O CASO STEVE REIS
Nenhum dos policiais percebeu o texto na máquina de escrever antiga. A vítima era um escritor e chamava-se Steve Reis, ele certamente tinha muitos fãs de suas histórias medonhas.
Os que leram as histórias criadas por ele já sabiam que não tinham finais felizes. Ele vivia como muitos da sua espécie, solitário, de hotel em hotel procurando novos ambientes para suas histórias misteriosas.
Quando o investigador chegou, notou que o corpo debruçado sobre a máquina ensanguentada ainda gotejava, gotas rubras manchavam o chão imundo daquele hotel de beira de estrada.
O apartamento fora isolado, e as pistas que eram poucas se tornavam sem sentido, nada havia sido levado, tudo parecia estar na mais perfeita ordem. Parecia aos olhos desatentos que tudo levava para mais um caso sem solução.
Saldanha logo notou o livro ao lado do corpo, o volume aberto estava com um peso de papel na página cento e trinta e dois, certamente o texto era o último conto publicado na revista mistério daquele escritor de trinta e sete anos.
O corpo sem vida estava debruçado sobre a máquina de escrever portátil, Reis era um homem de muitas manias e ninguém sabia por que gostava de datilografar os seus textos; com um computador e um processador de textos certamente evitaria muitas correções desnecessárias, mas quem entende estes escritores excêntricos, isto provavelmente ninguém nunca descobrirá, porque agora Steve Reis estava morto!
O livro continha duas histórias do seu mais recente sucesso publicado, e parecia ter sido aberta e marcada de propósito, o texto circulado com uma caneta esferográfica foi lido pelo investigador deixando todos espantados:
“A faca de dois gumes cortou a garganta da vítima como manteiga, do corpo sem vida espirra gotas rubras sobre a máquina de escrever antiga, gotejando nos móveis e chão de mármore encerrando uma brilhante carreira”.
Aquele texto destacado nas últimas páginas do livro pareceu a Saldanha como uma premonição, ou uma espécie de Déjà-vu, de alguma forma o texto descrevia completamente a cena que descortinava diante dos policiais e do investigador, deixando todos intrigados, mas quem teria feito aquilo, as chances de ser suicídio foram completamente descartadas pela posição do corpo. Em seguida chegaram os legistas e logo liberaram o corpo. O caso ficou ainda mais confuso quando o gerente do hotel foi interrogado, chamado pelo investigador numa sala reservada, ele foi questionado sobre os hospedes que estavam no hotel naquela noite.
O gerente dissera convicto que os únicos que estavam ocupando quartos naquela noite eram o escritor Steve Reis, e um casal de idosos que ocupavam o quarto vinte e dois.
O Detetive Saldanha voltou novamente à cena do crime e olhou o ambiente de todos os ângulos, chegou próximo a janela que dava acesso a sacada, viu que a neblina das noites de outono enevoavam o céu negro cobrindo parcialmente a lua, em seguida voltou até a escrivaninha de mogno próximo da cama, onde o corpo havia sido encontrado. Porém o cadáver não estava mais ali, já havia sido levado para o necrotério. O investigador Saldanha parecia duvidar das coisas que anotava no seu pequeno caderno de apontamentos com uma caneta azul de ponta fina. Olhou no relógio que marcava onze e trinta, enfiou a caderninho no bolso do sobretudo saindo porta afora.
Algumas semanas mais tarde o mesmo investigador foi chamado para mais um caso semelhante. O assassinato envolvia duas vítimas que participavam de uma competição de histórias curtas de terror.
Quando chegaram ao apartamento, e adentraram a porta da sala onde os dois corpos estavam, a cena parecia que fora forjada por uma mente doentia. A moça estava enforcada, pendurada pelo pescoço no lustre, o outro era um rapaz, e estava amarrado na cadeira com os olhos vidrados de terror, a vítima já estava sem vida com um tufo enfiado na boca e uma faca atravessando o peito, o sangue ainda gotejava na cadeira.
Aquilo deixou o investigador sem fôlego, ao se deparar com aquela cena horrível.
— Olhe na expressão do rosto do rapaz! — Disse o delegado apontando para a cadeira onde a vítima estava amarrada.
Havia um computador jogado no chão, sobre um tapete vermelho aveludado e estava ligado, Saldanha notou que um processador de texto mostrava um conto curto de terror escrito para a competição do site de histórias macabras.
Ele ficou atônito quando leu o texto escrito na tela do laptop, o texto grifado em negrito descrevia novamente a cena do crime.
“Um deles foi obrigado pelo mascarado a enforcar o outro, em seguida amarrado na cadeira o rapaz viu a cara do seu algoz, quando ele retirou a máscara de palhaço, viu também que ele carregava uma lâmina perfurante, logo foi golpeado e sangrou como um suíno no abatedouro”.
-— Vou admitir! Eles têm muita criatividade para este tipo de literatura! — Falou o Delegado com um tom irônico.
— Não é para menos! A moça era sobrinha do Steve Reis!
— Parece que um Serial-Killer tá fissurado nesses contistas de terror da
família Reis! — Comentou o detetive olhando o corpo amarrado na cadeira de olhos arregalados e com um tufo de tecido na boca.
— O assassinato no hotel de beira de estrada teve muita repercussão na mídia internacional, o Steve Reis era muito conhecido no exterior! — Disse o delegado olhando os móveis revirados e apanhando um botão sobre o tapete vermelho aveludado próximo ao sofá virado de ponta cabeça, catou a pista com uma pinça e cauteloso colocou cuidadosamente num saquinho plástico.
— Isto parece ser uma pista! — Disse o Dr. Braga arregalando os olhos na direção do detetive Saldanha
Não vou negar que o detetive Saldanha é um sujeito que acredita em pistas, ele realmente e daqueles que vendo a posição dos móveis, dos corpos, é capaz de visualizar toda a cena que ocorreu antes, ele talvez fosse uma espécie de sensitivo visual, não que eu acreditasse nestas coisas mas quanto ele pegou o saquinho com o botão e contou a história por traz dele, isto realmente impressionou o Delegado.
Numa época como esta, de violência escancarada na TV, um tempo que estes fatos já faziam parte do cotidiano das pessoas, todo o horror daquela cena já se tornara banal para os dois policiais. Aquele caso fora comparado pelo detetive ao do escritor morto no hotel há dois meses e como sempre aquele caso seria mais um que seria arquivado, se não fosse à perspicácia do detetive diante daquela pista sem o menor sentido para leigos, porém, ele era considerado um discípulo de ¹Holmes, alguém que sabia o que estava falando, quando relatou a história do botão, estava com certeza muito próximo de pegar aquele assassino.
Todas as pistas foram analisadas minuciosamente, nossa polícia não conta com a parafernália dos tiras americanos, contudo, de algum modo o Delegado Braga acreditava na capacidade de seu melhor detetive. Saldanha muitas vezes era tido como um vidente pelo próprio delegado, pois ficava espantado com as respostas que o investigador colocava nos relatórios, inclusive o do primeiro assassinato o deixou muito espantado, e do segundo o deixou algumas noites sem dormir.
Na manhã seguinte Saldanha reunira as pistas, e foram eleitos alguns dos possíveis candidatos ao facínora que estavam causando aquele pânico em muitos talentosos contistas profissionais e amadores, e que muitos investigadores de outra jurisdição julgavam ser uma espécie de maníaco.
A escrivaninha do Delegado estava abarrotada de papeis, vários pedidos de soltura de criminosos, habeas corpus e petições de advogados sem escrúpulos, concedidos por juízes de índole duvidosa.
Ele estava mesmo de cabeça quente naquela manhã de junho, o café na xícara fumegava fracamente, entretanto ficou um pouco animando quando viu entrar pela porta de vidro fosco o seu melhor detetive.
— Eu tenho novidades sobre o caso! — Indagou Saldanha enquanto fechava a porta.
— O que você descobriu Saldanha? — Retrucou o delegado levando a xícara
de café até a boca.
— Olhe esta foto! — Disse Saldanha enquanto mordia um sanduíche.
— É o Steve Reis?
—Sim! — E foi tirada há dois dias!
—Como! — O homem foi encontrado morto há dois meses!
— Sabe... a foto não é do Steve Reis, e do seu irmão gêmeo!
— Irmão gêmeo?! — Retrucou o Delegado incrédulo.
— Sim Delegado, Sergei Reis é o nome dele e tenho certeza que é o nosso maníaco assassino.
— Como você tem tanta certeza disso! — Indagou incrédulo o Delegado, terminando o café, limpando a boca com um guardanapo.
— Na noite do crime no Hotel, as únicas pessoas vistas saindo e entrando, foram o Steve e o casal de Idosos — certo!
— Sim, mas onde o Sergei entra na história?
— Muito Simples! — O Steve Reis era um homem solitário de trinta e sete anos, e rico! O único parente que tinha era o Sergei e uma sobrinha, filha de uma irmã dele morta em um acidente de trânsito junto com o marido, e o homem tinha um seguro milionário no banco cujos beneficiários seriam a sua sobrinha também morta, e o nosso candidato a assassino, — Sergei quem receberia todo o dinheiro caso o homem não tivesse mais nenhum parente.
— Sergei Reis é o nosso assassino! — Exclamou maravilhado o Delegado Braga com a explicação do Detetive Saldanha.
— É... Mas como vamos provar que foi o Sergei quem matou a sobrinha e seu namorado?
— O botão encontrado no tapete foi acidentalmente arrancado de uma camisa do Sergei quando revirou a cena do crime. — Um mandado de busca para revistar o apartamento dele, agora que mora numa cobertura no centro da cidade resolve a situação.
Quando o Detetive e o Delegado chegaram ao Saguão do luxuoso Apart-hotel, viram Sergei Reis saindo do elevador acompanhado de duas mulheres de índole duvidosa, vestidas com minissaias e maquiadas como modelos de passarela.
Instintivamente Sergei percebeu que a casa havia caído quando os policiais o algemaram e o Delegado lhe deu voz de prisão, acusando de triplo homicídio.
De algum modo Saldanha notou que na camisa de Sergei Reis faltava um botão, então mostrou o saquinho e o balançou com a prova do crime.
— Sinto muito, mas o seu crime foi quase perfeito Sr. Sergei, somente por um detalhe, o botão de sua camisa que está faltando, nós o encontramos na casa de sua sobrinha morta.
— Maldição! — Foram às únicas palavras de Sergei depois de ser algemado por dois policiais, que acompanhavam a diligencia do Delegado Braga.
A camisa de Sergei Reis era de seda e o botão que faltava era o do colarinho, certamente ele não percebera a falta de tal item insignificante, mas não para Saldanha, qualquer pista para um detetive da sua competência era certamente incriminador, ele era mesmo um discípulo de Holmes¹ com certeza.
Os que leram as histórias criadas por ele já sabiam que não tinham finais felizes. Ele vivia como muitos da sua espécie, solitário, de hotel em hotel procurando novos ambientes para suas histórias misteriosas.
Quando o investigador chegou, notou que o corpo debruçado sobre a máquina ensanguentada ainda gotejava, gotas rubras manchavam o chão imundo daquele hotel de beira de estrada.
O apartamento fora isolado, e as pistas que eram poucas se tornavam sem sentido, nada havia sido levado, tudo parecia estar na mais perfeita ordem. Parecia aos olhos desatentos que tudo levava para mais um caso sem solução.
Saldanha logo notou o livro ao lado do corpo, o volume aberto estava com um peso de papel na página cento e trinta e dois, certamente o texto era o último conto publicado na revista mistério daquele escritor de trinta e sete anos.
O corpo sem vida estava debruçado sobre a máquina de escrever portátil, Reis era um homem de muitas manias e ninguém sabia por que gostava de datilografar os seus textos; com um computador e um processador de textos certamente evitaria muitas correções desnecessárias, mas quem entende estes escritores excêntricos, isto provavelmente ninguém nunca descobrirá, porque agora Steve Reis estava morto!
O livro continha duas histórias do seu mais recente sucesso publicado, e parecia ter sido aberta e marcada de propósito, o texto circulado com uma caneta esferográfica foi lido pelo investigador deixando todos espantados:
“A faca de dois gumes cortou a garganta da vítima como manteiga, do corpo sem vida espirra gotas rubras sobre a máquina de escrever antiga, gotejando nos móveis e chão de mármore encerrando uma brilhante carreira”.
Aquele texto destacado nas últimas páginas do livro pareceu a Saldanha como uma premonição, ou uma espécie de Déjà-vu, de alguma forma o texto descrevia completamente a cena que descortinava diante dos policiais e do investigador, deixando todos intrigados, mas quem teria feito aquilo, as chances de ser suicídio foram completamente descartadas pela posição do corpo. Em seguida chegaram os legistas e logo liberaram o corpo. O caso ficou ainda mais confuso quando o gerente do hotel foi interrogado, chamado pelo investigador numa sala reservada, ele foi questionado sobre os hospedes que estavam no hotel naquela noite.
O gerente dissera convicto que os únicos que estavam ocupando quartos naquela noite eram o escritor Steve Reis, e um casal de idosos que ocupavam o quarto vinte e dois.
O Detetive Saldanha voltou novamente à cena do crime e olhou o ambiente de todos os ângulos, chegou próximo a janela que dava acesso a sacada, viu que a neblina das noites de outono enevoavam o céu negro cobrindo parcialmente a lua, em seguida voltou até a escrivaninha de mogno próximo da cama, onde o corpo havia sido encontrado. Porém o cadáver não estava mais ali, já havia sido levado para o necrotério. O investigador Saldanha parecia duvidar das coisas que anotava no seu pequeno caderno de apontamentos com uma caneta azul de ponta fina. Olhou no relógio que marcava onze e trinta, enfiou a caderninho no bolso do sobretudo saindo porta afora.
Algumas semanas mais tarde o mesmo investigador foi chamado para mais um caso semelhante. O assassinato envolvia duas vítimas que participavam de uma competição de histórias curtas de terror.
Quando chegaram ao apartamento, e adentraram a porta da sala onde os dois corpos estavam, a cena parecia que fora forjada por uma mente doentia. A moça estava enforcada, pendurada pelo pescoço no lustre, o outro era um rapaz, e estava amarrado na cadeira com os olhos vidrados de terror, a vítima já estava sem vida com um tufo enfiado na boca e uma faca atravessando o peito, o sangue ainda gotejava na cadeira.
Aquilo deixou o investigador sem fôlego, ao se deparar com aquela cena horrível.
— Olhe na expressão do rosto do rapaz! — Disse o delegado apontando para a cadeira onde a vítima estava amarrada.
Havia um computador jogado no chão, sobre um tapete vermelho aveludado e estava ligado, Saldanha notou que um processador de texto mostrava um conto curto de terror escrito para a competição do site de histórias macabras.
Ele ficou atônito quando leu o texto escrito na tela do laptop, o texto grifado em negrito descrevia novamente a cena do crime.
“Um deles foi obrigado pelo mascarado a enforcar o outro, em seguida amarrado na cadeira o rapaz viu a cara do seu algoz, quando ele retirou a máscara de palhaço, viu também que ele carregava uma lâmina perfurante, logo foi golpeado e sangrou como um suíno no abatedouro”.
-— Vou admitir! Eles têm muita criatividade para este tipo de literatura! — Falou o Delegado com um tom irônico.
— Não é para menos! A moça era sobrinha do Steve Reis!
— Parece que um Serial-Killer tá fissurado nesses contistas de terror da
família Reis! — Comentou o detetive olhando o corpo amarrado na cadeira de olhos arregalados e com um tufo de tecido na boca.
— O assassinato no hotel de beira de estrada teve muita repercussão na mídia internacional, o Steve Reis era muito conhecido no exterior! — Disse o delegado olhando os móveis revirados e apanhando um botão sobre o tapete vermelho aveludado próximo ao sofá virado de ponta cabeça, catou a pista com uma pinça e cauteloso colocou cuidadosamente num saquinho plástico.
— Isto parece ser uma pista! — Disse o Dr. Braga arregalando os olhos na direção do detetive Saldanha
Não vou negar que o detetive Saldanha é um sujeito que acredita em pistas, ele realmente e daqueles que vendo a posição dos móveis, dos corpos, é capaz de visualizar toda a cena que ocorreu antes, ele talvez fosse uma espécie de sensitivo visual, não que eu acreditasse nestas coisas mas quanto ele pegou o saquinho com o botão e contou a história por traz dele, isto realmente impressionou o Delegado.
Numa época como esta, de violência escancarada na TV, um tempo que estes fatos já faziam parte do cotidiano das pessoas, todo o horror daquela cena já se tornara banal para os dois policiais. Aquele caso fora comparado pelo detetive ao do escritor morto no hotel há dois meses e como sempre aquele caso seria mais um que seria arquivado, se não fosse à perspicácia do detetive diante daquela pista sem o menor sentido para leigos, porém, ele era considerado um discípulo de ¹Holmes, alguém que sabia o que estava falando, quando relatou a história do botão, estava com certeza muito próximo de pegar aquele assassino.
Todas as pistas foram analisadas minuciosamente, nossa polícia não conta com a parafernália dos tiras americanos, contudo, de algum modo o Delegado Braga acreditava na capacidade de seu melhor detetive. Saldanha muitas vezes era tido como um vidente pelo próprio delegado, pois ficava espantado com as respostas que o investigador colocava nos relatórios, inclusive o do primeiro assassinato o deixou muito espantado, e do segundo o deixou algumas noites sem dormir.
Na manhã seguinte Saldanha reunira as pistas, e foram eleitos alguns dos possíveis candidatos ao facínora que estavam causando aquele pânico em muitos talentosos contistas profissionais e amadores, e que muitos investigadores de outra jurisdição julgavam ser uma espécie de maníaco.
A escrivaninha do Delegado estava abarrotada de papeis, vários pedidos de soltura de criminosos, habeas corpus e petições de advogados sem escrúpulos, concedidos por juízes de índole duvidosa.
Ele estava mesmo de cabeça quente naquela manhã de junho, o café na xícara fumegava fracamente, entretanto ficou um pouco animando quando viu entrar pela porta de vidro fosco o seu melhor detetive.
— Eu tenho novidades sobre o caso! — Indagou Saldanha enquanto fechava a porta.
— O que você descobriu Saldanha? — Retrucou o delegado levando a xícara
de café até a boca.
— Olhe esta foto! — Disse Saldanha enquanto mordia um sanduíche.
— É o Steve Reis?
—Sim! — E foi tirada há dois dias!
—Como! — O homem foi encontrado morto há dois meses!
— Sabe... a foto não é do Steve Reis, e do seu irmão gêmeo!
— Irmão gêmeo?! — Retrucou o Delegado incrédulo.
— Sim Delegado, Sergei Reis é o nome dele e tenho certeza que é o nosso maníaco assassino.
— Como você tem tanta certeza disso! — Indagou incrédulo o Delegado, terminando o café, limpando a boca com um guardanapo.
— Na noite do crime no Hotel, as únicas pessoas vistas saindo e entrando, foram o Steve e o casal de Idosos — certo!
— Sim, mas onde o Sergei entra na história?
— Muito Simples! — O Steve Reis era um homem solitário de trinta e sete anos, e rico! O único parente que tinha era o Sergei e uma sobrinha, filha de uma irmã dele morta em um acidente de trânsito junto com o marido, e o homem tinha um seguro milionário no banco cujos beneficiários seriam a sua sobrinha também morta, e o nosso candidato a assassino, — Sergei quem receberia todo o dinheiro caso o homem não tivesse mais nenhum parente.
— Sergei Reis é o nosso assassino! — Exclamou maravilhado o Delegado Braga com a explicação do Detetive Saldanha.
— É... Mas como vamos provar que foi o Sergei quem matou a sobrinha e seu namorado?
— O botão encontrado no tapete foi acidentalmente arrancado de uma camisa do Sergei quando revirou a cena do crime. — Um mandado de busca para revistar o apartamento dele, agora que mora numa cobertura no centro da cidade resolve a situação.
Quando o Detetive e o Delegado chegaram ao Saguão do luxuoso Apart-hotel, viram Sergei Reis saindo do elevador acompanhado de duas mulheres de índole duvidosa, vestidas com minissaias e maquiadas como modelos de passarela.
Instintivamente Sergei percebeu que a casa havia caído quando os policiais o algemaram e o Delegado lhe deu voz de prisão, acusando de triplo homicídio.
De algum modo Saldanha notou que na camisa de Sergei Reis faltava um botão, então mostrou o saquinho e o balançou com a prova do crime.
— Sinto muito, mas o seu crime foi quase perfeito Sr. Sergei, somente por um detalhe, o botão de sua camisa que está faltando, nós o encontramos na casa de sua sobrinha morta.
— Maldição! — Foram às únicas palavras de Sergei depois de ser algemado por dois policiais, que acompanhavam a diligencia do Delegado Braga.
A camisa de Sergei Reis era de seda e o botão que faltava era o do colarinho, certamente ele não percebera a falta de tal item insignificante, mas não para Saldanha, qualquer pista para um detetive da sua competência era certamente incriminador, ele era mesmo um discípulo de Holmes¹ com certeza.
¹Sherlock Holmes – Criação do escritor Arthur C Doyle.