O BOM LADRÃO - capítulo VIII
Pronto para mais uma prova de honestidade naquela manhã de segunda-feira, o ladrão caminhava pela calçada ouvindo as orientações do policial.
- Vamos começar com algo bem simlpes, ok?
- Ok, chefinho.
- Está vendo aquela senhora ali? Ajude ela a atravessar a rua.
- Tudo bem.
O ladrão se dirigiu até a idosa que estava parada de frente à faixa de pedestre e segurando seu braço falou:
- Deixe que eu ajudo a senhora a atrevessar.
- Seu atrevido, me solte!
Ela ralhou, batendo com a bolsa no ladrão.
- Mas senhora, eu só quero ajudá-la a atravessar a rua e...
- E por acaso eu preciso da sua ajuda pra isso?
- É que a senhora pode tardar um pouco na travessia e até cair...
- Está me chamando de velha, é isso?
- Nã-não minha senhora! Eu só...
- E você deve ser um desses valentões que carregam trens nas costas e que nunca sentiu uma dor no joelho.
- Senhora, não é isso...
- Saia daqui se não quiser levar outra bolsada!
O ladrão se afastou da idosa e foi ter com o policial.
- Você viu, chefinho?
- Também tenho que admitir que você foi um tanto indiscreto.
- Como assim "indiscreto"? Eu não deveria apenas me oferecer a ajudar a velha a atravessar a droga da rua?
- Ei, olha a grosseria.
- Hum. E agora o que eu faço?
- Vamos andar mais um pouco e ver quem precisa de ajuda.
Eles foram passeando pelas ruas movimentadas da cidade e observando as pessoas, até que Wilson viu um pintor subir numa escada para pintar o muro da casa e esquecer a lata de tinta no chão, então disse para o ladrão:
- Dê a tinta para ele.
- Ok.
O ladrão entregou a lata de tinta para o pintor e este agradeceu com sorriso vívido, porém, quando passou a tinta de cor vermelha na parede que estava a pintar de branco, apertou os dentes e olhou com ira para o ladrão, afastando-o dali imediatamente.
- Será possivel que você faz tudo errado?
Disse Wilson, meneando negativamente a cabeça para o ladrão, e viu mais a frente uma mulher com muitas sacolas nas mãos e mais três no chão no ponto de ônibus. O ônibus parou de frente à mulher e ela se atrapalhou na hora de apanhar as sacolas, no que o ladrão quis ajudá-la, no entanto, foi mal interpretado e a mulher começou a gritar:
- Ladrão! Ladrão! Socorro!
- Não, não quero roubá-la! Só quero...
- Policial Wilson! Policial Wilson!
Ela gritava avistando o policial, esse foi de encontro a ela e perguntou como quem de nada sabia:
- O que aconteceu?
- Esse homem tentou me roubar!
- Hãã... Bom... Mã-mãos para... Para o alto, seu marginal!
O ladrão levantou as mãos e com um olhar de indignação para o policial falou:
- Marginal?
- Não se preocupe, senhorita, eu cuidarei dele.
Wilson levou o ladrão para o outro lado e logo o soltou, disse:
- Acho que já deu por hoje, Tadeu.
- Viu? Eu fui gentil, eles é que são ignorantes! Será que ninguém precisa de ajuda nessa bendita cidade?
Repentinamente, um senhor começou a dar gritos no meio da rua:
- Socorro! Alguém ajude!
O policial e o ladrão correram para lá e em muito ânimo o ladrão perguntou ao senhor:
- Em que posso ajudá-lo? Diga, diga!
- É que invadiram o banco e puseram uma bomba, a polícia chegou e correu atrás dos bandidos, deixando a bomba pra lá, e o pior é que o meu gato ficou lá dentro do banco!
- Só o seu gato?
- Sim.
- Mas, é só um gato...
O policial olhou com repreensão para o ladrão e falou:
- Fique calmo, meu senhor, eu vou desligar a bomba e o meu amigo aqui vai resgatar o seu gato, não é, Tadeu?
- Ok, ok...
Os dois entraram no banco e Wilson foi à procura da bomba, enquanto o ladrão procurava o gato.
- Calma, Tadeu, você consegue, respira fundo e ignore tudo o que está ao seu redor.
Disse o ladrão para si mesmo, passando por centenas de notas azuizinhas espalhadas pelo chão e por um cofre pronto para ser descoberto, mas resistiu bravamente e encontrou o gato dentro de uma mochila largada cheia de dinheiro.
- Ok, é só pegar o gato e não pôr os olhos nas notas. Vem gatinho, vem... Ele não quer vir, ok, vou ser obrigado a pegar a mochila.
Quando o ladrão ia pegar a mochila, Wilson apareceu por trás e lhe deu um baita susto ao gritar:
- Não!
- Tudo bem, já larguei, já larguei!
- Não é isso... Tadeu, eu não consegui desacionar a bomba.
- Não? Puxa, chefinho, eu esperava mais de você.
- Você consegue?
- Posso tentar, mas antes preciso pegar o gato...
- Deixe esse gato nojento pra lá, estamos prestes a contemplar uma enorme explosão! Aí adeus banco, adeus gato e adeus Tadeuzinho e policial Wilson!
- Ok, ok.
Eles correram até a bomba e o ladrão pediu que o policial tomasse distância, então se agachou e analisou os fios, então o policial perguntou:
- Você tem certeza que sabe o que tá fazendo?
- Relaxa, chefinho, relaxa. Eu só preciso cortar o fio ver...
- Vermelho?
- Não...
- Verde!?
- Azul.
- Azul?
O ladrão pegou o alicate e cortou o fio azul e Wilson tapou os ouvidos e gritou:
- Nãããão! O fio azul nããão!
Mas, percebendo que não sucedeu nenhuma tragédia e que a bomba foi desativada, o policial olhou com alegria para o ladrão e disse:
- Tadeu, você conseguiu!?
- Parece que sim.
- Mas, como você sabia que era o fio azul?
- Graças às aulas de ladrologia e também é preciso conhecer bem sobre bombas quando se pretende explodir um caixa. Mas isso não vem ao caso, hehe...
- Bom, então já que livramos o banco, agora só falta pegar o gato.
Então surgiu o senhor e disse para o policial:
- Não precisa mais, eu já peguei ele.
- Oh, que maravilha!
- Mesmo assim, obrigado por vocês terem desligado a bomba.
- De nada! E tenha um bom dia!
O senhor deu as costas e o ladrão viu que ele carregava nela a mochila, com o gato e com o dinheiro, e falou para Wilson:
- Chefinho, ele está levando o...
- O gato, sim, é dele! O que você quer com aquele gato?
- Mas, é que...
- Eu sei que ele era fofinho e você acabou se apegando muito a ele mas, fizemos boa coisa hoje, viramos heróis! Isso não basta pra você?
- Bom, eu não sou X9, mas, eita véio safado!
Continua...