O alvo errado...
Uma tarde fria chuvinha fina, penetrante... Maria estava de casaco marrom, que cobria até as panturrilhas... Luvas de lã, e um cachecol também de lã até as orelhas... O frio intenso gelava o seu rosto que estava com aparência de cansado, seus olhos tristes e cabisbaixos deixava transparecer um pedido de socorro... ou algo assim.
Paulo todo bem vestido, rapaz jovem de uns 27 anos, moreno claro e de boa aparência falava ou discutia com a moça que agora aparentava inquietude... O homem bem vestido, um terno alinhado de cor preto, gravata preta com listas vermelhas e brancas... Usava também óculos de graus...
É isso que eu acho disse o Delegado em tom de brincadeira, o que penso que mostra a fita recolhida no hotel... Foi o jovem quem assassinou a moça...
Bom sendo ou não sendo, é uma hipótese disse o detetive, podemos trabalhar em cima disso, partiremos desse principio enquanto iremos investigar os fatos...
O detetive acende um cigarro, e por um momento fica pensativo, mergulhado em seus pensamentos.
O delegado quebra o silencio e diz: bom fica contigo esse caso, sendo você um dos nossos melhores homens não nos decepcionará...
Sai o delegado ficando o detetive com seus pensamentos...
O detetive Nelson abre uma das gavetas da escrivaninha, e retira dela uma porção de fotos, aliás, muitas fotos da moça que foi assinada a beira mar numa noite fria e tempestuosa de inverno... Começa analisar uma por uma procurando detalhes despercebidos por outros profissionais da pericia... Muitas e muitas fotos, dos arredores do hotel até o local do crime na orla da praia... Alguma coisa que me dê novas pistas... Nelson olha minuciosamente,... Nelson não deixa escapar nada, e logo acha algo que lhe chama a atenção, em uma das fotos vê alguém que não se enquadraria na hora no momento e no caso... O porquê dessa pessoa está ali... e que por acaso foi fotografada... Pensa talvez, para a nossa sorte... Amplia a imagem no computador e olha com atenção através do refletor... É um homem de meia idade estatura baixo, obeso, está bem vestido de terno azul escuro ou marrom... Tem bigodes e está fumando...
Próximo passo e ir ver a família da moça e do rapaz, levar essa foto para que talvez reconheça e tenhamos novos caminhos para percorrer...
Paulo depõe agora: Dr. Fui namorado dela e eu a amo, nossa discussão no dia era apenas discordância de alguma coisa banal, que não concordávamos mutuamente, tínhamos marcado o casamento e não havíamos comunicado os seus pais... Tentei persuadi-la de casarmos sem consentimentos dos pais dela, porque por algum motivo eles não me aceitaram... Mas Maria de maneira alguma aceitou... Lastimou muito, chorou e dizia que não casaria comigo sem o consentimento dos pais...
Então a levei para casa sem que disséssemos uma só palavra durante o trajeto... foi só isso, outro dia recebi a noticia do fato terrível, do assassinato de Maria, que me deixou sem chão... Dr. estou sofrendo muito, ela é a pessoa que mas amo na vida, a única que amarei, tenho um grande respeito e o meu amor e verdadeiro... Sei que é o seu dever o seu serviço como Delegado, mas juro não fui eu e jamais faria com qualquer pessoa tamanho absurdo...
Sendo assim, está dispensado, só não pode sair da cidade... por enquanto estais sob suspeita...
O detetive Nelson chega a casa dos pais de Maria... É bem recebido pelo Sr João de D. Ana que oferecem a ele um café... que o detetive aceita de prontidão... Bom... Sr e Senhora, vamos ao que interessa, preciso fazer algumas perguntas e espero que me respondam com sinceridade para o bem de todos... Primeiro por que não aceitariam que sua filha se casaria com Paulo? Foi a dona Ana que falou primeiro... É verdade Sr. A gente sempre quis o melhor para ela sendo a única filha que temos... O Senhor sabe o quanto estamos sofrendo por tudo isso... para nós foi um triste desatino dela, uma incoerência com a rica educação que a demos...
Paulo fica irritado com a arrogância da mulher que diz em tom áspero olhando em seus olhos de megera,
dizendo que o amor não tem nada haver com status ou qualquer tipo de riqueza...
Dona Ana não se deixa por menos e mede as pessoas pelo valor material dizendo que amor não enche a barriga de ninguém, O detetive para não levar a conversa, mas longe... diz enfático... está bem dona Ana se é assim que a senhora pensa sinto muito...
Levanta-se e sai seguindo para a porta seguido pelo seu João... Quando o detetive sai a porta o Sr João diz que jamais deixaria a sua filha casar com um qualquer, um João ninguém que não tinha onde cair morto, só porque achava que o amava... O olhar do Sr. João era vago parecia sem sentimentos, frios e calculistas inspirava desafio e instigava o detetive, que sempre colhia algo dos semblantes daqueles que eram investigados... E o Sr João, homem avarento é daquele que faria de tudo para que os respeitasse seus ideais e o tiraria de todo de sua lista sem dor sem piedade se assim o fosse desafiado... Dava certo receio olhar diretamente para aquele homem que se compenetrava somente em suas infinitas propriedades e grandes empresas que abrangiam uma boa parte do Brasil e Estados Unidos...
O detive soube com quem estava lidando... Conheceu um dos homens mais rico do mundo e também um dos mais avarentos e ainda por cima se achava todo poderoso... Nutria velho costume que o dinheiro compra tudo, resolve tudo e joga a sujeira para debaixo do tapete e pronto e assim fica tudo resolvido... Nunca quis saber dos efeitos da sua arrogância, da sua miséria na alma, da prepotência da ganância... Não se importa o que podia acontecer a todos aquele que foram suas vitima, sugados enganados, usados para que ele pudesse satisfazer seus desejos... Isso é pouco para falar desse homem que humilha julga e faz com que suas idéias se tornem lei no seu mundo hediondo e mesquinho...
O detetive estava nervoso, pois assim que chegou, notou já de primeira mão que o homem da foto era o Sr João. Sem a menor dúvida, homem baixo de bigode obeso... Podia jurar que estava correto...
Nelson chega à delegacia... Está com o semblante cansado, pálido como se tivesse levado um susto... Segue direto para o escritório do Delegado que fica irritado e diz que é necessário e já lhe disse muitas e muitas vezes para bater antes de ir entrando sem ser convidado...
Sim, sim Dr. Mas é importante, não posso deixar para outro dia... O Sr precisa ver isso... olhe essa foto, vê esse homem, eu estive com ele agora, é um dos homens mais ricos do mundo e também creio que seja o mais troglodita que já vi... Foi ele, ele que matou a própria filha...
Mas como homem, como um pai mata a própria filha por que?... Não tem sentido...
Veja Sr Delegado, ente as sombras podemos notar algo na mão dele, vamos ampliar a foto no computador e o Sr. vai ver, é uma pistola, e ele atirou, no namorado errando, indo acertar a própria filha... Que horror disse o delegado, mas isso não prova nada, como sabe que foi isso... Achamos a pistola comparamos a bala e analisamos as digitais... O Sr tem que mandar um mandato, intimando o Sr João para comparecer aqui para nós dar uma explicação...
Aconteceu que o Sr João recebeu a intimação foi à delegacia e para nossa surpresa contou que matou a filha por engano, e que o alvo era o rapaz... Disse que os dois tencionavam fugir, e isso ele jamais deixaria...
Então arquitetou esse plano diabólico, acabar com a vida do rapaz para não deixar que os dois fugissem...
Eu estou pagando pelos meus pecados fiz muita gente sofrer, para ficar rico me desprovi de sentimentos, do amor de minha família, deixei que a ganância e o amor pelo dinheiro tomassem conta de mim, há muito tempo fiz a minha família viver num inferno, e tudo que tenho nesse momento é a dor, o sofrimento... Depois de muito tempo começo a ver que não sou dono de ninguém nem de nada... Agora sei que não tenho nada, que nada semeei e nada vou colher dessa vida, e também nada vou levar... Partirei para um vazio onde o amor não existe... Disse isso com ênfase... E sem o detetive e o delegado perceberem o homem coloca a mão nos bolso retira um revolver e dispara seis tiros na cabeça...
Cláudio Domingos Borges