Os Segredos da Rua Baker 2: 9- The Wedding

Irene entra no escritório do Mycroft, ele a havia chamado para uma séria conversa a respeito de uma decisão tomada por ela. Mycroft estava bastante formal, pois não seria uma simples reunião ou uma discussão entre tio e sobrinha, mas uma conferência entre a Mestre e seu representante na Cúpula dos Nobres.

-Eu dei escolhas a ele, Mycroft.

-Isso deveria ter sido resolvido dentro do conselho. Ele foi exposto, várias transações foram desfeitas. Você não tem ideia do prejuízo que causou ao país.

-Você fala como se eu me importasse com essas trivialidades.

-Você deveria, é a Mestre de uma sociedade secreta muito importante.

-Ele estuprou várias mulheres, Mycroft!

-E deveria ser punido, mas não tão abertamente.

-Se é para você parar, eu prometo que da próxima vez que encontrar algum integrante da Cúpula dos Nobres fazendo algo tão amoral, irei convocar o conselho e lidarei com ele por lá.

-Assim espero.

-Se me der licença, eu tenho de correr. Daqui a pouco é o casamento da Diana. – Ela levantou-se para sair.

-Só mais uma coisa, Irene.

-O que?

-Fui avisado que a Srta. Adler fugiu da prisão.

-E?

-Soube de sua recente visita ao presídio.

-Quando efetuei sua prisão, eu prometi que iria visita-la... Ás vezes. E fui.

-Qual foi o assunto da conversa?

-Basicamente o Sherlock. Ela queria saber como a Lilian conseguiu pegá-lo.

-O que mais?

-Apenas isso.

-Uma conversa de dez minutos após um telefonema relembrando-a de sua promessa, tudo apenas para falar sobre o Sherlock?

-Não seja paranoico, tio querido. Se eu quisesse libertá-la daria um jeito menos visível de entrar em contato. – Ela dá uma olhada na hora. – Eu tenho de ir. Até mais.

-Até. – Quando ela saiu, Mycroft falou pra si. – A mulher. Excelente trabalho, Srta. Adler, a dominatrix que tem dois membros da família Holmes nas mãos.

Mycroft conhecia a sobrinha muito bem, perfeitamente bem, afinal ele a criou. Irene havia libertado sua xará sem sombras de dúvidas. Se deixou ser vista para irrita-lo, pois tinha certeza que ninguém conseguiria provar seu envolvimento. Nem mesmo ele.

Irene foi direto ao local onde sua irmã estava se arrumando. Lá encontrou a sua mãe, Lilian, e algumas amigas da Diana.

-Por onde você andou Irene? – Perguntou Lilian.

- Em uma reunião com o Mycroft.

-Está tudo bem? – Diana questionou, a irmã apenas fez que sim com a cabeça, então ela emendou. – Por que não está vestida ainda?

-Eu estou vestida.

-Você não vai desse jeito para o meu casamento.

-Já falamos sobre isso, Diana.

-Sim e separei um lindo vestido. Onde está?

-Rua Baker. Não me olhe assim, você sabe que eu não queria usar aquela coisa estúpida.

-Hoje é um dia especial pra mim, você poderia, por favor, fazer o que eu peço? – Irene apenas revirou os olhos e saiu. – Obrigada!

O que Diana não sabia era que estava enviando a irmã para uma armadilha.

Todos já estavam prontos para irem à igreja, porém a Irene não chegava nunca, nem atendia ao telefone. Lilian preocupada com o que poderia ter acontecido mandou Sherlock ir com seu fiel amigo John Watson verificar.

Na 221B, eles encontraram a porta aberta, mas não arrombada. Entraram com cuidado, ao subirem as escadas perceberam vários objetos quebrados.

-Houve luta. – Comentou Watson.

-Óbvio.

Na mesinha de centro havia um belo jarro com rosas vermelhas e um bilhete. Sherlock o abriu.

“Hoje é um grande dia! O homem que nunca quis se envolver sentimentalmente acabou sendo fisgado, após muita insistência da parte feminina. O resultado foi duas filhas. Totalmente diferentes uma da outra. Qual a sua favorita? Eu tenho a minha. Qual você vai escolher? Irá participar do grande momento da filha mais nova ou irá salvar a vida da mais velha? A escolha é sua.”

“P.S.: Escolha rápido.”

-O que vamos fazer Sherlock?

-Ligue para o Mycroft, ele vai saber o que fazer em relação ao casamento da Diana e vamos para o laboratório.

Lilian estava estranhando toda a demora dos três e quando viu o Mycroft chegando junto com a Alex, ambos se posicionando no lugar que seriam do Sherlock e da Irene, ela sentiu uma enorme dor no peito. Contaram para Diana algo a respeito de um caso de gravidade nacional, ela não teria acreditado se não estivesse tão nervosa com a cerimônia. Apenas tentou não ficar chateada com ninguém, pois deveria ser algo extremamente sério para terem sumido logo naquele dia.

No laboratório, Sherlock terminava sua análise das flores, do envelope e do bilhete deixado na casa que agora era de sua filha e do inspetor. Ele conseguiu encontrar certo tipo de vegetação achada em uma parte afastada de Londres, vestígios de carne animal e pó de tijolo.

-Ela está em um frigorífico abandonado, John.

-Mas, em qual?

-Se eu estiver certo a respeito de quem está por trás disso, então sei exatamente qual.

Os dois se encaminharam a um local que aparentemente fora reformado há pouco, havia um tapete vermelho na entrada, uma faixa de bem-vindos e setas apontando o caminho.

-Sherlock, quem pode estar por trás disso? É doentio.

-Agora não, John.

Entrando no lugar, eles perceberam várias fotos de pessoas servidas, mortas e presas como se fossem os animais. Pouco mais a frente estava a grande geladeira na qual era mantida toda a carne. Sherlock abriu, Irene estava lá com o vestido que Diana havia escolhido. Ele a retirou com rapidez, John havia encontrado algumas mantas. Ela estava com os sinais vitais bastante fracos.

-A mantenha aquecida, Sherlock. Eu vou chamar uma ambulância.

Sherlock ficou tentando fazê-la acordar, após um tempo notou a demora do amigo. Nesse instante uma tela desceu pela parede, um vídeo começou a rodar. Eram várias cenas da Irene criança, depois vinham imagens do momento da Diana entrando na igreja com o Mycroft e a legenda: “o pai sempre entra com a filha”. Até serem reproduzidas fotos do Sherlock com o Dr. John Watson, por fim este aparece ao vivo com uma arma apontada para a cabeça por homens de capuz.

-Mais uma vez entre a filha e o amigo. – Disse um deles. – Quem você deixará para trás dessa vez?

Sherlock estava irado, mas sem ter muita certeza do que fazer. Uma mão fria tocou em seu braço, Irene havia acordado, ela estava fraca, ainda tremendo, mas consciente.

-Vá... Vá salvá-lo.

Sherlock olhou ao redor, pegou a filha no colo e a colocou em um armário com todas as mantas e seu próprio casaco a cobrindo. Eles se olharam por um tempo, ele fechou a porta e saiu correndo. Ao se deparar com o John, ele estava caído no chão. Havia apenas sido golpeado na cabeça.

-John? Fale comigo.

-Hmm... E quanto a Irene?

-Ela está a salvo.

Ele o ajudou a levantar, chamou uma ambulância e voltou até a filha. Irene estava no mesmo lugar, mas parecia alucinar. Dizia coisas totalmente sem sentido, lembranças de um tempo em que Sherlock não fazia parte. John olhou os braços dela.

-Não era hipotermia, Sherlock. Sua filha foi drogada. Quem poderia ter feito isso?

-Alguém que apenas queria arruinar o dia da Diana e me fazer reviver uma difícil escolha.

-Quem?

Sherlock apenas o olhou, começaram a ouvir o barulho das sirenes da ambulância. Os paramédicos a examinaram e a colocaram na maca, pouco antes de saírem ela segurou na mão do pai.

-Fique comigo dessa vez... Escolha-me... Apenas dessa vez.

-Nunca mais cometerei o mesmo erro... Eu vou com você.

Ele não pensava que realmente tinha feito algo de errado, no entanto deveria ter calculado melhor seus atos. Naquele segundo, Irene nem o ouvia mais, talvez nem sequer o tenha visto ou percebido qualquer coisa ocorrida ali.

Apesar de ter sido um dia horrível, serviu para o Sherlock sentir como se tivesse finalizado uma história. Aquela fatídica noite não fazia parte apenas dos pesadelos da Irene. Tudo isso acabou tendo um efeito positivo, quase terapêutico para ele, pois agora conseguiria ser quem a Irene precisasse que ele fosse e sabia que muito em breve ela precisaria muito dele.

ALANY ROSE
Enviado por ALANY ROSE em 14/05/2017
Código do texto: T5999277
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.