Os Segredos da Rua Baker 2: 11- Uma Aliança para a Vida
Sherlock, Lilian, John e Irene em uma mesma casa não eram algo muito interessante de se vê. Por mais que Irene falasse repetidamente que está bem, sua mãe não acreditava, pois via algo nos olhos da filha... Algo diferente. Certa sombra na qual só tinha visto igual há anos.
—Irene está com problemas, Sherlock. – Falou enquanto penteava o cabelo.
—Ela disse que está bem. – Ele permanecia atento ao notebook.
—Eu sou mãe e conheço minha filha. Ela está angustiada, aflita... Diga que não percebe o mesmo? – Ele abriu a boca. – Nada de mentir.
—Esse trabalho de consultor investigativo nos faz lidar com vários tipos de psicopatas, alguns são bem difíceis. Irene pode estar com um caso complicado no momento. Porém, ela vai se sair bem.
—Como pode ter tanta certeza?
—Porque ela é nossa filha.
—Você sabe de alguma coisa que eu não sei?
—Sim... Nós devemos ir para casa.
—Mas...
—Se ela precisar de nós; saberá onde nos encontrar.
—Eu não vi minhas filhas crescerem; não as vi se tornar quem são. Pra mim, ainda são as mesmas crianças de antes. No entanto... – Ela foi deitar ao lado do marido. - Da última vez, Irene nos mandou pra longe e resolveu tudo sozinha. Você tem razão... Amanhã vamos pra casa. Boa noite.
—Boa noite.
Sherlock esperou a esposa dormir e foi até a sala. Irene ainda estava lá deitada no sofá olhando para o teto. Ele sentou-se em sua antiga poltrona.
—Nós vamos embora amanhã.
—Obrigada por isso.
—O que está acontecendo?
—O Mycroft e você estão me escondendo algo, fui sequestrada por um homem que não nos deixou em real perigo e me induziu a ir encontra-lo no escritório do meu tio por alguma razão... Eu estou pensando; eu estou fazendo movimentos.
—Por que jantou com ele?
—Ainda é bom em deduções, Sherlock. Não vou contar ou pedir a ajuda de qualquer um de vocês. – Ela o encarou. - Porém, esse homem é perigoso, não tenho ideia ainda do quanto. Por isso é melhor levar a Lilian e ficar perto dela. O jogo volta a rolar de forma arriscada.
—Se você precisar...
—Não me venha com essa, Sherlock. Você pode me ajudar contando tudo, mas não vou insistir, pois sei que não adiantará. Apenas tire a Lilian daqui, proteja-a e não fique no meu caminho. Agora, se me der licença, eu vou para o meu quarto; eu preciso pensar.
No dia seguinte, como prometido, Lilian e Sherlock, logo cedo, estavam prontos para deixarem a 221B. John ainda tomava café e Irene perto da janela lia o jornal.
—O táxi já nos espera. – Disse Lilian.
—Eu os acompanho até lá embaixo. – Irene falou fechando o jornal.
—Eu lhe ajudo com as malas. – John desceu com algumas delas.
Na calçada, Lilian abraçou a filha e pediu para ela telefonar toda semana.
—Nem sempre eu vou poder...
—Por favor, eu fico preocupada.
—Está bem.
—Promete?
—Prometo. – Lilian ia lhe dá um beijo. – Oh pare com isso!
John estava quase gargalhando com situação, ele se despediu da Lilian que entrou no táxi. Sherlock foi até a Irene.
—Sei que está com raiva...
—Você não sabe de nada sobre mim, Sherlock. Eu não estou com raiva, estou concentrada.
—Eu havia falado sério: se precisar de algo, basta me procurar.
—Por que não me diz a verdade?
—Pensei que não fosse insistir.
—Só quero saber o motivo. O resto eu irei esclarecer em breve.
—Eu tenho de ir, sua mãe me espera.
—Prefere fugir a me dizer?
—Só não quero mais mentir, já fiz isso por toda a sua vida. – Disse entrando no carro.
O táxi partiu em seguida, mas Irene não tirava essa frase da cabeça.
“Ele estava falando sobre ter fingido a própria morte junto com o tio Watson? Não pode ser tão simples, com o Sherlock nada é tão simples.”
—John, precisamos conversar.
—Sobre?
—Melhor entrarmos. – os dois já na sala. – Careço de um favor seu.
—Qual?
—Aqui. – Ela o entrega um papel. – Vá a esse país e descubra tudo sobre essa pessoa. Aí está seu último endereço.
—Por que devo ir ao... – Irene colocou a mão tampando a boca do inspetor e chegou bem perto.
—Podemos estar sendo vigiados. Logo irei vasculhar tudo. – Ela falava bem baixo.
John devagar tirou a mão dela.
—No que está metida?
—Ainda não sei, mas é muito grande e perigoso. Se não quiser...
—Eu vou. Tomarei todas as providências necessárias para minha partida.
Ele foi para a Scotland Yard; Irene olhou o relógio, ainda não era a hora certa, então começou a procurar por escutas.
***
Alex estava chegando ao escritório, haveria uma reunião mais tarde e precisava ler alguns papeis. Ela ficou surpresa ao vê a prima entrando em sua sala, afinal elas nunca esconderam o fato de não gostarem uma da outra. Apesar de ter começado a enxergar um lado agradável na Irene.
—Olá, prima querida.
—O Mycroft não se encontra.
—Você havia dito que a essa hora ele sai e demora a voltar.
—O que quer comigo?
—Fazer um acordo.
—Prossiga. – Alex ficou extremamente curiosa.
—Você está me devendo uma, já que salvei sua mãe.
—Eu te ajudei a salvar sua irmã, lembra-se?
—Ela te deve uma, então. Você não fez nada por mim naquele dia.
—Não mesmo?
—Fiz tudo sozinha.
—Digamos que não me deva nada. Que acordo é esse, Irene?
—O homem que acredito ser o benfeitor do Morse apareceu. Ele é o real causado da “morte” do Sherlock, do sequestro da Lilian e todos os problemas que tive por dois anos até destruir o Morse.
—E quem é ele?
—Já ouviu falar da Cúpula dos Nobres?
—Vagamente. Por quê?
—Eu sou a Mestre.
—Você? Não pode ser. Soube que leva anos para entrar e muito mais para ser conselheiro, imagine para ser Mestre.
Irene fez um resumo de como conseguiu destruir o Morse ao entrar para a Cúpula e tomar seu cargo.
—Esse benfeitor é um dos conselheiros. Acredito que o Mycroft e o Sherlock o conheçam de outros tempos, mas não vão me contar.
—O que quer de mim?
—Sua palavra de honra. Quando eu precisar de você, estará lá pronta para me ajudar. Quantas vezes forem necessárias.
—Por que eu? O Mycroft sempre...
—Eu não posso confiar nos membros da Cúpula, não inteiramente. E o Mycroft, bem, meu tio está tentando me afastar desse caso por alguma razão. Você é isenta disso tudo. Não me desviaria de uma pista por pensar na minha segurança ou de qualquer outro membro da família.
—Isso é verdade. Porém, seu pedido é demasiado desvantajoso para mim.
—Imaginei que diria isso. Eu ficaria um tanto desapontada se não dissesse. Eu vou te inserir na Cúpula dos Nobres. Entrando por intermédio do Mestre, fará com que cresça muito mais rápido lá dentro. O que me diz? Temos um acordo?
—Não... – Alex levantou-se solene. - Acabamos de fazer uma aliança para a vida.
Irene também se pôs de pé e estendeu a mão para a prima. As duas se cumprimentaram selando sua mais nova parceria.