Um lápis esquecido... Final

Com a reunião da igreja cheguei a conclusão de que o bandido estava cercado. A cada esquina alguém vigiava pra vê-lo passar. A descrição dele e o conhecimento de alguns que já o conheciam fez do bairro o mais vigiado. Logo a praça que antes as vezes parecia deserta povoou-se de amigos querendo entregar de bandeja o Duque. Meu celular tocava a todo instante dando as coordenadas de onde ele estava.

Os quatro homens que ficaram na igreja eram:

Julio Pedroso – Policial aposentado. Colecionador de armas e equipamentos de espionagem. Tudo registrado na plolícia. Especialista em todo equipamento de espionagem. Inclusive em grampos de telefone.Julio montou umas câmeras de segurança em todo o bairro e nas circunvizinhanças com a ajuda de alguns amigos. Assim poderiam vigiar e ver quando o bandido chegava.

Atanásio Crispin – Segurança de banco aposentado. Especialista em observar atitudes suspeitas. Ficou de ajudar o Julio na vigilancia depois do equipamento montado.

Mateus Louzada – Detetive particular com 30 anos de profissão (na verdade eram quarenta mas ele queria esconder a idade que era sessenta anos.) Investigava os detalhes possíveis de ataques de Duque. Onde comprava os chocolates. Quem envenenou pra ele; onde conseguia o veneno em pó que mandava pra mim, etc

Dindim Martins( Eduardo Martins) Mestre em disfarces. Me disfarçou em vários tipos diferentes pra que o Duque não me encontrasse. Cada dia era um disfarce diferente.

E as mulheres que ficaram na igreja eram:

Diná Apoteose( sambista da escola de samba da cidade) Organizadora de eventos na cidade. Conhecia todo mundo e seus contatos foram de uma preciosidade sem par. Isca preciosa por sua beleza.

As irmãs : Maria e Marina Souza ( beatas de 1ª) Conheciam todos os fiéis da igreja e se comprometeram em ser a ponte entre nós e os fiéis em caso de precisão. Ajudaram a mudar a minha aparência pra eu parecer "uma beata" numa certa ocasião em que os disfarces não foram possíveis pela distancia.

Carol Mata mata – Lutadora de Karatê, especialista em criar confusões e sair delas.

Helena Silverston – Telefonista e sabedora de todas as fofocas locais. Se alguém queria uma informação era com ela. Um verdadeiro jornal local

Ivone Sanders – Cabelereira local – central de informações.

Irmã Terezinha era a apaziguadora nas questões de conflitos que pudessem surgir. Comprometeu-se a rezar noite e dia para tudo se resolvesse sem violência.

Eu, Tenente e Investigador Lúcio Dalmácio, vítima e se Deus quizer aquele que com a juda deste verdadeiro batalhão irá por um fim nas artes deste bandido Chamado de Duque.

Combinamos depois da reunião que eu sairia dali disfarçado de beata por não haver ali nenhum item para este fim. As irmãs beatas me disfarçaram com partes de suas inúmeras roupas que tinham na sacristia para os dias em que vinham fazer faxina ali. Assim o Duque não me veria sair em caso dele estar vigiando a igreja.. A central de telefonia começou a funcionar logo em seguida. A telefonista levou com ela as beastas para ajudarem a atender os telefones e assim obterem as informações.

Meu celular tocou quase quinze minutos depois. Eram elas. Duque estava sentasdo na lanchonete da esquina : "Beijo Gelado" Ele saiu dali em seguida e fui avisado também. Estava falando no celular.

Desliguei o celular e ele tocou novamente. Era os rapazes da torre de vigia: Duque estava passando ao lado da Beijo Gelado. Atanásio garantiu que ele estava a caminho do banco. Uma mulher viu Duque conversando com o guarda do banco e pegando um pacote com ele. Outra mulher ligou pra dizer que Duque estava conversando em frente a delegacia com um escrivão da polícia. Achava que o nome do cara era Valdir. Louzada foi contactado e iniciou uma investigação para saber a ligação dos dois. Ficou sabendo que foi o escrivão que conseguiu a fuga do Duque e que facilitara para ele entrar na delegacia. Avisei ao Wilson(o delegado) que pos o cara em observação constante. A gente iria pegar ele no pulo. Ele foi fotografado pela câmera de segurança conversando com o Duque. Depois disso cada vez que ele ia sair era seguido por alguém. Seu telefone foi grampeado.

Duque colocou um homem pra vigiar em frente a delegacia mas a Carol imobilizou o cara e levamos pra nosso QG que foi montado nos fundos do salão da Ivone. Ele esbravejava e por isso teve que ser amordaçado. Por enquanto iria ficar ali.

Cheguei ao hotel e lá estava outro homem em atitude suspeita que foi pego pelas câmeras de segurança ligando o celular para Duque assim que eu cheguei. Foi fazer companhia pro outro no QG. O Telefone sem fio não parou de funcionar . A todo momento chegavam informações de onde o Duque estava e do que ele estava fazendo. Assim quando algumas das beatas sabia de alguma informação passava imediatamente pra telefonista que levava pra central de segurança e logo a confirmação chegava até mim. Armamos de pegar o Duque da seguiinte maneira:

Pusemos uma roupa deslumbrante em Diná que linda como era só ela, deixou nosso Duque gamadão. Sentou-se na praça na frente da delegacia e apesar do perigo o cara de pau do Duque, achando que estava protegido, sentou ao lado dela. Cheguei disfarçado de velhinha e o Duque não me reconheceu afinal.Então , disfarçando a voz eu disse :

_ Ela é namorada do Investigador Lúcio.voce não tem medo dele? E ele respondeu

_Não. Eu me garanto vovó. E convidou Diná para dar uma voltinha com ele.

_Ela foi e ficamos seguindo seus passos. Muito corajosa, pensei. E se ele resolvesse se vingar nela? Mas ele não a mataria porque estávamos com tudo armado. A central informou que o carro do Duque estava estacionado ao lado da praça e esvasiamos todos os pneus dele.

Todos os taxistas foram avisados pra seguirem as mesmas orientações: Levar o Duque de carro com uma mulher até onde ele pedir mas ligar o GPS antes de chegar ao local para que pudéssemos segui-lo. Assim que ele tomou o táxi com Diná, Carol entrou no porta malas do carro seguida de mim. Ficamos segurando a porta do porta-malas juntos até chegar no local indicado por ele. Era um motel distante da cidade. O Wilson acionou a polícia que deveria chegar em silêncio assim que ele chegasse. O taxista disse que queria ir ao banheiro, e esperou até a gente sair do porta malas. Eles entraram, e lá dentro a recepcionista, que também era da paróquia, já estava avizada. Ela inspecionou o quarto dele antes de chegarem e encontrou um verdadeiro laboratório com tudo que ele usara nos últimos dias. Diná disse ao Duque que queria ir ao banheiro antes de entrar no quarto. Duque nem desconfiou porque ela já o estava seduzindo a muito tempo, desde que sairam da cidade. A polícia entrou no quarto antes dele eram dois homens e o Júlio, que estava com a escuta instalada no quarto, pra gravar tudo o que acontecesse ali. Ali ficaram aguardando no mais absoluto silêncio. Em volta do prédio, em posições estratégicas, estavam mais de quarenta efetivos da polícia militar e civil daqui de Areal e da cidade vizinha.

Quando Diná saiu do banheiro, Duque estava esperando por ela do lado de fora. Convidou a menina pra entrar no quarto e disse que era dele. Sempre o usava para dormir. Nunca trouxera uma mulher ali. Ela era privilegiada. Caminharam até o elevador e quando chegaram ao quarto andar, saltaram e caminharam até a porta. Ele abriu a porta e entraram.

Diná sentiu um arrepio quando entraram no quarto. Era muito esquisito. Ali havia fotos gigantes de Lúcio em momentos diferentes da vida dele. Jornais recortados. Fotos de Regina e da Lili. Fotos dele com farda e a paisana. E uma foto do Duque com camisa listrada com um número na frente. Ela entendeu pela foto que ele fora preso algum dia. Sabia da informação pelo grupo em que estava agora mas sentiu isso no momento em que viu a foto. Como ele conseguiu a foto? Certamente era da polícia. Duque a pegou pelo braço e não era mais o mesmo homem gente.

_Nossa!! Que braços fortes. Adoro homens fortes!!!

_Não viemos aqui pra brincar de homem e mulher!!!

_Não? E pra que viemos então?

_Você está sobre meu poder agora e vou mostrar aquele detetive que eu não estou brincando. Senta aqui! E a jogou sobre uma cadeira. Amarrou as mãos dela atrás da cadeira e amordaçou sua boca. Ela não reagiu.

Diná sentiu medo nesta hora. Sabia que fazia parte do esquema mas mesmo assim não confiou.

A câmera que foi instalada na parede da frente do quarto mostrava a cena com precisão. Fui informado de todos os detalhes. Se ela corresse risco eu seria avisado. Duque pegou a arma na gaveta do criado mudo. Mostrou a Diná e guardou no bolso de trás da calça. Com todas as cenas bem gravadas a gente ficou esperando ele falar pra gravar tudo o que dissesse. E então ele começou a chorar e a falar:

_Aquele miserável me paga! Ele pensa que é o tal só porque me mandou pra prisão. Vou fazer ele pagar por cada dia que passei naquele inferno. Snif!!snif!! Eu vou exigir dele a localização da mulherzinha dele em troca de você, gostosa. Pena eu não tirar proveito de você. Mas por culpa dele eu deixei este prato na prisão. Agora troco por outro bem diferente desse. Pena o idiota não comer bombons senão ele podia estar no inferno e não aquela burra da babá. E as flores, golpe demestre não foi? Pena a mulher ser tão desconfiada. Bem que aquele bebe podia ter comido os bombons assim ele ficaria com um sentimento de culpa pelo resto da vida. Idiota, deixar em cima da mesa. Ahhhh!!! Maldita babá gulosa! E o jornal? Ah aquele incompetente do escrivão bem que podia ter entregue a ele na mão! Mas o idiota se borrou todo e deixou em cima da mesa dele. E foram tantas tentativas que ... Ah aquele cara pensa que eu sou idiota. Imagina que ele se fantasiou de mulher gorda e foi na casa do tio? Foi divertido pensar na cara dele quando eu mandei um pedaço da fantasia KKKK Snif!!!... Mas eu vou conseguir!!!

Duque parecia transtornado e Diná foi ficando nervosa. Ela começou a chorar pois achou que talvez eles não chegassem em tempo. E se ele resolvesse se vingar nela? Foi loucura se oferecer pra isca. Bem que sua mãe avisara para parar com essa mania de se meter em encrenca. Duque mexia na arma e falava sem parar mas Diná nem o estava ouvindo mais.

Eu ouvia tudo o que ele falava e além disso tudo estava sendo gravado. Era só esperar uma oportunidade pra pegar o desgraçado. Não podíamos tentar fazer isso ali. Poderia ser perigoso pra Diná. Enqianto eu pensava em uma estratégia pra atrair o Duque, Deus me deu a solução:

Duque resolveu ligou pra recepção e pediu uma bebida pra relaxar. Quando a recepcionista atendeu, nós estávamos ao lado dela debaixo do balcão. E assim fui disfarçado de camareira levar o pedido de Duque. Avisamos ao pessoal do banheiro e ao mesmo tempo em que eu tocava a campainha os outros se preparavam pro ataque. Duque deixou a arma no criado mudo e foi atender a porta, os dois sairam do banheiro e saltaram sobre ele. Eu tentei algemar o cara que gritava feito um louco e o Julio saiu do banheiro, com o gravador em punho. Dando um chute nas virilhas do policial que o prendia e empurrando o outro, o desgraçado conseguiu se livrar dos dois policiais, pegou a arma e ficou a me ameaçar com ela. Ele sabia que era eu o tempo todo. Não sei como mas ele me reconhece embaixo de qualquer disfarce. Parece que conhece meu cheiro. Tentei negociar com ele que chorava e falava ao mesmo tempo.

_Para cara. Voce está cercado. Todos estamos armados, será um tiro e a morte em seguida. Pra que isso ? Esquece isso. Não vai te levar a nada. Eu te perdoo. A gente esquece tudo isso e voce só vai voltar a cumprir aquilo que já estava devendo antes, ta combinado? Senti pena dele. Acho que ele sentiu isto mais do que um tiro.

Diante da minha proposta ele parou de chorar e seus olhos pareciam faiscar. Apontou a arma pra mim, que afastei os outros policiais e ele engatilhou a arma. Quando pensávamos que ele iria atirar em mim, virou a arma pra própria cabeça e atirou. Foi horrível de se ver. Diná que já estava solta, deu um grito de horror e chorou. Sairam parte de seu cérebro e respingou em mim. Chorei. Não sei se de horror ou alívio. Resolvi sentar na cadeira em que Diná estava antes, que alguém me ofereceu. Quando fui sentar, alguma coisa furou o meu trazeiro. Vi que era o lápis que eu havia encontrado no tapete de lá de casa. Ele andava sempre comigo. Mateus me disse que o Duque não sabia ler e nem escrever, por isso o lápis pra ele significava inteligencia. Joguei o lápis no chão. Era dele. Sempre que alguém morria por causa dele, deixava um lápis pra avisar. Achei que devia isso ao Duque. Saimos dali e fomos pra fora esperar a perícia técnica. Era de prache, mas todos sabíamos muito bem o que havia acontecido ali. Na praça a multidão de amigos me aguardava. Agora sei porque Regina não sai da igreja. Virei católico que nem ela. Somos uma família muito maior agora. Sei que acabou o pesadelo e começou uma nova vida.

Regina chegou de taxi com Lili no colo. Eu peguei minha filha e abracei minha mulher. Serei melhor pai para Lili de agora em diante. Obrigada Meu Deus!! Sussurrei baixinho. E todos que estavam ali repetiram bem alto:

Obrigada Meu Deus!!

Fim

Nilma Rosa Lima
Enviado por Nilma Rosa Lima em 24/02/2015
Código do texto: T5148361
Classificação de conteúdo: seguro