Vida Seca- http://causosdeumpoliciadecampanha.blogspot.com.br/

Final de semana de sobreaviso, me ligam da policia militar, por volta das 19 horas, dizendo que deu um acidente fio na entrada da cidade. Ixi! Já era meu descanso, penso eu. Uma carreta passou por cima de um belina.. Ligo para a chefia, que me manda, contatar a pericia e ir preservar o local. E lá me vou desarvorado, ligo pra patroa e digo que já era o programa da noite. Chegando no local do acidente, parecia atração turística, metade dos automóveis da pequena cidadezinha, estavam na rodovia atravancando o transito, e muitos populares em volta dos corpos. A cena não era nada boa. Uma carreta Scania, carregada amontoou um belinazinha, que aparentemente tinha cortado a frente da carreta. A policia rodoviária já estava o local, com o motorista da carreta, que estava apavorado, mas lucido, e fez bafometro, sem que nada fosse constatado. No local os dois policiais rodoviários, fazendo o B.O., um policial militar e eu. E muitos curiosos em volta do belina, algum até mexendo nos restos do belina. E lá fui eu dando empurrão, e abrindo caminho. Tentando isolar o lugar. Que inferno! No barranco os dois corpos atirados para fora do belina. Um casal de idosos. Ela literalmente voou pela janela, e ele com metade do corpo para fora do carro, ambos com fraturas em todo corpo, não teve ossinho que não quebrou. Alguns populares cobriram os copos até a chegada da pericia, que demorou muito, chegando somente a meia noite. E quando a pericia chegou lá pela meia-noite, também não foi fácil, a caipirada, se metia no meio das medições, os carros não paravam de cruzar, um transtorno. Incrível esse prazer mórbido, que as pessoas tem de ver sangue, admirar a tragédia, ou até mesmo pegar uma caroninha na dor dos outros. E em volta uma nora chata, muito preocupada com os pertences dos mortos. Deus o livre se alguém pegasse as roupas, ou pertences que estavam nas malas antes dela. Mal a perícia saiu, e os familiares voaram para dentro do belinazinha revirando o porta-luvas, e consoles, em busca de algo que pudessem se apropriar. A nora deu jeito de pegar as alianças das vítimas, outro um saco de feijão, e outra sacola de supermercado, assim os corpos foram vilipendiados, antes de entrar no rabecão. Que tristeza mermão. Gente morta já não me choca mais, mas os vivos nunca param de me apavorar. Vida seca essa.

www.ideariopolicial.blogspot.com.br

FSantana
Enviado por FSantana em 12/01/2015
Reeditado em 12/01/2015
Código do texto: T5099193
Classificação de conteúdo: seguro