A APOSTA
À espera de notícias, Horácio e Martha aguardavam no carro. Após uma hora de silêncio absoluto, Judite enviara uma mensagem de texto para o celular do detetive. A novidade o surpreendera tanto que ele releu em voz alta:
— O conde voltou para o hotel. E Eva está flertando com outro homem.
Eufórica, a ex-esposa de Horácio o abraçou gritando:
— Eu sabia!
Quando os lábios de Martha tocaram os seus, por um brevíssimo instante, o mundo lá fora não existia mais. O som de uma nova mensagem em seu celular arrancou o detetive daquela sensação inesperada, trazendo-o de volta à realidade. Nem Horácio, nem Martha falariam a respeito do que acabara de acontecer. Nenhum dos dois era cínico o bastante para isto. Mesmo numa turbulenta história como a deles, seria impossível tamanha reviravolta.
No salão, Judite mal conseguia acreditar em seus próprios olhos. O tal homem atraente dera a volta na mesa, posicionando-se atrás da cadeira de Eva. Antes que ela fizesse a aposta, o sujeito inclinou-se falando em italiano próximo ao seu ouvido:
— Arrisque tudo no treze. Se ganhar, a gente comemora em meu quarto.
O funcionário do cassino repetiu o aviso pela última vez naquela rodada:
— Façam suas apostas, senhores.
Eva ainda sorria ao colocar todas as suas fichas no número correspondente ao palpite do belo homem. Perder aquela chance seria um duplo desperdício.
NOTA DA AUTORA: Para melhor entendimento da trama sugiro a leitura dos episódios anteriores numerados por capítulos.
(*) IMAGEM: JEANNE MOREAU