O DETETIVE
Naquela tarde Horácio — visivelmente abatido — entrou no escritório. Sem cumprimentar a secretária, ele seguiu para sua sala, batendo a porta. Preocupada, Judite tratou de fazer o café. Quem sabe, uma boa xícara o animasse um pouco.
Ao abrir um grande envelope deixado sobre a escrivaninha, Horácio sentiu uma vertigem. Além das duas noites sem dormir, ele passara o dia em jejum. O detetive tentou se concentrar nas fotos retiradas do envelope, mas, por um momento, as imagens embaralharam-se diante de seus olhos. E então ele viu a figura de sua ex-mulher. Em cada uma das fotografias, Martha abraçava um homem diferente. Horácio reconheceu os sujeitos: eram todos seus clientes. Um grito de angústia ecoou pela sala.
Assustada, Judite abriu a porta e viu Horácio deitado no pequeno sofá do escritório. Diversos retratos estavam espalhados pelo chão. Ela abaixou-se para pegá-los:
— Num instante eu arrumo pro senhor.
— Deixe tudo aí, Judite.
Sem desviar os olhos das imagens, a secretária retrucou:
— Mas são as fotografias da esposa do senhor R. Ele deve chegar daqui a quinze minutos.
O detetive levantou-se num pulo segurando um dos retratos. Judite estava certa. Agora Horácio se lembrava. Aquelas eram as fotos da investigação que ele mandara a secretária revelar pela manhã.
Não restava nada a dizer, além da verdade:
— Estou cansado destes casos. Não quero mais seguir ninguém.
Surpreendida pelo desabafo do detetive, Judite ponderou:
— O senhor tem trabalhado demais. Precisa de férias. Uma viagem pra recarregar as energias.
Horácio gostaria de acreditar nisto, mas ele sabia: estava a um passo de perder o controle. Talvez as férias fossem permanentes.
NOTA DA AUTORA: Para melhor entendimento da trama, sugiro a leitura dos contos desta série: "O Primeiro Caso", "O Caso do Bar", "A Sombra de Eva" e "A Ex-Mulher ".
Ao abrir um grande envelope deixado sobre a escrivaninha, Horácio sentiu uma vertigem. Além das duas noites sem dormir, ele passara o dia em jejum. O detetive tentou se concentrar nas fotos retiradas do envelope, mas, por um momento, as imagens embaralharam-se diante de seus olhos. E então ele viu a figura de sua ex-mulher. Em cada uma das fotografias, Martha abraçava um homem diferente. Horácio reconheceu os sujeitos: eram todos seus clientes. Um grito de angústia ecoou pela sala.
Assustada, Judite abriu a porta e viu Horácio deitado no pequeno sofá do escritório. Diversos retratos estavam espalhados pelo chão. Ela abaixou-se para pegá-los:
— Num instante eu arrumo pro senhor.
— Deixe tudo aí, Judite.
Sem desviar os olhos das imagens, a secretária retrucou:
— Mas são as fotografias da esposa do senhor R. Ele deve chegar daqui a quinze minutos.
O detetive levantou-se num pulo segurando um dos retratos. Judite estava certa. Agora Horácio se lembrava. Aquelas eram as fotos da investigação que ele mandara a secretária revelar pela manhã.
Não restava nada a dizer, além da verdade:
— Estou cansado destes casos. Não quero mais seguir ninguém.
Surpreendida pelo desabafo do detetive, Judite ponderou:
— O senhor tem trabalhado demais. Precisa de férias. Uma viagem pra recarregar as energias.
Horácio gostaria de acreditar nisto, mas ele sabia: estava a um passo de perder o controle. Talvez as férias fossem permanentes.
NOTA DA AUTORA: Para melhor entendimento da trama, sugiro a leitura dos contos desta série: "O Primeiro Caso", "O Caso do Bar", "A Sombra de Eva" e "A Ex-Mulher ".
(*) IMAGEM: Google