Os Segredos da Rua Baker#2: 7- Preparativos
—Devia ter trocado de roupa, Irene. – Falou Diana.
—Você estava toda ansiosa para vir nessa loja. Mal saí do hospital e me fez vir aqui.
—Já está com uma semana que saiu do hospital. E uma vendedora quis chamar a polícia ou uma ambulância ao vê essa sua roupa cheia de sangue. Aliás, por onde tem andado?
—Tive de fazer uma viagem rápida a trabalho.
—Viagem para que lugar?
—É confidencial.
—Se você diz. – Ela sai do provador. – Como estou?
—Radiante. Nunca esteve tão linda na vida.
—Mesmo?! – Diana olha animada e até um pouco emocionada para a irmã, mas se decepciona em seguida. – Você nem está olhando pra mim.
—E daí? Já é o décimo vestido que experimenta, quem vai usar é você, não vejo razão nenhuma para eu estar aqui.
—Acontece que você é minha única irmã e deve me ajudar com os preparativos do casamento.
—Por quê?
—Quero que seja minha madrinha.
Irene olhou para a irmã.
—O que? Por que eu? Tenho certeza que têm amigas para isso.
—Irene, você além de minha irmã, é minha melhor amiga.
—Eu sou?
—Nunca percebeu isso? –Diana falou sorrindo.
—Eu nunca pensei a respeito.
—Tão perspicaz sobre tanta coisa... Bem, agora já sabe. Dê-me o celular e vá buscar aquele vestido que vi na vitrine da loja.
—Está bem.
Irene entrega o celular e vai para o outro lado da loja. Ao voltar não encontra mais Diana no provador. Ela pergunta para algumas vendedoras que dizem não saberem dela.
—Ela pode ter saído da loja sem pagar por um vestido e vocês não viram nada?
—Sinto muito, senhorita.
—Essas câmeras funcionam? – Ela disse apontando para um canto.
—Sim, mas só temos autorização para mostrar para a polícia...
Irene mostra um distintivo da Scotland Yard. Na gravação aparece um homem entrando na loja, ele conversa com Diana que parece conhecê-lo; eles discutem alguma coisa. Ao mostrar uma arma, ela o segue para fora onde entram em um carro.
—Quero vê a gravação da rua.
—A câmera de fora da loja está quebrada.
Irene a fitou com os olhos faiscando em fúria.
—Você é realmente apenas uma garota estúpida que está tentando impressionar o papai rico. Tentando mostrar ser capaz de cuidar da própria vida sem depender do dinheiro dele, porém está cheia de dívidas, sonha com um casamento, mas seu namorado a está traindo com sua amiga e colega de trabalho. Sugiro terminar o namoro, voltar para a barra da calça do seu pai e torcer para eu encontrar minha irmã inteira. Para o seu próprio bem. E mande consertar aquela porcaria de câmera.
Chegando na 221B, ela invadiu as câmeras da rua em frente a loja, apesar de ter conseguido a placa do carro, ela havia sido forjada com números falsos. Irene bateu com o punho na mesa.
“O que agora? Pense!”
Irene andando rapidamente de um lado para o outro da sala. Hora com as mãos juntas, hora com as mãos perto das têmporas.
“Oh é claro! Idiota lenta. Como sou estúpida e lenta. Meu celular.”
Ela voltou ao computar e verificou o GPS do celular que ainda estava ligado, assim conseguiu um endereço. Era um pouco longe dali, por isso tinha de correr. No entanto ao abrir a porta ela teve uma desagradável surpresa.
—O que faz aqui? Oh isso é o Mycroft, não é? A ridícula vigilância dele não impediu minha irmã de ser sequestrada, mas manda você. Como se compensasse algo.
—Mycroft as mantém sobre vigilância... Na verdade, mantém Diana sobre vigilância. Qual a razão disso? Ele não se importa que aconteça algo com você?
—Não é da sua conta. Com licença... – Irene passa por ela e faz sinal para um táxi.
—Diana está em uma casa...
—Eu sei exatamente onde ela está.
—Irá precisar de ajuda. Irene, não seja teimosa. Eu não estou aqui apenas a pedido do Mycroft, acontece que Diana é minha amiga.
—Não, ela não é.
—Temos nos falado constantemente desde aquele fatídico dia no escritório do Mycroft...
—Não me importo, eu trabalho sozinha. Adeus, Alex. – Ela partiu no táxi.
—Oh você não vai se livrar tão fácil assim de mim.
Alex entra no carro mandando o motorista ao endereço em que Diana deve se encontrar. No caminho fez uma ligação para alguns agentes irem até o local.
Irene para algumas ruas antes da casa do sequestrador, como ainda estava com as roupas sujas de sangue pretendia fingir estar ferida. No entanto, bateu algumas vezes sem obter qualquer resposta. Deu uma olhada pelas janelas, tirou um material do bolso utilizado para abrir portas e cadeados. Entrou na sala de estar que era um recinto não muito grande com dois sofás, uma mesa de centro de madeira já antiga e uma televisão também antiga. Foi até a cozinha, era o cômodo seguinte, lá estava uma bagunça com muita louça suja, comida estragada na geladeira. Irene subiu até os quartos, quando estava lá ouviu um barulho na entrada da casa. Observou pela janela do quarto principal, após um suspiro de repulsa, ela foi até lá.
—Você de novo!
—Não achou mesmo que eu ficaria de fora só por sua causa, não é?
—Você é bem irritante.
—Deve ser de família, Irene.
—Eu estava a ponto de ir verificar o porão, se não for um lugar muito sujo para pôr os seus sapatos, pode vir comigo. – Ela disse enquanto se afastava.
Alex ordenou que os agentes entrassem, então seguiu a Irene até o porão. Aquele compartimento era muito mais organizado que qualquer outro ali. Tudo bem limpo, um sofá novo, mesa de centro nova, vários quadros com fotos da Diana, um frigobar e flores em um belo vaso.
—Ela esteve aqui.
—Diz isso por seu celular estar aqui no sofá?
—Não, o perfume dela está impregnado em cada canto.
—Ele a tirou daqui rápido, mas teve uma discussão. – Alex comentou.
—Sim, eu concordo. Muitas marcas do salto dela e dos sapatos dele. Para onde poderia tê-la levado?
Um grande alvoroço chamou a atenção das duas, um dos agentes entra com o homem que havia pegado Diana.
Irene o pegou e o colocou sentado no sofá.
—O que fez com minha irmã?
—Ela vai aprender a lição!
—Você é claramente obcecado por ela. Não foi aluno dela... Ajudante de laboratório?
—Assistente! Eu era o melhor.
—Ela te elogiava muito.
—Irene, eu acho bom não ir por esse caminho.
—Ela me amava até aquele idiota aparecer.
—Você teve a patética ideia de sequestra-la para ter os sentimentos dela voltados para você e não para o Sean.
—Irene...
—Ela me AMAVA! Mas depois daquele Sean, ela mudou. Minha Diana mudou, eu a trouxe aqui para reconquistá-la. Lembrá-la de como éramos antes, mas...
—Diana te desprezou.
—Ele virou a cabeça dela. Ele virou...
—Onde está minha irmã seu maluco filho da puta?!
—EU NÃO SOU MALUCO.
Irene pulou no pescoço dele.
—Onde ela está?
—Tirem-na... Rápido.
Foi preciso três para conseguir retirá-la de cima dele.
—Você está maluca Irene?! Você tem de se controlar se quiser descobrir o paradeiro da Diana. Ele é o único que pode nos contar e essa sua atitude não está ajudando.
O ex-assistente começa a gargalhar de forma histérica.
—Nunca a encontrarão a tempo. Ela vai pagar por ter me trocado.
—Como assim a tempo? – Alex perguntou. – Se não responder, eu solto a garota ali em cima de você.
Ele encarou Irene por alguns segundos.
—Eu a enterrei. Ela está em um caixão... Enterrada, mas não vou dizer onde. Nunca vou dizer onde.
—Você enterrou a minha irmã? – O ódio era transparente em seu rosto. – Alex, manda me soltarem.
—Se você prometer...
—Você é burra? Temos menos de duas horas para tirá-la de lá ou morrerá.
—Soltem-na.
Irene passou a analisar todas as fotos que havia ali. Alex não era muito fã dessa prima, no entanto vê-la tão desesperada, porém tentando a todo custo manter o foco para encontrar a irmã era tão bonito quanto triste.
—Ele a colocou no campus. – Disse Irene quando Alex se aproximou.
—O lugar é enorme, levará muito mais de duas horas para escavar tu... – Ela se virou para o homem. – Perto do laboratório.
—Bem pensado. – Irene continuava olhando as fotografias. – Ah! Já sei onde ela está.
Após pegar uma das fotos, elas saíram dali com alguns dos agentes, outros ficaram para levar o homem preso. Chegando ao campus Irene subiu até o laboratório.
—O que fazemos aqui? – Alex questionou.
—Veja isso. – Ela olhava pela janela.
Alex notou que a fotografia havia sido tirada dali; daquela janela. Via-se Diana almoçando sentada perto de uma árvore.
—Ela está naquela clareira.
Irene sorriu e correram até perto da árvore. Lá chegando ela se jogou no chão e começou a cavar com as próprias mãos, uma grande equipe a mando de Alex a ajudavam com todo o equipamento necessário. Logo conseguiram chegar até o caixão, abri-lo e tirar Diana de dentro. Ela já estava desmaiada. Irene fez os primeiros socorros até a ambulância chegar.
Quando a levaram para o hospital, Irene não conseguia se mexer, apenas sentou-se com terra da cabeça aos pés sentindo-se imensamente aliviada.
—Obrigada, Alex.
—Vem; Pode pegar uma carona comigo. – Falou ajudando a prima a levantar.