A GAROTA DOS TRILHOS (Bressoni, investigação 2)

Ainda não era sete da manhã de segunda feira quando Luiz Guilherme Bressoni recebeu a ligação. Ele se exercitava na barra fixa instalada no apartamento. Era um habito. Sempre que possível acordava antes das cinco e fazia quarenta minutos de meditação e na sequencia exercícios ou dentro de casa ou numa corrida de alguns quilômetros pela vizinhança. Mente e corpo trabalhados. Ajudavam o cérebro a pensar de forma clara, mantendo o foco no seu trabalho como investigador do departamento de homicídios e também o seu corpo a cultivar a musculatura definida de seus 37 anos que lhe davam a aparência de anos mais novo. Marcela, sua esposa, não estava em casa. Tinha passado o fim de semana no interior visitando a mãe. Elas tinham reatado e voltado a se falar depois de anos de desentendimentos. Estava feliz por ela. Era um saldo positivo do câncer de mama que tinha enfrentado e do qual ainda se recuperava. Foi quando pegou a toalha para enxugar o suor do peito e rosto que o telefone vibrou. Era Guerra, o delegado.

_Bressoni.

_Lugui!? – iniciou Otaviano Guerra, chamando-o como de costume pelo apelido.

_Sim, pode falar.

_ Estou ligando pra informa-lo sobre o caso da garota encontrada nos trilhos. Saiu o laudo da pericia. Disseram que não há sinais de drogas, não houve estupro como pensávamos e que foi encontrado agua nos pulmões. Ela morreu afogada.

O homem ouviu com atenção. Aquilo era interessante. Se não era mais um caso de violência sexual porque o agressor se deu ao trabalho de levar as roupas da vitima, ferir seu órgão genital e ainda infringir dezenas de hematomas ao corpo? Afinal a moça foi encontrada nua e naquele estado. E se a causa da morte foi afogamento, onde ocorreu se não há nenhum lago perto da linha férrea? E porque o corpo foi abandonado sobre os trilhos da antiga estação desativada? Aquele canto da cidade era conhecido pelas arruaças e diversas vezes houve queixa de brigas nas redondezas e reclamações da vizinhança que pediam maior policiamento na região. Os vagões sucateados que ocupavam o pátio da antiga linha de trem eram usados por prostitutas, moradores de rua e usuários de drogas. Um deles encontrou o corpo, mas as tentativas de ter maiores informações foram fracassadas, pois era um bairro barra-pesada e ainda que alguém tivesse visto algo, ali imperava a lei do silencio.

_ Lugui, você ainda está me ouvindo? – perguntou o chefe percebendo o silencio na linha.

_Sim senhor – respondeu o jovem afagando a barba recém-aparada enquanto assimilava as novas informações do caso. Bressoni cogitou se houve vilipendio do cadáver depois de abandonado, mas descartou essa hipótese devido a não ter estupro, conforme informado.

_ Bom, tem mais uma coisa. Os pais da menina fizeram queixa sobre o desaparecimento da filha e pelas fotos que trouxeram nós a reconhecemos. O nome dela era Camila Martelli, 24 anos. Ela saiu de casa no sábado e não retornou. Os pais vieram ontem à noite à delegacia. Achavam que a garota poderia estar na casa de alguma amiga da faculdade, mas estranharam quando a filha não atendeu o celular. A moça estudava psicologia e fazia um voluntariado aos sábados durante a tarde. Era comum ela sair com as amigas e dormir na casa delas por isso não se preocuparam antes, foi o que disseram. Você imagina o quanto foi horrível para eles quando souberam – finalizou o homem.

Bressoni sentiu o pesar pela família. Uma jovem provavelmente com muitos sonhos e tendo uma morte assim tão violenta. Logo ele afastou esses pensamentos. Precisava manter-se racional, pois de nada adiantaria ser conduzido pela emoção naquele momento. A racionalidade que o ajudaria a achar o(s) culpado(s). Falou:

_Certo. Vou tomar um banho e irei conversar com eles. Mande o endereço da casa e me mantenha informado se surgir alguma novidade. Disse isso e desligou.

Uma hora depois, o policial estacionou o carro em frente à casa dos pais enlutados.

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Era uma casa simples de um bairro em que todas as residências pareciam ser geminadas. Foi atendido pela mãe da jovem assassinada, Dona Leda, uma jovem senhora de aparentemente 40 anos, magra, cabelos escuros, óculos de grau. Assim que entrou na sala a anfitriã apressou-se em apresentar o marido, um homem magro, igualmente jovem e semblante sofrido. Depois ela voltando-se para o marido explicou para ele em libras quem era o recém-chegado e o que fazia ali.

Bressoni obviamente percebeu que o homem, Ariovaldo, era surdo. A tristeza do casal era quase palpável, embora a mulher tentasse parecer forte apesar das condições. O investigador estava desconfortável em estar ali, mas era o seu trabalho e precisava ser feito. Geralmente as primeiras horas após um homicídio são as mais criticas para a solução de um caso devido ao criminoso ainda estar inseguro e poder cometer um erro. Começou:

_Quero dizer a vocês que lamento muito por suas perdas e que farei todo o possível para prender o responsável.

A mulher interrompeu com uma pergunta inusitada para o momento:

_ O senhor aceita uma xicara de café?

Lugui recusou a oferta com delicadeza percebendo que para a mulher aquilo era uma forma de tentar manter alguma normalidade. Precisava de algo que a mantivesse com os pés no chão para não se entregar ao desespero pela perda da única filha. Continuou:

_ Eu preciso fazer algumas perguntas: Quando foi a ultima vez que vocês e Camila se viram ou conversaram?

_Sábado, por volta de 13:00hs. Almoçamos juntas e em seguida ela foi pra ONG.

O investigador reparou que era visível o esforço da mulher pra não chorar diante dessas ultimas lembranças.

_ Essa ONG?

_Minha filha "trabalha" no CVV – respondeu a mulher sem dar-se conta da gafe.

_E ela tinha algum namorado ou algum problema com alguém, talvez no trabalho ou na faculdade?

_Não. Minha filha era uma moça boa, esforçada, queria ser psicóloga pra ajudar pessoas com alguma deficiência como o pai dela. Ela não arrumava confusão com ninguém. Era religiosa e ia na missa comigo todo domingo de manhã. Não estava namorando ninguém, pelo menos nada serio. Ela era muito bonita - falou direcionando os olhos para um porta-retratos sobre a estante. Também não estava trabalhando. Saiu de uma loja de calçados e resolveu se dedicar aos estudos, enquanto recebia o seguro-desemprego. Ela fazia estagio. Ela... A mulher parou de fala por um momento, depois com a voz embargada continuou: Eu não entendo... Como Deus pode permitir que algo tão horrível assim aconteça?

Lugui não ousou responder a pergunta retórica. Também ele não entendia muitas coisas e já fez, no passado, o mesmo tipo de questionamento diante do câncer da esposa. A mulher silenciou. Estava emocionada. Já tinha satisfeito a necessidade de falar com o ouvinte o quanto à filha era especial. Estendeu a mão tocando o marido que estava ao seu lado, mas parecia absorto da cruel realidade.

Bressoni entendeu que não havia mais nada a fazer ali. O casal não iria ajudar com novas informações e precisavam desse momento a sós para viver o luto. Agradeceu, despediu-se e partiu. Foi para a ONG, colher novas informações.

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No CVV foi recepcionado por uma mulher alta e gorda que se identificou como a coordenadora. Foi conduzido para uma sala anexa onde poderiam conversar. Havia nas paredes diversos cartazes sobre a importância da prevenção do suicídio e uma estante com alguns livros.

A senhora que se chamava Bernarda foi simpática e prestativa de um modo terno.

_Estou aqui para uma investigação, a senhora deve ter sido informada. Camila foi encontrada morta na madrugada de sábado para domingo. Fui informado que talvez aqui tenha sido o ultimo local em que ela foi vista com vida.

_ Sim. Eu soube. Que tragédia para os pais não?! Quer dizer, é uma perda pra todos nós. Mila era uma garota adorável. Estamos todos pesarosos e assustados com a violência desse mundo. Sempre achamos que estamos imunes e que nunca acontecerá com alguém próximo.

_A senhora pode dizer a quanto tempo ela trabalhava aqui?

_ Pode me chamar de Bernarda, por favor. Mila vinha aqui duas vezes por semana. Ela começou conosco como estagiaria. É um estagio de psicologia organizacional e ela me ajudava com a papelada, a parte burocrática de uma ONG. Nós não temos apoio do governo, o senhor deve imaginar o tipo de demanda que temos: cadastro e capacitação de novos voluntários, divulgação do trabalho, palestras, contatos com empresas mantenedoras que acreditam em nosso projeto, etc. Ela gostava disso aqui. Logo que começou como estagiaria teve interesse em iniciar o atendimento telefônico, embora não fosse obrigada a nada. As quartas-feiras ela vinha aqui para o escritório e aos sábados atendia as ligações ali nos ramais. Ficamos felizes. É bom ter gente disposta a ouvir os problemas dos outros. Enriquece a vida e aprendemos que os nossos são tão pequenos diante dos outros.

_E nessas ligações? Ela relatou algum problema?

_Senhor Bressoni, as nossas conversas são sigilosas. Não temos identificador de chamadas em nossos três ramais. Claro que eu e o grupo discutimos casos pontuais de ligações delicadas, quando fazemos nossos encontros mensais, mas tudo garantindo o anonimato e respeito ao sigilo. Mila me confidenciou que um rapaz sempre ligava e falava coisas de conteúdo sexual com ela. Isso infelizmente acontece com todas nós. São casos recorrentes. Muitos homens solteiros e solitários acham que sendo uma ligação anônima podem dizer certas coisas, além de se apaixonarem pela voz, pela atenção recebida, etc. Gente carente tende a confundir as coisas. Somos treinadas para lidar com esse tipo de situação e não incentiva-la em nossas conversas. O senhor entende?

_ Sim, claro. O homem anotou aquilo. Poderia ser importante.

_O voluntariado é realizado sempre no mesmo horário? A senhora estava aqui no sábado à tarde? Chegou a ver Camila?

_Sim. O nosso compromisso é de quatro horas semanais. Ela ficava aqui das duas às seis da tarde todo sábado. E não, eu não estava aqui. Tinha ido apresentar o nosso trabalho para uma empresa. Estamos em processo de abertura de vagas para novos voluntários e por isso eu e alguns colegas fazemos o trabalho de visitar possíveis interessados. Mas acredito que Adriano possa te ajudar. Ele está aqui repondo horário, pois não pode vir na outra semana e sábado ele pegou o plantão depois de Mila. Espere um minuto vou chama-lo.

Voltou com um rapaz ruivo e de alargador na orelha. O jovem logo se adiantou as perguntas:

_ Oi, a Berna me explicou. O que posso dizer é que no sábado um homem veio buscar ela. Eles conversaram por um tempo ai na frente. O segurança viu. Ele comentou que chamou a atenção dele porque parecia que o homem do carro discutia com Mila. Claro que ele não interviu, pois achou que podia ser um namorado dela. Por fim ela entrou no carro e foi embora com ele.

Para Bressoni aquela informação era muito importante. Questionou o rapaz e ele disse que o carro segundo o segurança era um sedan azul. Bressoni ponderou se deveria interrogar esse homem e decidiu que não. Lamentou que não houvesse câmeras de monitoramento na rua. Agradeceu o rapaz e seguiu em direção à faculdade.

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Assim que desceu do carro no pátio da instituição de ensino Bressoni foi surpreendido por uma moça negra. Ela passou por ele e sussurrou: - "A menina pode ter participado" . O homem não teve tempo de perguntar nada. A moça colocou um papel dobrado nas mãos dele e seguiu apressada e assustada pelo corredor.

Abriu a folha. Leu o recado: “Não podem saber que falei, pergunte por SALVA PUTAS”

O homem não sabia o que aquilo poderia significar. Encaminhou-se para a sala dos coordenadores. Tinha ligado avisando que viria. Precisava conversar com a coordenadora do curso de Psicologia.

Em alguns minutos foi recebido por uma mulher loira, baixinha, de cabelos cacheados e óculos estravagante. Seu nome era Dinah e se não fosse pelo cargo o investigador apostaria que ela tinha 25 anos, devido a aparência certamente resultado de inúmeras cirurgias plásticas.

_ Bom, senhor Bressoni, não tenho muito tempo. No que posso ajuda-lo? – a mulher foi objetiva.

_Como avisei antes estou investigando a morte de uma das alunas do seu curso: Camila Martelli. Gostaria que me falasse um pouco sobre ela, seu relacionamento com os colegas e professores, as suas notas, etc.

_Não sei se poderei auxilia-lo. Não tínhamos contato. Sou uma mulher ocupada e responsável pela manutenção do curso de quase 600 alunos entre os semestres da manhã e da noite. O que sei é que nunca tivemos reclamações dela por parte dos professores.

_E quanto aos colegas, dona Dinah?

_Como eu disse ao senhor, não tenho proximidade com todos os meus alunos. O senhor pode achar que é um erro em se tratando de um curso de Psicologia, mas na verdade é que tenho realmente uma agenda cheia. Pelo que me informei a garota não namorava ninguém. Ao menos não aqui na faculdade. E já adianto que não permitirei que incomode os meus alunos. Somos uma escola senhor Bressoni e não cairá bem para o nome dessa instituição que uma investigação policial ocorra dentro de nossos corredores.

O policial teve a impressão que a mulher era fria e sistemática. Diferente do que esperava de uma psicóloga.

_E quanto as notas de Camila? Alguma dificuldade ou reprova em alguma disciplina?

_De modo automático a mulher abriu uma gaveta da escrivaninha e retirou um pasta previamente separada. Jogou-a sobre a mesa.

_Ai está. Costuma ser um documento sigiloso, mas não quero que pense que não queremos colaborar com a autoridade policial. O senhor pode ver com seus próprios olhos.

Lugui verificou as notas. Quase todas eram boas, exceto na disciplina de bases biológicas do comportamento. Nessa certamente a jovem seria reprovada.

_Bom, senhor Bressoni, realmente queria poder ajuda-lo, mas tenho horário agendado com meus alunos. Se me der licença.

_Só mais uma pergunta: A senhora sabe o que é Salva Putas?

Nesse momento viu no rosto da mulher um vislumbre de perplexidade, rapidamente contido.

_Eu não sei que tipo de coisa o senhor tem ouvido por ai, mas posso te garantir que essa é uma faculdade séria. Temos excelência no nosso quadro docente. Muitos alunos são ressentidos por não se igualar ao nível dos demais e por isso ficam inventando coisas.

Ele percebeu a defensiva da mulher. Pediu:

_Gostaria de falar com o professor dessa disciplina se isso for possível.

_Creio que não será. Ele não veio hoje. Recebi uma ligação pouco antes do senhor chegar avisando que ele estava indisposto.

Bressoni considerou a coincidência do professor estar indisposto logo depois da morte de uma de suas alunas. Falou:

_Ainda assim, eu insisto.

_ Veja com minha assistente. Ela te passará o endereço, embora eu não veja motivos para importuna-lo. Passar bem.

A mulher abriu a porta convidando-o a sair.

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O professor Sergio de Holanda morava num sobrado de uma rua arborizada. Na garagem havia um Ford sedan na cor azul. Poderia ser só uma infeliz coincidência.

Era um homem ríspido, tanto quanto a coordenadora do curso. Bressoni foi convidado a entrar e conversaram na sala. Em nenhum momento foi convidado a se sentar. Era uma casa muito bonita e grande e certamente não condizia ao salario de um professor. Comentou:

_O senhor tem uma casa muito bonita.

_Obrigado.

_Eu imaginei que professores não ganhavam tão bem.

_Talvez tão pouco quanto os investigadores. Na verdade essa casa foi construída antes de eu me tornar professor, hoje dou aula em três faculdades pra manter minhas contas em dia. Sou biólogo com doutorado em neurociência. Trabalhava em pesquisas na iniciativa privada. Como você deve saber é quase impossível à ciência evoluir nas universidades publicas. O governo pouco ajuda. Quem desenvolve pesquisas nessas condições muitas vezes tem que bancar do próprio bolso o seu trabalho.

Bressoni reparou pelas portas de vidro do fundo da sala que a casa tinha uma área com churrasqueira e piscina.

_Enfim, imagino que não veio aqui para elogiar a minha casa?

_Não. Investigo a morte de uma de suas alunas. Sei que ela não ia bem na sua disciplina e a ultima vez que foi vista estava entrando num sedan azul no ultimo sábado. Tem algo a me dizer sobre ela? – inqueriu o investigador.

_Senhor, tenho muitos alunos que não compreendem minhas aulas. Não enxergam os mistériosos caminhos de nossa genética e suas possibilidades de relação com os transtornos mentais...

Bressoni sentiu como se estivesse num cabo de guerra, ousou o próximo passo. Era um teste.

_Se importa se eu der uma olhada no interior do seu veiculo senhor Sergio?

_Não desde que tenha uma ordem judicial que me obrigue. Pelo que sei não sou acusado de nada a não ser de faltar do trabalho devido a problemas de saúde. O homem falou e se aproximou de um móvel com gavetas no canto da sala.

O investigador intuiu uma sutil mudança no homem. Ele ia dizer que a ordem seria concedida pelo juiz, mas o professor se virou e o ameaçava com um revolver. O homem falou:

_Foi a Dinah não foi? Aquela maldita coordenadora. Foi ela que entregou o esquema das Salva Putas?

_Senhor, Sérgio. Acalme-se. Isso não é necessário.

_Eu sei que foi ela. Ela nunca concordou com isso. Fica interessada de que os alunos de fato aprendam as matérias e tirem boas notas. Ela é uma iludida. Essas alunas vagabundas só vão pra faculdade pra namorar. Pra essas que são umas putas o meu esquema vem para salva-las da reprova. Fazer valer a pena o semestre.

Bressoni começou a compreender. O homem armado continuou:

_Eu tentei ajudar aquela menina, mas ela não me ouviu. Ela só precisava divertir alguns amigos e professores como tantas outras já fizeram e eu daria o gabarito da prova ou quitaríamos mensalidades atrasadas caso ela precisasse também disso. De qualquer forma não seguindo minha recomendação ela jamais seria aprovada, mas a garota foi teimosa, preferiu ficar de fora e ousou nos ameaçar.

O policial perguntou:

_Mas porque abandonar o corpo dela nos trilhos do trem?

_Foi um acidente. Um erro. Trouxe ela pra cá e quando se deu conta ameaçou ir embora e entregar todo mundo. Disse que não iria se prostituir por causa de boas notas. No fim houve uma discussão e um dos rapazes a empurrou na piscina. Como íamos adivinhar que a menina não sabia nadar? Como ela nos ameaçou resolvemos deixar que se afogasse. Depois vieram com a ideia de simular uma agressão sexual. Tantas mulheres são vitimas disso diariamente que achamos que ninguém iria desconfiar. Espancamos o corpo, forçamos a vagina com uma vassoura a fim de parecer um estupro, rasgamos as roupas. Levei o corpo e abandonei naquele canto da cidade. Ali é uma área de prostituição. Pareceu perfeito.

Era revoltante ouvi-lo justificar suas ações. Enquanto ele falava se vangloriando de seus feitos Bressoni aproveitou um segundo de distração do professor sacou sua arma e atirou. Foi o suficiente para que o homem largasse seu revolver mais assustado do que ferido. Era um covarde. Com o homicida alvejado no braço esquerdo, o investigador anunciou a ordem de prisão:

_Você está preso. Tem direito a um advogado e de permanecer calado.

A monstruosidade que aqueles homens faziam com as alunas e especialmente a que fizeram com Camila seria paga. Conhecia homens covardes como Sergio e sabia que logo ele entregaria todos os comparsas.

Ironicamente o professor entregou todo o esquema sórdido apenas por sentir-se ameaçado. Com o crime rapidamente solucionado, os pais teriam justiça para o assassinato da filha e quem sabe o consolo de saber que a morte dela não foi em vão e ao menos serviu para desmantelar a quadrinha que oferecia gabarito de provas em troca da prostituição de suas alunas.

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Agradeço pela leitura, comentários e divulgação desse conto. Convido ainda para ler outros textos, especialmente a primeira história do detetive Lugui Bressoni "PARTES QUE MATAM" e a terceira "O CASO DO SUICIDA FELIZ"