ESCLARECIMENTO XVI: MINHA PRIMEIRA VEZ

Tinha apenas dois anos de policia, investigador tipo “ARIETE”, entrava de cabeça em todos os casos. O salário era uma merda então puxava plantão todo final de semana, apesar de morar com meus pais, tinha a prestação do carro e a faculdade de Direito para pagar.

Direito...

Fiz a faculdade e como no inicio de toda empreitada, tudo era muito bonito, muitos sonhos que começaram a acabar em um dos plantões, de muitos outros plantões que te transformam de humano em sei lá o que...

Fomos acionados pela PM para um homicídio na periferia da capital. Na joaninha eu, um investigador mais graduado o Sr. Silveira, homem serio, austero, grandão, falava grosso, valente e tinha mais de cinco cicatrizes de tiro que mostrava com orgulho. Também foi o Delegado DR. Almeida, naquela época não precisava ser Bacharel para ser Delegado, fez carreira na Força Publica e foi nomeado pelo trabalho, bravura, honestidade e valentia.

Todos eles, homens da melhor qualidade.

Chegamos à cena do crime e deparamos com algo repudiado tanto pelos animais quanto pelos próprios bandidos. Uma senhora com mais de setenta anos, foi estuprada, torturada e morta, mas o que mais chamou a atenção foi que o filho da puta escreveu com a ponta da faca, no peito da vitima um coração com os dizeres “te vejo no céu. Tião”. Segundo o legista, isto foi feito com a vitima viva, isto deve doer muito.

Começamos a investigar pelo entorno, sem sucesso, era uma área erma, muito mato, o crime ocorreu no inicio da noite, sem testemunha. Sem os recursos tecnológicos atuais, só com muita sorte. Durante a semana refizemos seu itinerário, conversamos com parentes, também sem sucesso.

Menos de um mês, leio nos jornais que em uma cidade da grande capital, uma jovem de aproximadamente trinta anos foi estuprada e teve gravado no peito a mesma frase, porem não foi morta, mas como foi atacada por trás, não viu o bandido. Pedi autorização para o delegado e fui ver o inquérito da outra delegacia, não conseguiram nada. Entrevistei a vitima que apesar dos detalhes, não me deu nenhuma pista.

Nesta mesma semana, uma criança de três anos no interior, fui lá e novamente nada.

O cara era muito bom, não deixava pistas.

Estava ficando obcecado, não dormia, não comia, tinha me envolvido muito e isto para um policial é terrível.

Aqui na capital, tentou atacar outra jovem, o avo chegou na hora, ele a estava estuprando e gravando no peito da vitima. O avo pegou um rolo de macarrão e deu na cabeça do bandido, este mesmo tonto pela pancada, enfiou a faca no peito do velho, fugindo em seguida. A PM o localizou no mesmo Pronto Socorro em que a jovem e o avo estavam sendo atendidos, ela fez a identificação e o avo morreu no PS.

Após o atendimento medico, a PM o conduziu até ao DP, eu estava no plantão. O Delegado encaminhou o preso para o antigo DOPS como preso político, nos fomos levá-lo, mas ele nunca chegou.

Durante o trajeto, ele confirmou todos os crimes. A frieza dele me deixou ainda mais revoltado, contava com detalhes o ato sexual e a tortura, disse que quando a vitima morria no mesmo momento do gozo, ele gozava muito mais.

- Tião! Amanhã vou te matar, portanto passe a noite imaginando com vai ser.

- Duvido que consiga! Você ainda usa fraudas... Mas se conseguir, vai ver como é bom!

Guardamos o preso em uma delegacia que estava fechada e voltamos para o DP.

Ao final do plantão, pegamos o preso e o levamos para o interior, onde tinha um grande rio. Ainda na margem, já completamente nu, o delegado amarrou uma corda nos pés dele e mandou que entrasse na água ate aos, joelhos saquei meu treisoitão, entrei junto olhei bem em seus olhos, coloquei o cano no meio da testa e atirei. Ele tombou na hora, sai do rio tremendo muito, era minha primeira vez.

Esperamos um pouco, meia hora ou mais um pouco, para sair bastante sangue, enquanto isto colocamos varias pedras dentro da canoa. Puxamos o presunto para fora do rio, e o delegado passou a faca na barriga do mesmo, expondo as vísceras e as furando “para não dar ar e o mesmo boiar”. O colocamos dentro de um saco plástico. Embarcamos na canoa, um policial da cidade, o Dr. Almeida e o Tião no saco. No meio do rio, colocamos as pedras dentro do saco e o jogamos, afundou na hora, nunca boiou.

Na volta o delegado falou que o primeiro a gente nunca esquece, a gente se acostuma e que bandido bom é bandido morto.

Meu treisoitão esta guardado no cofre da fazenda, uso apenas para tiro ao alvo e para não me deixar esquecer...

Sempre rezei para não precisar matar novamente, mas as circunstâncias sempre aparecem e com o tempo você se acostuma.

Ate hoje sonho com seus olhos me encarando, suplicando por sua vida, nunca esqueci.

Cesão
Enviado por Cesão em 24/04/2014
Reeditado em 01/02/2015
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