612-CASAMENTO DE TRAFICANTE-
— Vamos aproveitar a reunião dos bandidos e prendê-los todos de uma só vez, determinou o delegado aos seus comandados. — Assim poupamos trabalho e festejamos, com eles.
A Polícia Federal já tinha as provas para a prisão da quadrilha. Além disso, sabia que o chefe da quadrilha, Máquissuel Moreno estava com casamento marcado para o sábado daquela semana.
A festa tinha sido organizada com antecedência para trezentos convidados: churrasco, salgadinhos, caipirinha, cachaça e chope. E monumental bolo. O local: uma chácara no distante Belfort Roxo, que era pra não aparecer ninguém que não tivesse sido convidado.
Os noivos foram pontuais. Aliás, quando o ministro chegou, a noiva Norminha Bimboca já tinha tomado umas caipirinhas e o noivo entornara uns copinhos da branquinha e da amarelinha, enquanto esperavam.
Ele trajava um terno branco, com colete e paletó que mal abotoava na barriga. Ela estava também de branco, e de igual forma, o vestido apertava-se na barriga, indícios de... bem, deixa prá lá.
Caminharam sorridentes pela pequena distância entre a saída da casa e o local onde se postara o pastor. O caminho forrado de pétalas de flores brancas, um mimo.
A cerimônia foi simples, com um sermão apropriado à circunstância e sorrisos, muito sorrisos de Máquissuel, principalmente ele quando colocou a aliança no dedo da mão esquerda da noiva.
Foi quando irromperam os policiais.
— Estão todos presos! Parados! Não tentem fugir, estão cercados!
Susto geral. Mas ninguém se abalou nem tentou fugir. Viram que os policiais (mascarados e empunhando fuzis e metralhadoras) haviam se espalhados pelos quatro cantos da área onde a cerimônia estava sendo realizada.
Após as declarações formais gritadas pelo chefe dos policiais, veio a prisão dos suspeitos.
Os noivos foram os primeiros a serem conduzidos para as viaturas. Seguiram-se seis padrinhos e mais oito convidados, todos pertencentes à quadrilha de Máquissuel.
Os convidados que não foram presos, permaneceram no recinto e comemoram o casamento, sem a presença dos noivos, com o chope geladinho, os salgadinhos e o bolo, a fim de não perderem a boca-livre.
ANTONIO GOBBO
Belo Horizonte, 16 de junho de 2010-
Conto # 612 da SÉRIE MILISTÓRIAS
Reportagem do “Fantástico” de 13.06.10 – Fato de 10.6.10