Arabella - Parte I
Havia acabado mais um trabalho. O corpo ensanguentado jazia entre velhas caixas de plástico e outros entulhos, na antiga garagem.
Lavou sua pequena faca em uma pia imunda e guardou-a em um saco de plástico. Colocou suas luvas de enfermeira e arrastou o corpo até o carro. Colocou o corpo de um homem loiro e esbelto, esfaqueado do lado esquerdo do peito, que há trinta minutos cozinhava ovos tranquilamente em sua casa, no banco do motorista e ligou o som. Ninguém desconfiava de nada. Ligou a mangueira e deu uma rápida limpada no sangue que se espalhava pelo chão.
Tirou um pequeno aparelho discreto do bolso de trás da calça preta e discou um número:
- "O trabalho está feito. Deixe a outra metade do dinheiro no local combinado, discretamente... Você tem meia hora".
Tirou então a máscara de pano que cobria todo o seu rosto e cabelos. Uma bela e mulher de uns trinta anos aparecia em meio a roupas pretas e justas. Seus cabelos loiros, presos em um coque, contrastavam com seus olhos negros como a noite. Era alta e esguia. Seus quadris eram largos e seus seios eram pequenos. Uma vantagem para se disfarçar.
Retirou as luvas brancas de enfermeira e guardou-as em um pequeno saco plástico, que retirou de uma pequena bolsinha presa em sua cintura. Lacrou-o e guardou-o de volta. De dentro da mesma bolsa, retirou um par de luvas pretas, mais grossas. Calçou-as e caminhou até o fundo da velha garagem. Pegou um galão e começou a derramar gasolina em todos os cantos da velha garagem. Ensopou o carro, não se preocupando em não jogar em si mesma, pois já fizera isso inúmeras vezes.
Quando já havia terminado de despejar todo o líquido no local, jogou o galão no fundo da garagem e abriu o pesado portão com as mãos. Admirou a paisagem e ainda do lado de dentro, retirou um cigarro do bolso e acendeu-o com seu belo isqueiro.
Olhou para o corpo ensanguentado dentro do carro, talvez interessada em saber o que aconteceria após a morte, mas logo concentrou seus pensamentos e com o isqueiro ainda aceso, jogou-o na parte mais funda da garagem. As chamas começaram a subir e ela rapidamente fechou o portão. Caminhando rapidamente, escondeu-se em uma viela e observou a casa sendo incendiada, de longe.
Escutou passos e ficou alerta. Olhando discretamente para a esquina, viu uma jovem mulher assustada, vestindo um capuz, depositar um saco de pão dentro do latão de lixo. Partiu rapidamente.
Olhando-a se distanciar, ela caminhou até a lata de lixo e retirou dela o conteúdo. Trinta mil reais. Desta vez poderia ficar sem trabalho por uns três meses.
Voltou-se então para a viela e parou ao lado de uma caixa de bebidas velha, de plástico. Levantou-a e pegou sua bolsa vermelha. Trocou-se ali mesmo. Colocou uma saia justa preta e uma blusa vermelha, discreta. Substituiu o tênis por um salto preto e coloriu os lábios com batom vermelho. Soltou então seus lindos cabelos loiros, que esvoaçavam com o vento. Caminhou até um pequeno bar e pediu uma dose de whisky. Acendeu um cigarro e como sempre, alguém veio flertar com ela.
- "Será que posso me sentar ao seu lado?"
Ela olhou-o nos olhos. Os olhos verdes mais lindos que já vira em toda sua vida.
- “Como desejar”.
Ele sentou-se ao seu lado pediu uma dose de whisky.
- “Pode pôr em minha conta, os dois” – disse ele ao dono do bar.
Ela estudou-o com interesse. Ele acendeu um cigarro e deu um meio sorriso para ela. Ela não sabia que sensação ele lhe passava, mas ela queria descobrir. Era esbelto, alto. Usava um terno preto com uma gravata de seda vermelha, que ele deixara pendurada no pescoço, de um jeito mais cômodo. Seus cabelos pretos se erguiam em um estiloso topete, e seus olhos a encaravam de um jeito indecifrável. Saberia ele de algo? Impossível, sempre fora muito cuidadosa com seu trabalho.
- “Permita-me que me apresente. Me chamo Douglas”.
- “Michelle. Muito prazer, Douglas”. – Eles apertaram as mãos formalmente. Ele a admirou.
- “Nunca te vi por estes lados. Passo sempre por este bar depois do trabalho, pois o jazz me agrada. Mas se visse uma mulher como você aqui, antes, com certeza me lembraria”. – Ele sorriu. Ela sorriu de volta.
- “Não sou daqui. Sou do outro canto da cidade. Vim a trabalho pra cá.”
- “É mesmo?” – Ele se interessou – “E com que você trabalha?”
- “Com vidas”. – Ergueu sua sobrancelha esquerda. Ele sorriu.
- “Você é médica?”
Ela bebericou o Whisky, deu um meio sorriso e respondeu:
- “É, algo do tipo”.
Já haviam bebido o suficiente, quando ele lhe ofereceu carona. Michelle não confiava em ninguém, mas se sentiu atraída por ele. Escondeu sua faca no sutiã e aceitou a carona. Quando entrou no carro e colocou o cinto, Douglas começou a passar a mão em suas pernas.
- “Que belas coxas você tem”. – Sorriu. Logo começaram a se beijar e pararam em um motel.
Michelle não entrava em um há um bom tempo. Ultimamente andava ocupada com seus trabalhos, mas decidiu que desta vez poderia aproveitar um pouco mais. Ele tirou o terno e ela deixou a bolsa de seu lado. Deslizou sua faca discretamente para dentro da bolsa, mas se preveniu com sua pulseira, na qual existia um pequeno canivete embutido.
Ele a abraçou por trás e delicadamente começou a tirar-lhe a roupa. Beijava seu pescoço, nuca, ombros... Ela se excitava cada vez mais. Ele colocou então a mão direita entre suas pernas, enquanto acariciava-lhe os seios com a esquerda. Começou a penetrá-la com o dedo, de forma que ela ficava cada vez mais excitada e lubrificada. Há quanto tempo não fazia isso, nem ela tinha ideia... O que sabia é que queria mais, muito mais...
Ele a jogou na cama e começou a passar a língua em seu corpo todo. O tesão que ela sentia era inexplicável. Abriu o zíper da calça dele e começou a apertar o membro duro. Ela o queria inteiro, penetrando-a profundamente e rapidamente. Passou a mão entre as pernas e sentiu que escorria um líquido quente. Estava mais do que excitada.
Percebendo, ele desceu e começou a penetrá-la com a língua. Fazia movimentos circulares e suaves. Os suspiros vindos dela eram profundos e verdadeiros. Ela puxava os cabelos dele e empurrava sua cabeça entre suas pernas, pedindo mais e mais. Ela queria senti-lo e ficaria ali por horas e horas.
Já não aguentava mais. Puxou-o para si e jogou-o na cama. Apenas sacou o membro dele para fora e virou-se de frente pra ele, por cima. Segurou então o membro e o encaixou entre suas pernas, tão quente e molhado que deslizou facilmente. Ela pulava para cima e para baixo, rebolava e apoiava suas mãos nos peitos dele. Ia cada vez mais forte e mais rápido, penetrando por inteiro e profundamente. Ele a admirava e beijava os seios dela. Ela pulava mais rápido, sentia um calor subir dos pés até a cabeça. Sentiu um leve formigamento e uma pequena contração. Parou. Olhou pra ele e começou a beijar-lhe o pescoço, sentava devagar e calmamente... Precisava aproveitar mais daquilo. Seus corpos já estavam todos suados, mas o tesão só crescia. O membro dele estava mais duro do que nunca, e ela deixava escorrer um líquido quente entre as pernas. Começou a ir mais rápido e massageava o clitóris com os dedos. O líquido escorria entre seus dedos e ele os colocou na boca.
Ela se excitou mais ainda com a cena e começou a ir mais rápido novamente. Sentava e rebolava com gosto, bem forte. Inclinou-se para ele de uma forma que comprimiu o membro dele contra seu clitóris, esfregando-o sem parar. Ela não aguentava mais. O calor subia entre suas pernas e ela sentiu novamente o formigamento. A leve contração voltou e ela foi mais forte, até que sentiu uma sensação deliciosa entre as pernas e um líquido quente e viscoso entrando. Soltou um gemido alto e continuou penetrando, cada vez mais devagar. Ele a segurava pela cintura, movendo-a para cima e para baixo, comprimindo cada vez mais forte e devagar seu membro entre as pernas dela. Até que os dois pararam.
Estavam suados e cansados. Ela deitou-se ao lado dele e acendeu um cigarro. Ele fez o mesmo.
- “Quer uma bebida?” – ele perguntou.
- “Um vinho. Seco”.
Cinco minutos depois, o vinho chegava. Beberam juntos e bateram um papo. Douglas era advogado. Morava ali por perto há alguns anos. O bairro era tranquilo e raramente algo fora do normal era visto.
Ela levantou-se para tomar um banho. Não utilizou a banheira, apenas a ducha. Deixou a porta entreaberta, e através do vidro do box podia vê-lo admirando suas belas curvas. Ele acendia um cigarro e a olhava. De repente abaixou-se do lado direito da cama...
“A bolsa” – ela pensou. Saiu nua do banho, rapidamente, e ele de uma maneira quase brusca, se levantou. Ela pegou a bolsa que deixara ao lado da cama e disse:
- “Sempre trago minha própria escova de dentes e sabonete líquido”. – Sorriu. Ele sorriu desconfiado.
Voltou para o banho e desta vez, trancou a porta. Retirou sua escova de dentes de lá, e verificou se o dinheiro se encontrava lá dentro. Ali estava. Colocou-o no fundo falso de sua bolsa, assim como sua faca e outros materiais que pudessem gerar desconfiança.
Deitou-se ao lado dele, que já estava quase adormecido e ele a abraçou. Enquanto passava as mãos pelo peito dele, observou uma cicatriz na barriga. O corte parecia ter sido profundo, talvez enganchou sem querer em algum ferro, ou talvez tenha sido uma facada...