ESCLARECIMENTO XXIX: A MORTE DO GERENTE DA JOALHERIA.
- Eu não fiz nada, juro que sou inocente...
- Eu estou aqui para que você me diga a verdade, estou sendo gentil, estou sendo amigo, estou de boa e você não esta colaborando...
- Mas eu não fiz nada, juro que sou inocente...
- Você tem 155, 157, 121, 33, 318, 163, 213, abra teu coração pra mim, me conte a verdade, eu estou sendo muito bom pra você e você não esta querendo me irritar, ou esta?
- Não! Mas eu não fiz nada, juro que sou inocente...
- Se você me disser a verdade, você se sentira melhor, acabaremos logo com isto...
- Mas eu não fiz nada, eu juro que sou inocente...
- Sabe que esta tua repetição esta me deixando irritado? Estou tentando conversar com você, mas você não esta colaborando...
- Eu não fiz na... Ai, ai, ai...
- Eu não queria te bater, me desculpe você me irritou com esta repetição. Vamos começar de novo, onde você comprou esta cocaína? Como você pagou pela droga? Você é um dos caras que roubou a joalheria do Shopping? Quem atirou na cabeça do gerente? Quem são os outros caras? Abra teu coração pra mim, vai te fazer bem, olha só! Você me ajuda, me paga os outros caras, eu canto que você me ajudou, você pegara uma pena menor, não é uma boa?
- Não fui eu...
- Na imagem do circuito fechado, deu pra ver tua tatuagem no braço esquerdo, mas na cena do homicídio, não da pra saber se foi ou não você, então se você me ajudar, serão 30 anos a menos a teu favor, o que me diz?
- Não fui eu...
- Me ajude que te livro do 121 e te pego só pelo 157, teu advogado alega o 14 e tu sai na boa.
- Boa tarde Robertinho! Já faz mais de 2 horas que você esta conversando com este malaco e ele não contou nada, já estou cansado de te falar que a tua bondade pra bandido não serve pra merda nenhuma, este negocio de ajudar bandido não vira nada, bandido tem que se fuder, deixa eu te ensinar, é assim ó!
- Ai, ai, ai, para doutor, eu não fiz nada... Ai, ai, ai, eu não fiz...
- Doutor! Desculpe telefone, é o Regional querendo saber se este malaco já cantou...
- Cleber, já estou indo, deixa só eu ensinar o Robertinho a conversar com bandido...
- Parece que é urgente.
- Robertinho, vou atender o telefone e já volto.
- Você viu só! Fui te ajudar e você me fudeu, fui na boa e você pois na minha bunda, agora não tem mais jeito ou você me paga tudo ou eles vão te arriar o cassete, vão te bater ate você falar. Agora escolha, quando eles voltarem o bicho vai pegar, o cara que veio aqui na porta, não pode mais interrogar presos, ele nem entra mais na sala, ele já matou um e aleijou outro e o Delegado, você viu, não tem paciência nenhuma.
- Quem atirou foi o Dieguinho e os outros dois eram o Vicentão e Carlos Bronha...
- Eles são de onde?
- Do centro, daquela favela perto da rodoviária.
- Porque o Dieguinho atirou?
- Disparou, foi acidente...
- Acidente o caralho, foi execução! Dava pra ver no filme os olhos, ele queria matar o cara. Por quê? Qual era a bronca? Tinha alguma treta entre eles?
- Não tenho certeza, acho que o coroa xavecou a mina do cara.
- Quem é a garota? Ela já pagou cadeia?
- Ela é di menor, só na responsa, sei quem é não. Dizem que é gatinha do fervo, na boa.
Robertinho saiu, tomou água, café, fumou e descansou, deixando o malaco na sala de inquirir, enquanto todas as outras equipes saíram em diligencia para deter os outros envolvidos, com os arquivos da inteligência. Ao voltar para sala, continuou a interrogar o bandido por mais 4 horas, sem água, comida, banheiro e drogas, ele pagou o nome do traficante, do locador das armas e do motorista da fuga.
Após doze horas do crime, estavam presos os três assaltantes, o motorista e já havia mandatos expedidos para os outros participantes do crime. Fomos para uma cidade do interior onde uma tia da menor lhe dava guarida, e sua apreensão era questão de tempo.
Durante os cinco dias da temporária, ficamos sabendo que a menina não teve um caso com o gerente daquela joalheria e sim com o de outra. Na verdade ela mantinha um relacionamento com o outro gerente e este a utilizava para assaltar as outras lojas do grupo. Ele como mandante, a controlava e passava todas as informações das lojas, como pontos escuros, senhas, locais de botoeiras de pânico, e as melhores peças. O denunciei por corrupção de menores, formação de quadrilha, cúmplice de assassinato. Para ter certeza que demoraria para sair, encaixei pedofilia, porte de armas de fogo de uso restrito e trafico de drogas.
Renovei a temporária e segurei este inquérito ate a volta de um juiz bem radical e fiz com que este inquérito caísse na mão dele. Tenho certeza que este ex gerente não me esquecera jamais.