Os Segredos da Rua Baker#2: 01 - No face. No ID

Era verão em Londres, a Rua Baker estava cheia de caminhantes, indo e voltando do trabalho. O já conhecido inspetor Smith entra na famosa 221B, sobe as escadas e vai até a sala; Diana e Irene Holmes estavam sentadas em suas poltronas. Irene, como sempre, tomando um belo uísque; Diana estava lendo um jornal.

—John! – Diana levanta e vai cumprimenta-lo. – Fazia um tempo que não aparecia.

—Eu estava bem ocupado com o trabalho.

Irene solta um risinho.

—O que foi isso? – Diana pergunta.

—Claramente ele estava de férias. – Irene fala enquanto mexe no celular.

Diana olha para o inspetor.

—Esses últimos dias eu estava de férias, resolvi passar um tempo com a Susan e as crianças. Porém, antes eu estava ocupado com o trabalho, Irene.

—Não é bem verdade, não é inspetor? – Ela o olha.

—Irene, por favor, deixe o John em paz.

—Se quer dizer algo, Irene, apenas diga.

—Não é algo que eu queira dizer, inspetor, mas o que você não quer.

—Oh, claro e o que não quero dizer?

—Você foi e voltou de Brighton uma, duas... – Ela o observa como se estivesse contando cada número direto do seu rosto. – Cinco vezes por causa da saúde de sua mãe, preferia não ficar por lá muitos dias pela briga com o pai. Seu irmão mais novo, bom o único que restou...

—Irene! – Reclama Diana, mas a irmã fingiu não ouvir.

—Decidiu entrar para o serviço secreto deixando o seu pai ainda mais distante de você. A parte de ter passado as férias com a Susan e as crianças é verdade.

—Desculpe John, ela está entediada. Minha grosseira irmã passa a fazer qualquer dedução que lhe aparece quando está assim.

—Está tudo bem, Diana. Já a conheço o suficiente.

Irene revira os olhos durante as palavras da irmã e do inspetor, de repente, ela parece sentir um cheiro diferente. Começa a cheirar o ar, depois faz uma careta.

—Oh, você a trouxe, não é?

Uma mulher adentra o recinto.

—Descobriu minha presença pelos meus passos na escada? – Ela pergunta.

—Não, descobri pelo terrível odor que você exala.

—Desculpe, eu estou meio perdida. – Diz Diana. – Quem é você?

—Sargento Miller, eu fui designada para ajudar o inspetor Smith.

—Ou atrapalhar. – Irene comenta.

—Vamos direto ao ponto. – John se apressou. – Irene, você deve lembrar...

—Com certeza!

—Você deve lembrar-se de um caso arquivado há algum tempo. Foram encontrados alguns corpos sem rosto...

—Leve-me logo a cena do novo crime.

Irene pega o cachecol e jaqueta, ela se encaminha para fora dali, sendo seguida pela Miller, Diana e o John.

O local era um pub não muito longe da 221B, uma mulher já idosa jazia em cima do balcão. Ela se encontrava nua, com o rosto desfigurado, pontas dos dedos queimados por ácido e nenhuma outra marca. Irene se aproximou inteiramente fascinada.

—Gostou do que encontrou? – Pergunta Diana.

—É magnífico!

Ela estava com os olhos brilhando de excitação, um sorriso nos lábio e já segurando a lupa na mão.

—Tente não sorrir dessa forma, Irene.

—Hmm?

—Uma senhora assassinada com rosto desfigurado... Apenas guarde o sorriso pra depois.

Diana vai até os peritos e Irene começa seu trabalho de investigação. Ela passa horas analisando o corpo, o balcão e todo o pub. Anda de um lado para o outro. Em alguns momentos observando pequenos detalhes, depois apenas perdida em pensamentos. Ninguém falava ou chegava perto dela, pois mesmo se o fizessem Irene não responderia, era como se estivesse sozinha ali. Em dado instante ela simplesmente parou.

—É claro! – Disse após fazer uma pesquisa no celular.

—Descobriu alguma coisa? – John lhe pergunta.

—Essa mulher era uma prostituta de Belgrado.

—O que?

—O que ela faz em Londres? – Diana Questiona.

—Ela foi sequestrada. Passou alguns dias em cativeiro sem comida e água, tem traços de desidratação.

—Ela morreu de fome! – Exclama Miller.

—Melhor manter a boca fechada Miller ou irão ter a certeza da sua estupidez.

—Irene, por favor! – Reclama Diana. - Apenas diga o que sabe.

—Havia comida para ela, mas estava muito doente para conseguir comer. Ela foi envenenada inalando amianto.

—Como pode saber disso?

—John, aqueles casos que se igualam a esse foram feitos pelo Morse, esse não. Porém, foi recriado de forma idêntica. A diferença é a nacionalidade, profissão e idade.

—Todos fora!

Disse um homem de terno ao lado de uma bela e alta mulher.

—Ainda não terminamos aqui. – Irene avisa.

—Sim, vocês terminaram. Esse caso está saindo das mãos da Scotland Yard. – Ela disse.

—O que o serviço secreto francês tem a ver com isso? – Pergunta Irene e a mulher a olha com surpresa.

—Francês? – Diana indaga.

—Ela tem um ótimo sotaque, enganaria qualquer um, menos a mim. – Irene a observa. – Apesar de não ser francesa...

—Chega! – A mulher exclama. – Tirem todos daqui.

Um dos agentes foi direto em Irene que parecia não conseguir tirar os olhos da mulher, pois estava se perguntando: quem ela me lembra?

De volta a 221B, Diana expunha sua indignação por terem sido tratados daquela forma, no entanto Irene estava calada, incrivelmente calada.

Após duas semanas Irene ainda se encontrava obcecada com o caso da prostituta sem rosto e sem identidade. John sempre a avisava quando surgia outro corpo com o mesmo M.O. e ela corria até o local antes que qualquer pessoa do governo aparecesse. A mesma mulher de antes, a francesa com ótimo sotaque britânico, sempre acabava a expulsando de todas essas cenas de crime e tirando o caso das mãos da Scotland Yard.

Certo dia Diana não aguentava mais vê sua irmã andando pela sala na expectativa de mais um corpo. Irene rejeitava qualquer cliente que aparecesse ali, pois se dizia extremamente ocupada, sendo que Diana apenas a via esperar impacientemente.

—Irene você precisa parar!

—O que quer dizer?

—Por que está tão obcecada com esse caso?

—Não consegue vê, Diana?

—O que?

—É ele. De novo!

—Quem?

—Não seja tão burra! – Irene acaba gritando.

—Qual seu problema?

—Desculpe! – Ela senta na poltrona. – O homem que me mandou um presente na adolescência e mandou o mesmo pra você. Por alguma razão, ainda não consigo vê qual, ele está matando prostitutas Sérvias. Todas já aposentadas, elas são sequestradas ficam semanas sendo envenenadas até a morte. Não pode ser um simples plágio.

—Plágio?

—Primeiro aquele caso com a cicuta que lembrou o do envenenamento com o K-2 e agora esse.

—Ele está recriando as mortes provocadas pelo Morse.

—Sim, mas...

—O que?

—Por que nesse ele está repetindo tantas vezes? Já são quatro mortas até agora e o governo sempre se mete no final...

Irene se perde mais uma vez em seus pensamentos. Diana vai até a cozinha fazer um chá quando John chega.

—Ela está bem? Falei e parece nem ter me visto.

—Minha irmã está obcecada com esse caso e a intromissão do governo.

—É isso tem me intrigado também. Não seria melhor falar com o Mycroft?

—Acho que acabaremos tento de fazer isso. Sabe John, nunca pensei falar algo desse tipo, mas sinto falta das bebedeiras. Irene está totalmente sóbria e inteiramente fora de controle. Não come há dias, se não solucionar logo acabará doente.

—Bom, trago mais uma oportunidade disso acontecer.

—Outro corpo? – Irene pergunta entrando no recinto.

—Sim, nas mesmas condições em um hotel não muito longe daqui.

—E o que estamos esperando?

Irene sai quase correndo, junto com Diana e o John chegam de táxi no local antes de qualquer agente do governo. Irene mais uma vez examina um cadáver feminino com o mesmo aspecto dos anteriores. Todo o quarto continha as mesmas pistas. Três minutos examinando e a mesma mulher aparece.

—Oh vocês de novo! – Disse ela. – Se encontra-los mais uma vez irei prender as duas e demiti-lo da Scotland Yard. Fui clara?

—Vamos. – Diana chama a irmã que está encarando a mulher.

—Por que ele tem tanto interesse em prostitutas Sérvias? – Irene pergunta pra si mesma, mas sem tirar os olhos de cima dela.

—Isso não tem nada a ver com você.

—Não... Estúpida! Como sou estúpida. Por qual motivo ele mataria tantas? É óbvio... Ele procura por uma. O ingresso de outro. A agulha no palheiro.

—Do que está falando?

—Por que o governo se envolveu nesse caso? – Irene a analisa. – Oh é claro! Ela é família. Alguém do seu nível jamais iria para uma cena de crime se não tivesse um forte motivo. A prostituta que procuram é a sua mãe.

—Chega! Prendam-na.

—Mas senhora...

—Você vai me questionar?

O pobre agente apenas baixa a cabeça e vai algemar Irene que continua falando.

—Se ele estivesse com sua mãe já a teria matado.

—Espera! – Ele para antes de colocar Irene no carro. – Você sabe quem está fazendo isso?

—Sim... Não... De certa forma.

—Diga o que sabe.

—Não.

—Eu ordeno...

Irene dá um risinho irônico e entra no carro. Diana vai falar com o Mycroft sobre a prisão da irmã, John volta para a Scotland Yard e a tal mulher recebe uma ligação.

—Meu escritório. Agora!

Ela sai apressada.

ALANY ROSE
Enviado por ALANY ROSE em 01/02/2017
Reeditado em 12/03/2017
Código do texto: T5899635
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