisioneiro trouxe confusão na cabeça do experiente delegado, deixou-o com ainda mais questionamentos. Talvez houvesse alguém mais poderoso por trás dos assassinatos, mas quem afinal poderia ser? Apolo pediu reforços policiais para guardarem a delegacia, ele temia que alguém tentasse um resgate ao prisioneiro ou algo parecido. Da equipe de detetives que estavam na cidade, o único que ainda permanecia era o Roberto, Apolo mandou chamá-lo no mesmo instante. As últimas palavras de Ariel para Apolo antes de ser preso ficavam martelando na sua mente, repetindo-se, várias vezes, como se fosse um disco riscado.
( - Não se preocupe delegado, estou apenas começando, não se esqueça de que são doze os trabalhos, são doze os signos, aquilo que não terminei, meus discípulos… Terminaram, isso eu lhe garanto .Disse o policial assassino no momento em que foi colocado na viatura da polícia.)
ALGUMAS HORAS DEPOIS.
O Detetive Roberto havia chegado na delegacia, estava assustado, confuso, ele foi direto para a sala de investigações, onde estava o delegado. A sala tinha sido deixada do mesmo jeito, papéis, fotos, documentos periciais, tudo estava no mesmo lugar. Apolo estava sentado diante do quadro onde ficavam as fotografias das vítimas do assassino. Apolo anexou ao quadro a foto de Anacleto.
- Delegado Apolo - Disse Roberto - Eu vim assim que fiquei sabendo, e ainda estou tentando assimilar o que está acontecendo.
- Olá detetive. Que bom revê-lo, vou precisar de sua ajuda. Eu bem que desconfiei detetive, eu bem que desconfiei, eu deveria de ter dado ouvidos aos meus instintos, mas não… Esse inferno voltou novamente.
- Delegado eu não compreendo, se prendemos o assassino, porquê então outra morte? O Ariel está preso, passando por tratamento psiquiátrico, como então? O mesmo padrão, essa nova vítima segue as mesmas características das anteriores.
- Você foi ao necrotério? Conversou com o legista?
- Sim delegado, eu acabei de passar por lá, é o que eu estou te dizendo, a vítima, teve o nome Hércules escrito na testa com bisturi cirúrgico, e o número sete. O legista disse que não foram os Javalis quem o matou, mas o mesmo veneno das vítimas anteriores. Ele também era do signo de libra.
- Vamos fazer diferente dessa vez detetive.
- O quê faremos delegado?
- Eu e você, apenas eu e você iremos investigar essa nova morte, sem equipes dessa vez.
- Por mim, tudo bem Apolo. Mas e se houver mais vítimas? E se o assassino seguir o padrão dos doze trabalhos?
- Qual é o próximo trabalho, dentro do padrão específico?
- No 8º trabalho, temos à Destruição da Hidra, que significa (Controle e superação dos desejos)
Havia um monstro, a hidra de Lerna, que devastou a região de Argos e habitava um pântano perto do povo de Amione. O monstro tinha nove cabeças, sendo que a do meio era imortal, sendo que a cada cabeça que Hércules matou, outras duas surgiam em seu lugar. Com a ajuda de seu servo Iolaus, Hércules conseguiu queimar as cabeças e enterrou a nona, a imortal, debaixo de um grande rochedo. Este trabalho está relacionado ao signo de Escorpião. É quando o iniciado descobre que o equilíbrio pode ser perdido e os desejos podem voltar a controlar nossas atitudes. Talvez o Ariel seja apenas uma distração do verdadeiro assassino.
- Mais é claro - Disse o delegado dando um salto da cadeira - O Ariel tem um irmão, certa vez ele havia me dito que tinha um irmão, gêmeo idêntico, que morava na capital. Santo Deus, você tem razão, talvez os dois estejam trabalhando juntos.
- Quando é a próxima consulta psiquiátrica do Ariel?
- Amanhã, às nove horas, porquê?
- Eis a nossa chance! Vamos acompanhar a consulta, sem ele nos ver, vamos tentar entender o que se passa na mente daquele maníaco, talvez o doutor Neuzarã descubra algo.
- Certo, assim será.
- E a filha do vereador, porque ele a escolheu para morrer? Ela não tinha nenhum envolvimento com corrupção ou crimes, porque ela morreu?
- Ai que você se engana caríssimo, a jovem havia subornado os jurados para dar a vitória a ela, entende o porquê ele a matou antes do fim do desfile.
-Como pode doutor uma coisa dessas, a classe inteira política dessa cidade está corrompida.
Enquanto os dois conversavam, um dos policiais entrou correndo na sala do delegado. Quase sem fôlego.
- Mais o que significa isso, não se bate mais na porta antes de entrar policial, o que houve agora. Esbravejou Apolo.
O policial estava sem fôlego, assustado. Quase não conseguiu falar.
- Achamos outro corpo delegado, outro corpo.
- Como assim… Outro. Interrompeu o Delegado.
- Sim senhor, lá no zoológico, outro vereador, o João Carlos Figueiredo. Ele foi encontrado no ninho das serpentes, quebraram os vidros onde as anacondas ficavam, ele foi devorado inteiro por uma delas doutor, coisa horrível, o legista está indo pra lá agora.
- Mais isso só pode ser um pesadelo mesmo. Disse Roberto. Estavamos falando disso ainda há pouco.
- O quê nós estamos esperando. Policial, manda chamar todos os policiais que estiverem de folga, aumente o efetivo nas ruas, e nós dois detetives, vamos para o zoológico agora mesmo.
Saíram todos, o delegado foi junto com o detetive para o zoológico encontrar com o médico legista, haviam carros de polícia por toda a cidade, todos estavam em pânico, o pesadelo chamado Hércules havia voltado as ruas de Mor.