O mistério do Beija flor. 2° capítulo

Saí de casa logo depois, e peguei um táxi pra chegar depressa. Vi pela janela do carro uma menina correndo sozinha na praça. Ela corria alegre atrás de um beija flor. Ele parava e esperava por ela. Achei isso demais. Fiquei pensando se não era meu amigo, o beija flor do parque. Não conhecia a menina. Era moreninha e parecia ter uns doze anos de idade. Aqui todos amamos a natureza. Tem até uma estátua de dois beija-flores no meio da praça. O povo protege a natureza ao extremo. A lei municipal é muito rigorosa com quem se atreve a matar animais silvestres e por isso eles se reproduzem a vontade.

Cheguei ao clube por volta de 20 e trinta e encontrei logo alguns fãs. Vi um garoto perguntar ao outro por sua namorada. Os pais dela não permitiam o namoro porque ela é muito franzina e parece ter menos de quatorze anos. A maioria das meninas dessa idade já está namorando. Ela havia combinado com ele de ir ao baile e encontrá-lo por lá. Acho que os pais dela, não deixaram ela ir.

O baile foi muito animado. Não vi o tal garoto mais. Quando estava amanhecendo fui pra casa descansar um pouco pra trabalhar as oito da matina. Acordei com um barulho de vozes alteradas que falavam bem próximo da minha casa. Eram sete horas. Corri até a porta porque alguém estava chorando muito e sendo consolado. Quando abri a porta , vi muitos beija flores saindo da casa ao lado. Mas não estranhei pois esses bichos vivem entrando e saindo de todo lugar e ninguém estranha mais.

O choro era de uma mulher morena. Ela estava com os olhos inchados de tanto chorar. Pelo que entendi a filha dela tinha saído para ir ao baile e não havia chegado lá. O tal garoto do baile estava lá. Era a namorada dele. Sumiu no ar. Ninguém sabe, ninguém viu onde ela foi. Entrei na casa dela e encontrei um bilhete em cima da cama da menina. Peguei o bilhete que ela deixou e li.

"Querida mamãe,

Fui ser feliz com meus amigos. Não se preocupe comigo.

Beijos no seu coração.

Francine"

Em nada este bilhete era diferente dos outros. A letra de computador era a mesma. A assinatura, todos juravam ser de Francine, ou Fran, como era chamada. Continuei no escuro.

Eu não conhecia muito bem as meninas da cidade pois não queria compromisso com ninguém. Era romântico mas queria casar quando chegasse a hora. Era jovem demais ainda. Por isso não me envolvia. Conhecia mais os rapazes. Tentei me enturmar e ouvi a todos, para tentar encontrar uma pista.

A última vez que ela foi vista, foi a noitinha quando saiu pra se encontrar com as colegas em frente da sua casa. Quando as meninas chegaram, viram que ela já tinha ido e foram pro clube Jensen. Lá também não encontraram a colega. Todas pensaram que ela tinha ido com o namorado. Mas no clube descobriram que ele não sabia dela. O nome dele era Pedro, mas ele também estava desesperado, por isso estava fora de suspeita até que se provasse o contrário. Era um bom garoto e precisou até de socorro médico. Tinha quatorze anos e as melhores notas da classe.

Sinto-me culpado. Mais uma menina, na flor da idade some e eu nada de descobrir o paradeiro delas. Se eu fosse menina odiaria um tal de JH.

No dia seguinte ao desaparecimento de Francine a cidade amanheceu em polvorosa. Fizeram manifestações em frente a delegacia , chamaram o "Correio de Candance Citty",o "Correio de Notícias" da nossa cidade vizinha, e até alguns jornais da capital. Foi um fuzuê danado. Havia fotos das meninas desaparecidas, menos da última, porque a mãe dela não pode fazer parte das manifestações, porque estava hospitalizada com uma crise de hipertensão.

O delegado Gonçalves, quis me destituir do caso. Mas não tinha alguém melhor pra me substituir. Resolvi acrescentar mais um nome na lista das meninas e acrescentar alguns detalhes que havia esquecido. Ficou assim:

1) Aninha ( Baixinha e gordinha, morena clara, cabelos longos e lisos) primeira a desaparecer - parque Jensen

2) Berenice ( baixinha e magrinha, cabelos crespos, loirinha ) - 2ª a desaparecer – Parque Jensen

3) Celina Maria (Grande em estatura. Uma meninona, mulata , cabelo curto) 3ª a desaparecer – A saber

4) Dulce (Baixinha e magrinha, cabelos castanhos longos.) 4ª a desaparecer – Parque Jensen

5) Elisabete (Estatura média, loira, cabelos curtos e lisos) 5ª a desaparecer – Parque Jensen

6) Francine ( morena clara, magra e pequenina) 6ª a desaparecer – lugar a saber.

Quase todas sumiram e foram vistas a última vez no parque Jensen. Voltei ao Parque pra procurar pistas. Os beija flores ainda brincavam por lá. Tem muitos deles lá. Um veio me rodear e outros vieram pra cima dele em bando. Achei que iriam me atacar, mas atacaram o beija flor meu amigo. Nossa! Coitado! Ele voou bem rápido pra longe de mim. Credo que turma ciumenta!!!

Minha cabeça dava voltas. Eu estava correndo contra o tempo. Tinha medo de alguém estar matando essas meninas, mas nem ousava falar no assunto. Parecia que eu estava ficando louco. resolvi procurar um psiquiatra. Quando vim morar aqui, disseram-me que aqui tinha um psiquiatra muito bom . Quem sabe ele me receitaria um calmante. Pra eu tentar dormir. Mas onde ele atenderia?!? Não vira consultório psiquiátrico nenhum pela cidade.

continua...

Nilma Rosa Lima
Enviado por Nilma Rosa Lima em 12/09/2014
Reeditado em 18/12/2014
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