O BOM LADRÃO - capítulo X

Desceram da viatura de frente à mansão do prefeito , o policial e o ladrão dispostos a entregarem o anel, e tocaram a campainha, de imediato a empregada abriu a porta e o polical disse:

- Bom dia, podemos falar com a primeira dama?

- Desculpe, mas hoje ela não está pra ninguém! A não ser que vocês tenham encontrado o anel dela.

- E se eu disser que sim?

- Está com o anel?

- Unhum.

- Minha nossa! Entrem! Entrem! Vou avisar à primeira dama.

Os dois entraram e a empregada correu para chamar a primeira dama, e ela foi descendo as escadas com suas belas pernas à amostra e chorando insessantemente e dizia para a empregada:

- O que é tão urgente assim, Magda? Espero que não seja outra vez o telefone, minha voz está demasiada rouca!

- Não, senhora...

A primeira dama viu o policial na sala e lançou aquele olhar sedutor para ele, desprezando totalmente o ladrão.

- Policial Wilson, que surpresa tê-lo aqui.

- Primeira e única dama, já não lembrava de como é bela.

- Então? O que o traz aqui?

O ladrão tomou a frente e mostrando o anel, disse para ela:

- Encontramos seu anel.

- Ó! Meu anel!

Ela tomou brutamente o objeto da mão do ladrão e o punha no dedo, então abraçou sufocadamente o policial e falou:

- Obrigada por ter encontrado meu anel, Wilsinho.

- De nada.

Disse o policial, sendo mal encarado pelo ladrão que em seguida abriu a mão para a primeira dama e perguntou:

- E a recompensa?

- Peguem lá na cozinha com a empregada. Meu anel, meu lindo anel!

Falou a primeira dama e subiu as escadas a admirar sua jóia recuperada e verdadeira. Indo para a cozinha, o ladrão e o policial se dirigiram à empregada e disse o ladrão:

- Com licença, mas, sua senhora nos mandou pegar a recompensa aqui.

- Ah, claro!

A empregada pegou uma maleta preta e colocou sobre a mesa, o ladrão abriu a maleta e seus olhos se encheram de lágrimas ao ver aquelas pilhas de dinheiro bem organizadas, mesmamente o policial, que ficou hipnotizado, nunca vira tanto dinheiro numa só maletinha. O ladrão fechou a mala e agradeceu a empregada, assim eles voltaram para a viatura com a maleta em mãos.

- Lembre que metade é minha, Tadeuzinho.

- Ok, eu fico com o dinheiro e o chefinho com a mala, hehe...

- Negativo! Já combinamos e ponto final! Meio a meio.

- Ok, ok...

- Bom, temos cada um quinhentos mil, dá pra fazer algumas coisinhas... Acho que vou comprar um apartamento na praia e um carrão. E você?

- Vou guardar.

- Guardar?

- É, não só como esses idiotas que já vão pensando numa nave e casa na praia.

- Hhmm...

- Tenho planos.

- Planos que inclui roubar? Se liga, você tem quinhentos mil nas mãos!

- Não vou mais roubar. São planos para o meu futuro, quero crescer na vida e que meu nome seja lembrado por todos.

- Tadeu ou Amadeu?

- É... Amadeu, ora!

- Por que, se seu nome verdadeiro é Tadeu?

- Porque... Porque Amadeu é nome de gente "chique."

- Humm... Então acho que já podemos contar as boas novas para o delegado.

- Acha que o chefão vai acreditar?

- Com certeza não, não se sair da sua boca, mas eu como sou testemunha da sua grande mudança, o convencerei.

Eles chegaram na delegacia e pegaram o chefe de polícia cochilando no balcão com um prato de rosquinhas d'um lado e do outro uma xícara de chocolate quente, que na verdade já estava frio.

- Chefe? Chefe? Chefe!

- Hã? O quê? Onde? Qual? Policial Wilson!

- Veja quem está aqui.

- Ah, Tadeu! Eu sabia, não resistiu à pressão e foi pego roubando de novo, hã? Vem, vou te levar pra sua...

- Não, chefe, ele não roubou! Ao contrário, se tornou um homem do bem.

- Desculpe, policial Wilson, mas não acredito em você. Me diga você, Tadeu.

Tadeu tomou a frente e falou para o delegado:

- É verdade, chefão.

- Em você eu acredito! Ok, então a partir de hoje você é um homem livre e esquecido pela polícia, Tadeu.

- Obrigado, chefão.

- E você Wilson, ganhará uma recompensa pelo bom trabalho...

- Falando em recompensa, chefão, eu e o chefinho Wilson ganhamos uma nota preta em praticar uma boa ação, quinhentos mil pra cada um.

- Minha nossa! Sendo assim, nem preciso mais dar as férias no Rio para o policial Wilson.

O policial olhou com revolta para o ladrão e apertando os dentes disse:

- Valeu, Tadeu, valeu por estragar as minhas férias!

- De nada, chefinho.

E perguntou o delegado ao ladrão:

- E tu pretende permanecer por aqui, Tadeu?

- Estive pensando em fazer um curso de línguas estrangeiras e ir para o exterior, chefão.

- Muito bem, te desejo muita sorte e espero nunca mais ver a tua cara por aqui.

- Nem eu, chefão, nem eu.

E meses se passaram e chegou o dia de Tadeu se mudar para o exterior, foi para a estação de trem acompanhado pelo delegado e pelo policial Wilson.

- Adeus, chefão, adeus chefinho!

Disse o ladrão, subindo no trem e acenando.

- Adeus, Tadeu! Até nunca, nunca, nunca mais!

Gritou o delegado, à medida que o trem partia, e disse ainda para o poilicial:

- Quem diria, um ladrão que passou trinta e oito anos roubando hoje é um homem honesto e de bem. Conseguiu um emprego como contador, aprendeu inglês e espanhol e agora está ingressando numa faculdade internacional para se formar em Economia!

- Pois é, nunca imaginamos algo assim de Tadeu, mas a verdade é que no fundo ele sempre foi uma pessoa boa e acredito que nunca se orgulhou de roubar. Bom, agora ele está em bons caminhos e daqui a poucas horas ele... O quê? Meu relógio! Cadê meu relógio? Aquele filho da mãe, desgraçado! E eu pensando que ele tinha mudado! Infeliz, roubou meu relógio...

- Wilson, está no seu outro pulso.

- A-ah, é mesmo, hehe... Bom, como eu dizia, ele é uma boa pessoa.

FIM.

Lyta Santos
Enviado por Lyta Santos em 27/01/2016
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