Mistério na Rua da Escola. - CAP. 3º Uma ideia luminosa.

Éverton está doente. Amanheceu indisposto e Diana não sabe o que ele tem. Eu e Jairo estamos na casa dele a estudar as possibilidades. Jairo tem um laboratório digno de um cientista em casa. Está verificando como adiantar as pesquisas de teletransporte. Quer entender o princípio do transporte no tempo. Disse que o teletransporte por si só não geraria uma explosão e que ele tinha certeza que isto deve ser causado por um transporte no tempo.

Jairo só tem 14 anos mas tem um cérebro de alguém mais velho. As vezes me surpreende. Tenho quatorze também, mas ele é mais evoluído do que eu. É uma espécie de Gênio. Fico assustada com as coisas que ele é capaz de fazer. Mas por essa, realmente eu não esperava. O Maurão deu um trabalho em grupo e ele fez o trabalho com Elisa e eu com Diana. Sabia que eles estavam trabalhando em algo especial mas não sabia o que era. Depois da explosão da viatura, ele me contou mais detalhadamente. Partia do princípio da hipótese de Einstein e evoluía para outros pensadores. Até Da Vinci entrou na explicação dele. Não entendi muito bem, mas assenti para que ele não tentasse me explicar de novo. Acho que sairia fumacinha da minha orelha.

Deixei Jairo ocupado com a pesquisa e fui visitar o Éverton. Encontrei-o com a Diana. Tinha febre e dor de garganta. A mãe dele explicou que era sempre assim quando ele teimava em banhar-se na cachoeira no inverno. Os remédios o deixaram grogue e ele dormiu. Enquanto isso eu e Diana passamos a futucar as coisas dele pra passar o tempo e encontramos uma foto da turma com o Maurão. Nela a imagem do Maurão estava sumindo. Só tinha das pernas pra cima. A gente lembrou de um Filme em que a foto da família do rapaz transportado para o passado estava sumindo. Ficamos preocupadas e fomos procurar o Jairo.

O Jairo chegou a conclusão que o Maurão tinha encontrado no passado alguém da família dele e a história estava mudando de alguma maneira. Tínhamos que correr se não as consequências poderiam ser desastrosas. Fomos procurar a mãe do Maurão e perguntamos a ela se ela conheceu alguém no passado que lembrava o Maurão de hoje. Ela não se lembrava. O Pai dele também não conhecia mas lembrou que no passado nem queria se casar. Foi incentivado a casar pelo pai dele que queria que o filho mostrasse pra sociedade que era homem. Não percebi em que isso poderia mudar o futuro mas fomos contar ao Jairo, que havia ficado no laboratório.

O Jairo ficou alarmado. As coisas poderiam mudar radicalmente. O Maurão estava vivo e esta era a boa notícia. Ao contrário, a má notícia, era que ele estava mudando o presente. Tínhamos que intervir. Jairo não conseguiu concluir seus estudos sobre a máquina do tempo mas teve uma ideia de arrepiar. Chorei ante a possibilidade, mas ele disse que voltaria ao passado da mesma maneira que o Maurão foi para lá. Só ele poderia fazer isso pois saberia manusear a máquina do tempo se fosse necessário. Tentei de tudo pra convencê-lo. E se algo desse errado? Mas ele me convenceu dizendo que a foto era a prova de que o Maurão estava vivo. Não nos preocupássemos pois ele voltaria com Maurão e os dois policiais.

Na hipótese de algo dar errado, fomos primeiro até a casa do Maurão e investigamos as coisas dele. Lá encontramos anotações diversas e alguns frascos de um líquido. Jairo afirmou que era o próprio Maurão quem estava por trás de tudo. Mas, por que ele faria isto? Ninguém sabia.

Voltamos pra casa e nos preparamos para a “partida” do Jairo. Ía ser difícil ficar sem o meu anãozinho de Jardim. Sniff!!! Eu já estava com o coração doído.

Esperamos a noite chegar e fomos pra escola. Eram dez horas quando a turma terminou de chegar. Primeiro chegou o Éverton, que melhorou da dor de garganta, e a Diana. Depois foram as meninas da rua de cima, a Luísa e a Elisa. Depois os dois meninos, o Paulo e o Alex e por último eu e o Jairo. Ele veio com uma mochila com os papéis que encontrou na casa do Maurão e os frascos com líquido, bem embrulhados separadamente. Trouxe também algumas anotações de seu próprio laboratório. Um bom lanche para o caso de precisar, e vestia uma jaqueta bem potente pois soube que há muitos anos o clima aqui era muito frio, e além disso, estudos comprovam que a temperatura corporal costuma cair, nesses casos.

A viatura da polícia estava estacionada em frente ao DPM e os policiais eram em maior número. Tivemos uma ideia. Colocamos uma bomba “Tiro de canhão” dentro de uma lata de tinta e a colocamos bem do outro lado da rua a uns cinquenta metros de onde estava a polícia. Eles não viram a nossa movimentação por que estava muito escuro.

As 2 horas da manhã um dos meninos acendeu o pavio da bomba, tampou a lata, saiu correndo escondeu-se no mato.

A bomba explodiu e atraiu os policiais para lá. Enquanto isso o resto de nós empurrou a viatura para o local em que os outros haviam desaparecido e o Jairo entrou. Disse que daria tudo certo. Estava até empolgado com a possibilidade de viajar no tempo. Mandou que a gente se afastasse. Saímos de perto e fomos nos esconder. Se a polícia nos encontrasse seria o fim.

Eu chorava muito e as meninas me consolavam. Mas eu sabia que elas também estavam nervosas. Será que estávamos fazendo a coisa certa?

As duas e meia da madrugada, A explosão aconteceu, mas só que desta vez não sobrou nenhum vestígio da viatura e nem do Jairo. Não sabíamos se isto era bom ou ruim. Fiquei chorando baixinho e os outros a me consolar. A polícia chegou logo e corriam de um lado para o outro pra tentar entender o que havia acontecido com a viatura. Antes que amanhecesse saimos em direção ao centro da cidade, para de lá nos espalharmos para as casas de cada um. Èverton e Diana me levaram em casa. Eu estava inconsolável. Onde estaria meu anãozinho!?!? Queria o Jairo e não podia abraçá-lo e nem fazer carinho nele.

Se para nós as coisas estavam difíceis imaginem para o Jairo!! Ele acordou em um lugar estranho e havia um homem estranho na sua frente. Na hora da explosão, ficou surdo e desmaiou. Não se lembrava de nada a não ser isto. Foi muito rápido. Agora acordava sem suas roupas e num ambiente totalmente estranho. O que significava isto? Levantou-se sentou na cama. Estava com uma roupa de algodão bem simples. Era um tecido duro que não parecia nem de longe a viscose macia de sua época. No chão, ao lado da cama de estrado de bambú, estava uma sandália feita de tiras de couro e palha. A casa era feita de madeira bem ao estilo palafita. Telhado de palha e gretas por toda a parte.

Um cão ladrava lá fora. O Homem se aproximou e perguntou:

_ Você está bem?

_ Sim. Um pouco tonto. Onde estou?

_ Bem-vindo a Cachoeira do Inferno!

_Credo!! Que nome é esse?!?!

_ Não se preocupe. É apenas o nome do lugar. Por causa da cachoeira que fica aqui perto e é muito perigosa. Mas somos um povo pacífico e amistoso. Vai gostar de conviver conosco. Mesmo porque não terá outra opção.

_Como assim?

_Siga-me e o Deus do trovão lhe explicará tudo.

Jairo seguiu aquele homem moreno sem discutir. Será que ele nunca mais encontrará a Diva?

Continua...

Nilma Rosa Lima
Enviado por Nilma Rosa Lima em 15/10/2014
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